quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Voo 3300 A QUEDA DO DORNIER DO 27 - 3459.




Carlos Juzarte Rôlo,
Capitão-de-Mar-e-Guerra.
Portalegre





Camaradas
Boa noite, esperando terem passado um Bom Natal e que advenha um óptimo 2015.
Encontrei no Vosso blog uma página referente ao DO que “alodou” na Guiné em 1973, com uma narrativa e algumas fotos do sr. Cor. Pessoa.
 Passados todos estes anos foi uma surpresa rever-me, de repente, naquele lodaçal, mais para o verde escuro, que para a côr que uma foto tão antiga nos transmite.
Por achar ser de possível interesse transcrevo algumas recordações desse dia e anexo umas fotos, agradecendo, que se tiverem mais algumas, me enviem cópias..

Recordo muito bem a operação e as razões da mesma.
Os Strella haviam começado a dar que falar,  que o diga o Cor. Pessoa, o primeiro piloto a ser atingido. Do vosso blog verifico a data, 25 de Março de 1973.
Quando a 17 de Novembro de 1973 o DO ficou sem motor, por avaria e, com bem diz o Cor. Pessoa “alodou”, entrou pelo Estado Maior do Comando da Defesa Marítima da Guiné (CDMG)o Sr. Ten. Cor. Lemos Ferreira, 2º Comandante da FAP na Guiné, para acertar detalhes referentes à recuperação do DO. A  FAP precisava de recuperar o avião para poder determinar, com precisão, a causa da avaria, para além de outras razões.
A unidade de Mergulhadores Sapadores que eu comandava e que faria parte da força de resgate do avião, tinha um historial de cooperação longo com a FAP, pelo que foi fácil acertar  com o Sr. Ten. Cor. Lemos Ferreira as melhores formas de remover o avião:

 - Trazer o DO até à grua da FAP, a embarcar numa LDG, lancha de desembarque grande, para o içar para o navio.
- Desmontar a asa e trazer o avião até aos navios, amarrá-lo e transportá-lo para Bissau.
Para nos apoiar tecnicamente embarcaria um Sargento Especialista da FAP, homem de grande qualidade, de quem infelizmente não retive o nome.
Saíram de Bissau uma LFG, lancha de fiscalização grande, e uma LDG,  que levava a bordo a grua da FAP.
Chegados ao local fomos confrontados com a impossibilidade de utilizar a grua. Optou-se, então, pelo desmontar da asa e trazer para junto da LFG, as duas partes do avião.
Logo que foi possível, condicionados pelo comprimento do dia e pelo ciclo das marés, iniciámos a aproximação ao avião em bote de borracha.  Quando a altura da água o impediu começámos um longo caminho pelo lodo, progredindo, quase a nado, naquela lama, levando connosco o Sargento Especialista da FAP, que nada preparado para este trabalho e nestas condições nem pestanejou,  e mais cabos, bidons, e uma pesadíssima  caixa de ferramentas da FAP até chegarmos ao DO.
Sete homens (seis mergulhadores e o homem da FAP) tinham em pouco tempo que desmontar a asa e trazer até ao navio a fuselagem e a asa.
A asa continha muito combustível e o primeiro passo foi começar a esvaziá-la, através dos pequenos drenos que para o efeito aquela aeronave tinha. Em simultâneo iniciou-se, cautelosamente, o desmonte da asa. O cheiro e a presença do combustível com o calor que o evaporava faziam daquela atmosfera algo de muito pouco simpático.
Conseguimos separar a asa amarrá-la a bidons, enfiar mais uns dentro do avião e pôr um ou dois na cauda.
Logo que a maré permitiu trouxemos a asa para o lado do navio e em seguida fomos buscar a fuselagem que atracámos no outro bordo. Depois foi só içá-las para fora de água e navegar.
Tudo isto foi feito no espaço de uma maré.
Cumprimentos

Carlos Juzarte Rôlo,

Voo de Ligação:

1 comentário:

  1. Meu Caro Rôlo.
    Antes de mais,quero apresentar a reciprocidade dos votos de BOAS FESTAS desejados.
    Depois,em nome de todo o "Comando" efectivo desta Base,dar-te as BOAS VINDAS a esta unidade onde vais ser aumentado ao efectivo da mesma.
    Quanto as fotos solicitadas,apenas possuímos em arquivo as publicadas agora e as que estão inseridas no Voo de Ligação referenciadas facultadas pelo nosso Companheiro Miguel Pessoa.
    Pois Companheiro,sempre que possas,é uma hora para nós "Araújos" receber os "Marujos.
    Forte abraço.
    Victor Barata

    ResponderEliminar