domingo, 19 de fevereiro de 2012

Voo 2728 A MINHA VIAGEM ATRIBULADA PARA A GUINÉ.




Fabrício Marcelino
Esp.MMA
Leiria




No dia marcado para o embarque, saímos de madrugada em autocarro da B.A.5.com destino ao A.B.1,Portela.Chegámos, fomos fazer os despachos das malas e esperámos. A certa altura o nosso comandante de missão (então Cap. Pilav. Almeida Brito), comunicou-nos que por motivo de ...(apagou-se o motivo no meu disco rígido),já não embarcávamos nesse dia, mas sim no dia seguinte. Não me custa a acreditar que o motivo fosse por avaria, pois os Skymaster na altura voavam sem destino e avariavam muito.
 



Como o A.B.1 não tinha onde ficarmos, o Cap.Brito (Paz à sua Alma), disse-nos que estávamos dispensados e por nossa conta, até às 7h00 do dia seguinte, hora essa de apresentação.
Sei que alguns colegas como viviam próximo foram para casa, outros passearam durante o dia e, à noite, foram para o Bairro Alto, fazendo uma directa.
Eu, tinha um casal amigo da minha família, que morava junto a S. Bento. Acompanhado com outros 2 colegas fomos de Táxi até lá. Comunicado o motivo da visita, logo se prontificou para nos dar comer e dormida. Era o que queríamos!
Só que a casa era pequena e, as 2 filhas, das nossas idades, dormiam no sofá da sala. Portanto a alternativa era fazer uma cama corrida no chão que desse para os 5.Aceitámos,mas, pôs como condição, ser eu a dormir junto das filhas, o que aceitei de bom grado.
Comemos e, chegada a noite, lá fomos para os nossos aposentos. Como os Especialistas sempre foram pessoas bem formadas e respeitadoras, nada aconteceu de mal. Levantámo-nos cedo e a simpática senhora (Paz à sua Alma), fez questão de se levantar e nos dar o café. Novamente de Táxi chegámos ao A.B.1 e, lá descolámos nesse dia 1 de Novembro de 1962, por volta das 8h00.
Tínhamos cerca de 1 hora de voo, notámos o avião a dar uma volta de 180º, de seguida, reparámos que o motor nº4 tinha parado e as suas hélices colocadas em passo de bandeira. Entretanto, apareceu o nosso colega Silva, que era do meu curso e segundo mecânico de bordo, a informar o sucedido e que voltávamos de novo a Lisboa, porque além da avaria do motor o avião tinha ficado sem comunicações.
A certa altura o motor do mesmo lado ficou com uma grande fuga de óleo! Até certa altura a nossa apreensão era grande, porque só há uma vida, mas a partir do momento que nos apercebemos da fuga de óleo, a pulsação subiu bastante, pois era impossível voar com os 2 motores do mesmo lado parados. Foram-nos ministradas informações adicionais e mais precisas para o caso do avião cair. A nossa preocupação foi muito maior a partir do momento que deixámos de sobrevoar o mar.
Como informação adicional. Para os colegas mais novos, devo informar que para aterrar-mos só tínhamos a B.A.6 ou o (aeroporto) A.B.1.
Senão vejamos. A B.A.11 foi só inaugurada em 1964.O aeroporto de Faro só existe desde 1965!
Chegados a Lisboa, fizemos uma aterragem de emergência, onde tínhamos uma certa quantidade de ambulâncias e carros de bombeiros à nossa espera e que acompanharam o avião na pista até sairmos, com a nossa adrenalina a queimar.
Reparado o avião, descolámos de novo à tarde e após uma escala em Las Palmas,chegámos a Bissalanca às 3h00 da manhã, com um calor infernal.

Um abraço
Marcelino