segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Voo 2738 OS MEUS TEMPOS DE ESPECIALISTA MMA,63/66.

João Coelho
Esp.MMA
Açores


Viva Comandante Vitor

Aqui estou a ver se é desta que atino com o envio de alguma prosa a
propósito dos meus tempos de especialista MMA - 1963/66.
Primeiro queria registar, embora com grande atraso, um texto, julgo que de Marques Ramos (desculpem se não estiver correcto..) que há uns meses reivindicou a sua antiguidade em relação aqui ao signatário.
Dou-lhe com todo o gosto essa honra: tomara eu estar na lista dos mais
novos.. Mas quero notar as capacidades investigativas dele, merecedoras de reconhecimento. E que entretanto, sempre me servirão de inspiração - os números de registo que ele descobriu - para um papelinho do  euromilhões..quem sabe?
Refiro também o texto de Fabrício Marcelino, relatando a sua viagem no DC-4, "Skymaster" - em 63 chamávamos-lhe o "se cai, mata-te" -  e, infelizmente, por esses anos caíram dois em S. Tomé, se bem me lembro.
Um deles trazia uma companhia de teatro de revista que tinha estado a actuar em Angola. Ficaram lá todos, que Deus os tenha. E algum tempo antes de vir para a Portela,não sei precisar em que ano, um DC-4 da Força Aérea brasileira espalhou-se na aterragem, trazia um data de urnas com cinzas de soldados brasileiros mortos na 2ªGuerra, cujos restos mortais tinham, até então, estado sepultados em Itália. Aliás, um especialista MMA - macacos me mordam se não era Barata também.. - foi condecorado pelo Brasil e não sei se por Portugal também, não estou seguro disso, por, estando de serviço na pista, ter consigo retirar do avião, apesar do incêndio entretanto deflagrado, uma quantidade das tais urnas. É capaz de haver por aqui quem se lembre deste episódio e, eventualmente, corrigir o que aqui digo.



Legenda: Um dos DC-4, "Skymaster"

Mas o DC-4, pelo menos enquanto estive no AB-1, na Portela, era muito dado às fugas d'óleo, por tal forma que, com céu limpo, quando íamos para a placa civil esperar por algum deles, via-se primeiro, ao longe,uma bola de fumo e só na aproximação se distinguia o avião.
Eram também muito ronceiros, de Lisboa para as Lajes, nos Açores,chegavam a fazer mais de 6 horas de voo - apanhavam ventos de proa, e iam andando, devagarinho e sempre.  Era um luxo apanhar um DC-6, belas poltronas, mais rápidos, menos barulhentos, tudo à pipi ( o DC-4 tinham aqueles "assentos" de tiras de lona, ficávamos de costas para a
fuselagem)
Julgo que a origem do problema estava no reaproveitamento que se fazia dos motores, ao contrário dos "camones" que, quando havia dificuldade de maior, tiravam velho e punham novo, coisas de gente rica, enquanto que nós tínhamos de aproveitar tudo até ao tutano..





Legenda: Um dos Super-Constellation  da TAP

Mas tínhamos concorrência da TAP que tinha, na altura, os Super-Constellation (ainda andei num deles) um dos modelos de avião mais elegantes que conheci - é uma opinião - mas muito virado para dar descanso a um dos 4 motores. Com frequência embandeirava um, e por via disso eram conhecidos pelos "trimotores" da nossa Companhia aviadora civil.
Hoje, faço stop. Um grande abraço para todos. Um grande ano de 2012,
mesmo com a "troika".

João Coelho

Voos de Ligação:


VB: Boa Noite João.
Antes de mais é um prazer muito grande para nós recebermos-te de novo nesta “Linha da Frente”, de facto a ausência foi longa e por isso sentida.
Em relação ao nosso Companheiro que “reivindicou” a “velhice” é o Costa Ramos e não Marques Ramos como por lapso enuncias.
Gostaríamos que nos digitalizasses as tuas fotos em falta, militar e actual, para que a comunidade ESPECIAL, e não só, te possa identificar.
Isto para além de ser regra da tertúlia.