terça-feira, 31 de agosto de 2010

Voo 1895 ENCONTRO DA TERTÚLIA "LINHA DA FRENTE".


Santos Oliveira
2ºSargº.Ranger
V.N.Gaia



Aos Nossos Comandantes, ilustre Tripulação e distintos Passageiros do


Voo 1894 - 1º Encontro da Tertúlia "LINHA DA FRENTE"


Quero reafirmar a minha solidariedade e presença espiritual (aos que a isso são sensíveis) neste Primeiro Encontro da "Linha da Frente".
A todos auguro as maiores venturas e reencontros solenes nas recordações (boas e menos boas) dos tempos que palmilhamos Terras escaldantes.

Um Grande abraço colectivo, do
Santos Oliveira


VB.Caríssimo Companheiro,é com uma certa magoa que não vamos poder desfrutar da tua companhia,mas certamente que não vais ficar ausente do nosso convívio.
Em meu nome pessoal,comando e de todo o efectivo desta Base,quero agradecer-te a sua significativa homenagem.

Voo 1894 1º Encontro da Tertúlia "LINHA DA FRENTE"


Companheiros:
Tal como o anunciado,vai realizar-se no próximo sábado,4 de Setembro o 1ºEncontro da nossa

Tertúlia,"LINHA DA FRENTE".

Continuamos a aguardar a inscrição daqueles que ainda o não fizeram,para assim podermos comungar de mais um dia de reencontros e recordações da nossa vida,especialmente da que vivemos na nossa FAP.

Hotel Rural Casa da Nora
Cortes - Leiria


Clique aqui para analisar tudo o que precisa para chegar ao destino.


Largo Poeta José Marques da Cruz, 8. Cortés. Leiría. Leiria. Portugal O Hotel Rural Casa da Nora está situado Em Cortes, no centro da, a Região de Leiria-Fátima e a poucos quilómetros de Leiría.

Voo 1893 NO SAL AS CABRAS TAMBÉM OS COMIAM!






Victor Sotero
Sargº.Mor EABT(Refº.)
Damaia



Meu Comandante:
Cá estou para mais uma "aterragem" ao mesmo tempo que saúdo o "Comando", a "Linha da Frente" e todos os "Zés" que por aqui nos visitam.

Alguns jornais que nos vinham do Continente, apesar do atraso com que chegavam ao A.B.3-Negage, eram em papel branco e muito mais fino.
O Clube de Especialistas, cuja gerência foi eleita democráticamente por todos os "ZÉS" e em quem acreditámos, não estava dando a melhor resposta aos que votaram nesta equipa.
Era estranho, mensalmente, não ser exposto no respectivo placard, o balancete referente ao movimento do mês anterior.
Porque era um habitual "turista" da senzala do Caia, reparei que algumas palhotas tinham artigos que eram não só vendidos na base, como tambem pertenciam ao Clube de Especialistas.
-Eu tinha que fazer "estragos" no nosso Clube.
Um dia, à hora do almoço, (armado em "macaco"), fui à biblioteca e meti a "geito" um Diário Popular em cima de uma mesa de leitura.
Terminada a segunda sessão de trabalho, como de costume, fui directamente para o Clube onde já se encontravam alguns "ZÉS" de volta das
famosas Nocais.
-Boas tardes.
-Barista, arranja-me uma sandes de fiambre se faz favor.
-Não há, nosso cabo.
-Então, faz-me uma bifana.
-Já não há.
-Pronto, faz-me um cachorro.
-Tambem não há.
-Pôrra!...Tens pão?
-Sim, tenho.
-Abre-me ao meio dois pães que eu já venho.
Fui à biblioteca, e trouxe comigo o Diário Popular que ao almoço tinha metido a "geito".
Em cada página do jornal escrevi: "Presunto", "Queijo da serra".
Dobrei as folhas e meti-as dentro dos pães, pedindo depois uma Nocal:
Enquanto os "ZÉS" se riam a bom rir, eu ia comendo o jornal com o pão, como se fossem sandes.

Claro que isto não ficou por aqui.

