domingo, 29 de abril de 2012

Voo 2853 OS MEUS PRIMEIROS PASSOS NA BA12,BISSALANCA.




Victor Barata
Esp.Melec./Inst./Av.
Vouzela





Na realidade os primeiros dias na Base Aérea 12,em Bissalanca foram para mim de grande amargura.
Assim que aterramos e abriram a porta do avião, fui recebido com uma baforada de ar quente com um cheiro a terra á mistura que, diga-se em abono da verdade, não era desagradável, para quem ia na expectativa de ter o inimigo ali mesmo na placa. Digo isto pelo facto de antes de ir para lá, tinha ido para os Açores,BA 4,onde estive 18 dias e quando regressei ao continente para ser submetido aos habituais exames médicos, as pessoas que me encontravam ficavam felizes e exclamavam :
Ainda bem, já te temos outra vez! De imediato eu retorquia: É por pouco tempo, vou para a Guiné. É pá, para a Guiné…ainda se fosse para Angola ou Moçambique?!... Diziam, rematando de imediato: Todos os dias morre pessoal que se farta na Guiné.
Bom, chegado ao terminal sou imediatamente repescado pelo Prates, que já estava com 26 meses de comissão, perguntando quem vinha substituir? Sinceramente que não sei, respondi-lhe. Contou-me o que estava a passar e pediu-me para ir com ele ao Com.Esqª. dizendo que o vinha substituir a ele. Para mim era igual, estava a chegar, sabia que era a minha residência nos próximos dois anos (se tudo corre-se bem, como correu!). Antes de entrar no gabinete, o Prates repetiu-me o nome dele algumas vezes para que eu não me enganasse.
Tudo correu lindamente, o Cap.Ferreira disse-lhe que podia tratar do desquite e eu para me apresentar na ao meu chefe 1º Sargº Barros para set colocado na linha da frente dos Do-27 e T6G. Se por um lado não conhecia estas aeronaves, pior fiquei quando ele me designou o local de trabalho, LINHA DA FRENTE!
Ó Prates meteste-me num buracão, então vou para a linha da frente sem nunca ter trabalho num avião?! Nós eramos formados teoricamente, a pratica íamos adquiri-la na guerra.
Não tenhas problemas que eu ainda cá vou estar mais uns quinze dias e vou contigo quando saíres para missão. Assim foi, um excelente companheiro tal como eu fui para ele. Não fossemos nós ESPECIALISTAS.
Bom, vamos arranjar alojamento, enquanto não arranjei quarto tive que dormir na camarata onde era uma cama por cima e outra por baixo, isto onde residiam uns 50 ou mais companheiros.
Por todo o lado por onde passava, carregado com a mala, só ouvia PiU! PIU!. O Prates dizia-me para não ligar. a malta quando chegava  era alcunhada de PIRIQUITO.
Entrei na camarata fiquei pasmado a olhar para as camas, pareciam berços de criança isolados com rede mosquiteira. Meu Deus, onde eu estou! Era um barulho maluco com o PIU,PIU e mais PIU!!!
Lá arranjei uma cama e um armário. Toda a rapaziada me acolheu da melhor maneira.
A primeira noite foi terrível, sofri o meu primeiro ataque de…mosquitos! De manhã parecia que tinha bexigas!





Tive que ir comprar também um mosquiteiro e uma ventoinha ,pois para além dos insectos o calor não se aguentava.
Ao segundo dia, como ainda não linha lavadeira, fui-me por a lavar roupa. Como as experiência era muita, ao torcer umas calças dentro do lavatório, partiu! Agora sim. La tive um bom amigo, o Caldas, que era das Infra-estruturas, que desenfiou um novo no armazém e o veio montar como se fosse eu.
Estes foram os meus primeiros passos na Base Aérea nº 12 ,em Bissalanca
Um abraço.
Victor Barata

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