Momentos depois, um "ZÉ", elemento da gerência, tendo sabido o que se tinha passado, chamou-me ao gabinete.
Quis saber o que se tinha passado.
Fiz-lhe ver que o Clube estava a ser mal gerido e isto bastou para que ficasse mal disposto.
Juntamente com o Presidente, quiseram castigar-me com sete dias sem poder utilizar o nosso Clube.
Atiraram-se os "ZÉS" ao ar que estavam no Clube! Não podia ser! O Sotero castigado por comer umas sandes de um jornal?
No dia seguinte, a Secção de Pessoal da Unidade, já sabia do sucedido.
Não queriam acreditar que o Clube atravessava uma fase de má gerência!
A Gerência, chamada à responsabilidade, para alem de ter anulado o meu "castigo", foi "obrigada a fazer de imediato um balanço.
O lucro "apurado" era muito pouco ou quase irrisório!
Mas dava lucro!...
A gerência passou um mau bocado.

Meu Comandante:
Despeço-me com as minhas saudações Aeronáuticas não só do "Comando", como da "Linha da Frente" e de todos os "ZÉS" que nos rodeiam.

Até breve.

Sotero

domingo, 29 de agosto de 2010

Voo 1892 A PARTIDA E O REGRESSO (6) JOÃO HENRIQUES.





João Henrique

M.Rádio
Vancouver
Canadá



Bom dia amigo Barata:


Não há dia que não pense nos vossos convívios,
nas mesas muito bem compostas, nas esplanadas cobertas com as latadas, etc.Um dia espero estar presente num desses convívios.Quando fui nomeado para a Guine, estava em Tancos há pouco tempo e fui chamado com mais 4 camaradas a formaçã,.penso que o capitão se chamava Goulart.
Ele disse para dois dos outros; tu e tu vão para Angola,
apontou para os outros dois e disse; tu e tu para Moçambique, Fez um compasso de espera e eu perguntei:
E eu Sr. Capitão? Tu vais para a Guiné.
Os 4 ainda iam a Paço de Arcos por umas semanas e não sabiam quando embarcavam, a mim disse, tu vais depois de amanhã.Foi assim com toda esta rapidez.

Para cá,(regresso) eu já tinha o passaporte assinado para vir de férias numa quarta-feira, mas chegou o Boeing 707 da Fap (Sábado),que era só para os paras e eu acabei por vir.Era o Ramalho que estava a controlar as coisas e como havia peso a mais, alguns pára-quedistas tiveram que ficar com as bagagens senão vinham sem elas.
Eu tive que deixar a minha que veio na quarta-feira seguinte no DC-6.
Fui buscá-la ao Aeroporto e o que se passou foi o seguinte:Era hora de almoço e tive que esperar que as secções abrissem, entretanto estava a conversar com o polícia na porta de armas, estava também um electricista civil,que tinha sido da Fap. Falava-mos em guerra, em armas e o policia tirou a pistola Walter, tirou o carregador, depois de dizer-mos que mesmo sabendo que estava descarregadaNão se
devia apontar para ninguém, ele distraiu-se e apontou para o canto da parede e puxou o gatilho, saiu uma bala que passou a minha frente a raspar-me a caraPois eu estava sentado em cima de uma mesa ao lado do electricista, se deve calcular, ficamo pois 3 sem pinga de sangue, passado uns instantes e que comentamos.
As férias continuaram mas com 20 dias de cama com paludismo, perdi 7 kilos.
Não me esqueço de tantos ratos e sapos que saltavam a minha frente, quando corri pela pista desde o aeroporto ate a secção de rádio para ir
buscar as minhas coisas.
Era 15 de Agosto e estava uma grande trovoada,
a água era tanta que esses bichinhos tinham que sair dos buracos.Tive a ajuda de alguns colegas que foram buscar o meu cartão a porta de armas, outro foi chamar o nosso condutor para me levar,(O Mesquita),Emprestaram-me champô e sabonete para o banho porque com a ansiedade não encontrei a chave do armário , tiveram que rebenta-lo, só depois e que a encontreiNo bolso pequeno das calcas, tudo em cerca de 30 a 40 minutos.
Vou mandar uma foto com o Braz pois alguém me perguntou se eu o conhecia.

Um abraço a todos.

João Henriques.




Legenda- O Braz e o terceiro da esq. e a seguir de pe,e o Fresco

Foto.João Henriques(diretos reservados)



Legenda- Em pe ,eu e o Regateiro a entrada do Hangar com o Fiat atraz.
Foto:João Henriques(direitos reservados)


Legenda:Eu testando o radio no All-III.
Foto:João Henriques(direitos reservados)



Legenda:Passeando fora da base e ao fundo estao 3 colegas.
Foto:João Henriques(direitos reservados)


Legenda:Eu convivendo com as crianças nativas.
Foto:João Henriques(direitos reservados)



Legenda: Eu,na marginal em Bissau.
Foto:João Henriques(direitos reservados)



Voos de Ligação:

Voo 1822 A Partida e o Regresso(1) - Carlos Nóbrega
Voo 1834 A Partida e o Regresso(2) - Jorge Mariano
Voo 1838 A Partida e o Regresso(3)- Jorge Narciso
Voo 1841 A Partida e o Regresso(4) - Fabricio Marcelino
Voo 1842 A Partida e o Regresso (5) - Gil Moutinho

VB.Pois certamente que esse dia irá chegar rápidamente para poderes desfrutar a alegria de reviveres o passado junto de nós.Cá te esperamos.

sábado, 28 de agosto de 2010

Voo 1891 A GRANDE FOME.




Manuel Bastos
Fur.Mil.Op.Esp (DFA)

Coimbra






A Grande Fome




As folhas de oliveira têm um som único quando ardem. A água do escorrido a ferver na trempe sobre o fogo, também. E o vinho a sair do garrafão para o copo? Tudo tem um som único, essa é que é a verdade. Tudo tem um sabor único, um cheiro único. E cada momento que passa é único também. Mas quando estamos entretidos a viver a vida, não damos por isso; e ainda bem, porque não há nada nesta vida que supere vivê-la. Mas chega sempre uma noite de verão como esta em que a vida parece que parou porque toda a gente dorme. Será tarde? Ter-me-ei esquecido das horas enquanto recordava o almoço em casa do Zé e da São e estes pensamentos antigos me assaltaram?
Mas sem me ter esquecido das horas, sem esta solidão, sem este silêncio, como poderia ouvir de novo as folhas de oliveira a darem estalidos no fogo, o escorrido a borbulhar na panela, o garrafão a gargarejar vinho para o copo e os movimentos das pessoas à minha volta, únicos e irrepetíveis?
A hora da ceia.
As coisas apareciam sobre a mesa vindas não sei de onde. Chegava a hora de comer e as mãos habituadas a tarefas árduas e rudes ganhavam movimentos leves de dança.
Nunca ninguém pegou numa boroa de milho como a minha avó. Trazia-a para a mesa envolta num pano com uma mão por baixo e outra por cima. Pousava-a e abria o pano com a elegância e o cerimonial de quem manuseava os paramentos da eucaristia. "Nunca com o lar para cima, meu filho, nunca com o lar para cima, que é pecado."
A relação da minha avó com os alimentos era como o ritual da consagração, só encontrável entre as pessoas que produzem o que comem, e mais especialmente entre aquelas que alguma vez passaram fome. "Íamos inda de noite escurinha a Tamengos pra comprar uma mãoxita de farinha pra fazer pão e muitas das vezes vínhamos sem nada."
A comida não era um dado adquirido para quem atravessou a Grande Fome, como a minha avó chamava à Segunda Guerra Mundial.
"No tempo da Grande Fome, meu filho, uma ocasião cheguei a casa tão feliz com uma farinha tão fina e tão branca; mas já quando a tendia parecia que era obra do diabo, peganhenta que não saía dos dedos, e depois de cozidas as broas ficaram duras que nem adobes. Que maldade, meu filho, que maldade! Que alma danada é o home que vende gesso misturado na farinha a uma pobre mãe que quer matar a fome à filha doente…."
Pesa na minha memória, como se eu a tivesse testemunhado, esta imagem da minha avó metendo massa de boroa no forno e tirando adobes, como se Deus tivesse enlouquecido. E não enlouquece no coração dos homens? Quem combateu sabe que sim. Quem pegou numa arma, ainda que para cumprir um dever, sabe que escondido dentro de cada um de nós há um deus enlouquecido.
E a minha avó limpava os olhos com os polegares como nunca vi fazer a ninguém. Como se quisesse esmagar as lágrimas. "Que maldade, meu filho, que maldade!"
Era mais aceitável morrer envenenado com comida estragada do que deitá-la fora. A minha avó amava cada pedaço de pão já rijo, cada fruto meio podre. "Primeiro as maçãs tocadas meu filho", e eu cruelmente inocente: "Mas assim nunca comemos maçãs boas, vó!"
Um simples feijão-verde era o produto de muita dedicação, labor e contemplação, a boroa de milho não levedava sem uma oração adequada, e o meu avô aguardava pela chanfana como um pai aguarda pelo seu primeiro filho, fazendo círculos no pátio.
Experimentassem recusar um copo de vinho, que logo entenderiam isto. Quem recusa um copo de vinho não quer saber o trabalho que deu, e não há maior sacrilégio que recusar um copo de vinho a quem podou, empou, cavou, sulfatou, desramou, vindimou, pisou as uvas, e muitas vezes teve que lançar mão da água e do açúcar para operar o milagre da multiplicação quando a Natureza se mostra somítica. Recusar um copo de vinho ao lavrador, é como desfazer na obra de um artista, é como desfeitear um filho seu; faz-se um inimigo para a vida.
Às vezes de estômago vazio, vinham-nos as lágrimas aos olhos com a acidez, ou ficava-nos a língua perra como se tivéssemos ingerido um adstringente, mas ai de quem não tivesse um ar embevecido olhando a zurrapa a contraluz com um assentimento de aprovação. Quem mata o corpo a pouco e pouco para extrair da terra bruta o seu sustento e algum conforto e no-los oferece, não aceita menos que gratidão em troca.
Outras vezes pela noite dentro uma roda de amigos, celebrando a amizade num copo de vinho! E a minha avó de manhã: "De que tanto falam vocês?"
Que pena que te tenhas perdido, meu amigo, nos labirintos da vida que nos atraem e entontecem. Não sabes a falta que me faz erguer de novo o meu copo e proferir a maior das banalidades como se tivesse acabado de resolver todos os problemas da humanidade numa palavra. Foi o mais próximo que estive de ter um irmão. E vai mais um copo! Tu rias-te, e sem concordar, concordavas sempre; e eu não acreditando, acreditava sempre; sim, porque os homens precisam desta fraternidade. Os homens vivem em alcateia. Mais um copo, só mais um, e a noite lá fora não tardará sem nós.
Já quase não bebo, sabes? Só fora das refeições, quando encontro alguém que saiba o que é a amizade.
E quando ia lá fora urinar contra o muro do pátio? Não tardava nada, estávamos todos lá fora a urinar contra o muro. Quem nunca mijou contra um muro sem deixar morrer a conversa não sabe o que é amizade. E depois de arranjar espaço para mais, voltávamos para a adega. Só, só mais um, e a noite não amanhecerá sem nós. "De que tanto falam vocês?" lá perguntava a minha avó de manhã.
Ainda hoje não sei. Será que trazíamos em nós a memória genética da Grande Fome da última guerra? Será que antecipávamos um tempo futuro onde outra guerra nos haveria de roubar a própria juventude? De que falávamos nós pela noite dentro?
Ah, que interessa isso agora? Esse era o tempo de todas as certezas. Não fazíamos perguntas à vida; nós tínhamos as respostas.
Hoje O Zé e a São, da minha idade, lembram-se de mil histórias como esta. Mas cada história que recordamos é única para cada um de nós. Como aquele momento, hoje, ao almoço, era ele único e irrepetível também.
Enquanto traziam comida para a mesa era como se celebrassem todas as virtudes da Terra. Desde o início da Humanidade que o Homem celebra à mesa as virtudes da Terra, e é nesse acto colectivo que forja as cadeias da amizade.
E um imenso consolo feito de afecto e respeito tomou conta de mim e sobrepôs-se à gula. Não eram géneros colhidos nas prateleiras multicolores do hipermercado, como produtos de uma linha de produção, repetíveis e idênticos como clones, eram legumes nascidos lá mesmo, no quintal, onde outros aguardam a sua vez, sob o olhar paternal de quem lhes deu vida, era uma boroa oferecida pelas próprias mãos que a amassaram, como um acto íntimo de ternura. Era o vinho, que é sempre o orgulho da casa.
Perdeu-se isto. Só quem nunca teve isto dia após dia, dia após dia, não sente que se perdeu para sempre; ou que está mesmo, mesmo, prestes a perder-se.
E eu a pensar outra vez na minha avó a trazer a boroa como se fosse um tesouro, e a colocá-la na mesa como se fosse a taça da eucaristia.
Pela festa da Nossa Senhora do Ó, quando o leitão assado pontificava a abastança do almoço melhorado, e os olhos de todos se enchiam de uma grande alegria; no olhar da minha avó, havia ainda uma sombra de mágoa, e baixava envergonhado por destoar dos olhares de festa em redor. "Que é isso vó?"
"Que Deus me perdoe, meu filho, que nunca como uma migalha de pão que não me lembre da Grande Fome." E esmagava as lágrimas com os polegares.

Procedência do Voo: Cacimbo - Manuel Bastos

VB: Já faz algum tempo que o Manel não aterra nesta base.Hoje mesmo localizamos o seu "avião" e desviamo-lo para a nossa base.
A nossa capacidade de avaliação à tua escrita é tão fraca que só nos permite dizer, com muita fragilidade,que és um GRANDE MESTRE!

Voo 1890 A MINHA GRATIDÃO AO CASCAIS.





Victor Sotero
Sargº.Mor(Refº)
Damaia




Ao "Comando", à "Linha da Frente" e a todos os "Zés" que nos visitam, as minhas saudações.

De vez em quando, dou comigo a ler páginas do meu "imaginário" livro de recordações, apetecendo-me após, passar para o papel o que são as saudades.
Não estivesse a Unidade "fechada" à navegação por causa do mau tempo que se fez sentir e eu fazia já a minha aterragem.
Mas não, devido aos "estratos" muito baixos, cá de cima, nem uma luz dos candeeiros a petróleo se consegue ver ao longo da pista.Vou fazer a minha aterragem amanhã, logo de manhã.
A Natureza tem destas coisas. Ontem não se via nada. Hoje, o Céu está completamente descoberto, limpinho.
Já pedi autorização à Torre e por isso, vou tentar uma aterragem o mais perfeita que puder pois comigo, trago também o "meu" mecânico de voo. Um dos melhores mecânicos que conheço e que a Força Aérea também mereceu.
Meu "Comandante" dá licença que apresente este mecânico que hoje tive o privilégio de voar com ele?
Um grande "Zé" Especial de M.M.A..
Armando de Sousa CASCAIS nasceu em Setúbal e iniciou na Força Aérea a sua formação militar em 1962.Será, digo eu, conhecido por alguns elementos da nossa "Linha da Frente" ou até mesmo por quem nos visita na Base.
Faz muitos anos que o conheci pois sendo de uma Especialidade diferente da minha, foi do meu curso de Sargentos na Ota, iniciado em Maio de 1970.
A falta de um monitor numa das disciplinas (creio que de motores), fez com que terminasse uns dias depois de mim, o respectivo curso, fazendo com que eu tenha uma data de antiguidade diferente, sendo mais velho na promoção. (eu sou de 1966 e por isso, nunca concordei e acho que foi uma injustiça)
O Cascais foi sempre e em Moçambique, o mecânico de voo dos Dacotas.
Na ilha Açoreana da Terceira, onde vive, foi na Base Aérea nº 4, mecânico de voo dos Aviocares.
Em 1992, com os incentivos então criados com a chamada Lei dos Coronéis, como Sargento Ajudante, disse Adeus à Força Aérea, mas nem por isso deixou de frequentar habitualmente o Clube de Sargentos.
Se antes o Cascais era um dos melhores pescadores da ilha com o pouco tempo disponível, agora tinha o tempo todo.
Comprou um barco melhor do que o anterior, o "ADEUS" e claro, sempre que o tempo o permitia, lá ia ele mar dentro com o Brasil.
Os fins de semana, eram normalmente destinados à pesca com os amigos, e ainda hoje é assim.
Eu fazia parte dos amigos que o rodeavam.
Quando convidado, lá ia eu também mar dentro.
O Cascais sabia e conhecia, como conhece, os pesqueiros com as respectivas espécies de peixe.
Se eu queria gorazes, lá íamos para o pesqueiro.Virava-se para a ilha procurando os "pontos" de marcação.
O cimo da torre da igreja na cidade da Praia alinhada com o farol e o telhado da casa no alto da serra, era o pesqueiro.
Para variar a espécie a pescar, lá íamos para outro pesqueiro e novamente outras marcações visuais.
-Éra preciso estar de olho bem aberto para os outros pescadores não conhecerem os pesqueiros.
Se algum barco se aproximava demais, lá íamos para outro sitio.
Pescava-se a uma profundidade de sessenta a setenta metros de profundidade e por vezes, muito mais.
Um dia, quando recuperava o meu aparelho de 5 anzóis, a meia água, senti um enorme puxão na linha.Com a sua voz calma, o Cascais disse-me: -Homem, isso é um peixe-espada!
Na verdade, juntamente com quatro gorazes, vinha também um grande peixe-espada.
Retirado o peixe dos anzóis, o espada ficou muito quieto no fundo do barco.
Continuando a pescaria, passado pouco tempo, reparo que o espada se encontrava inquieto e levanto-me para lhe dar uma "mocada" na cabeça. Não tive tempo.
Ergueu-se na vertical e apenas com o rabo junto ao chão do barco, atirou-se borda fora.
-Era um grande peixe-espada e eu nunca acreditei que se fosse embora apesar do Cascais com a sua sabedoria me ter dito para lhe dar uma "cacetada" na cabeça.

E os golfinhos? Que espectáculo!
Porque as águas Açoreanas são temperadas, os golfinhos abundam muito em redor das ilhas.
Uma vez, quando nos dirigia-mos para o mar, já fora da baía da cidade, e com um mar mais parecendo um lençol, (mar chão), do nosso lado direito, começamos a ver muita agitação na superfície da água.
Éra um enorme cardume de golfinhos que se aproximava e rapidamente, uns por baixo, outros por cima do barco, outros ainda quase espreitando para dentro da embarcação, pareciam querer saudar-nos.
Eu, sempre à espera que algum caísse dentro do barco, mas não, sabiam muito bem o que faziam.
Que espectáculo!...Brincavam connosco!

Eu devo muito ao Cascais.

Um dia, não havendo pescadores no mar porque o tempo estava mau, sabendo que eu vinha passar uns dias ao Continente,
o Cascais conseguiu arranjar cinco belos pargos na lota, concerteza junto de amigos.
Nunca me aceitou qualquer dinheiro apesar de eu querer verdadeiramente pagar.
Um grande amigo este "ZÉ ESPECIAL" que por aqueles mares lá se vai entretendo.
Deste lado do Atlântico, eu não o esqueço bem assim como a sua família.
Meu Comandante:Despeço-me do "Comando", da "Linha da Frente" e de todos os "Zés" com um até breve.

Sotero


Legenda: A foto mostra uma pescaria de chernes, peixe muito valioso. Quase que de certeza, estes foram parar a Espanha ou até mesmo à América.
Foto:Victor Sotero(direitos reservados)

VB: Ó Sotero,lembras-te quando nós dizia-mos: "Eu sou Araújo e não Marujo!" Pois o Zé Cascais tinha as duas especialidades. Quanto é bom recordarmos os nossos companheiros e os momentos alegres e divertidos com que com eles compartilhamos a nossa vida. Tu vais um pouco mais longo para reconheceres a tua gratidão para com este nosso Zé Cascais. É por estas e outras que somos ESPECIAIS.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Voo 1889 AS NOSSAS RELÍQUIAS (III)



A PRIMEIRA AERONAVE DA AVIÃO MILITAR PORTUGUESA

DEPERDUSSIN B



Deperdussin Tipo B,


fabricado pela companhia francesa SPAD, o primeiro avião militar português, colocado na Escola da Aeronáutica Militar, Vila Nova da Rainha em 1916. Com uma envergadura de 8,53m, comprimento total 7,30m, altura total 2,65m, hélice normal com 2,4m diâmetro, era equipado com um motor Gnome de 7 cilindros e 50 CV e tinha uma velocidade máxima de 170 km/h.
(Crédito Revista ACP)


O Deperdussin tipo B oferecido ao Governo Português pelo Albino da Costa, Coronel do Exército Brasileiro, através do Século, fotografado em Junho de 1913, quando concorreu ao Concurso Internacional de Lisboa, tripulado pelo piloto francês Alexandre Sallés (na foto). (Crédito: Ilustração Portuguesa)



Após ter realizado o primeiro voo oficial na E.A.M. em 17 de Julho de 1916, tripulado por Santos Leite, o Deperdussin foi utilizado como avião «rolador» (ou «pinguim») para treino no solo, com os extremos das asas cortados.
(Crédito:E.M.F.A.)



O mesmo avião com as asas desmontadas, na Companhia de Aerosteiros, onde ficaria dado à carga em 16 de Novembro de 1913, antes de transitar para a Escola de Aeronautica Militar de Vila Nova da Rainha, 3 anos depois.
(Crédito: Cor. Pinheiro Correia)



Detalhe do Deperdussin tipo B. Ver história do Deperdussin nos seus vários modelos.






Algumas fotos de aviões Deperdussin.
(Crédito: Hargrave-The Pioneers)



Cópia de um Deperdussin efectuada na Florida por
Cole e Rita em 1974.



Algumas fotos de um monoplano Deperdussin reconstruído, da
Shuttleworth Collection.

Procedência do Voo: ex-OGMA - José Santos

Voos de Ligação:
Voo 1806 - As nossas relíquias (I)
Voo 1816 -
As nossas relíquias(II) - António Six

Voo 1888 FESTIVAL AÉREO EM VISEU.




AEROCLUBE DE VISEU

DIA 29 DE AGOSTO

Está aí á porta mais um Festival Aéreo no Aerodromo Gonçalves Lobato, em Viseu, organizado pelo Aeroclube de Viseu. Dia 29 de Agosto (Domingo), contamos com a presença de todos os amantes da aviação ou simplesmente quem tem curiosidade de ver máquinas voadoras. Como é habitual teremos uma tarde cheia de acrobacias, paraquedismo, paramototres, aeromodelismo e baptismos de voo.

Contamos com a sua presença

Saudações Aeronáuticas

Aeroclube de Viseu

Voo 1887 "A OUTRA CARA DA GUERRA" (II)

Companheiros,


Na sequência de alguns "voos"transportando vídeos de imagens captadas durante o período da guerra colonial na ex-província da Guiné, embora tenhamos sido intervenientes nesse teatro operacional, nunca chegaram ao nosso visionamento.
Desde logo que foi nosso objectivo colocá-los neste nosso espaço, mas a nossa ignorância na aérea da informática ainda é muito grande não nos permitindo fazê-lo.
Assim tivemos que pôr em prática uma das grandes qualidades que caracteriza esta grande família FAP, ou seja a colaboração quando dela necessitamos.
Mais uma vez o Carlos Jeremias respondeu à "chamada"! Utilizando os seus elevados conhecimentos nesta aérea, de imediato nos remeteu os vídeos prontinhos para serem publicados neste nosso espaço, de maneira a que todos nós possamos ver aquilo que nos esconderam estes anos todos.
Alguns de nós, ainda nos vamos rever nestes episódios, quadros de guerra verdadeiramente impressionantes ,que alguns de nós tão bem nos recordamos, era o nosso dia/dia, mas hoje ninguém se lembra de nós!







Voos de Ligação:
Voo 1838 A outra cara da guerra.(I)

Proveniência do Voo: INA.FR