sexta-feira, 28 de maio de 2010

VOO 1739 HISTÓRIAS DA BASE AÉREA Nº12





José Osório

Esp.Mec.Rádio
Suécia



Caro Comandante,
Vários amigos vão-me fazendo chegar as mãos, algumas historias interessantes que gostava de publicar no nosso Blog.
Esta especificamente chegou-me das mãos do Comandante Egídio Lopes.

Legenda: Fiat G-91 estacionado na Linha da Frente da BA 12.
Foto:Arnaldo Sousa(direitos reservados)

Para a Guiné, montar a esquadra dos G-91 – Tigres (que em Moçambique chamaram depois Jaguares, nome que ainda se mantém), fui eu, acompanhado pelo Ary, Manuel Luís António e o então 1º Sar. Piloto Cardoso. Um grupo de alto gabarito, sempre pronto e operacional para o que desse e viesse. O T/Cor. Hugo Damásio e eu viajámos no mesmo DC-6 para a Guiné. O velho “leão” (H. Damásio) foi comandar o Grupo Operacional, mas fazia também parte da Esquadra dos Tigres. Meses depois foram chegando outros pilotos, entre os quais o Maj Pil. Av. Moreira, que ficou a comandar a esquadra, depois de estar tudo montado e operacional. Como pormenor: quando fui nomeado para a Guiné, fiz uma reunião com os sargentos mais antigos da Manutenção da B.A.5, tendo encarregado o 1º Sargento Marques de arranjar uma lista de mecânicos, das diversas especialidades para a esquadra da Guiné. No dia seguinte veio ter comigo e informou-me que eram todos voluntários. Foi uma negociação aturada para fazer a selecção sem ferir susceptibilidades, mas que o 1º Sarg. Marques e e 2º Sarg Resende, este com a especialidade de motores a jacto, conseguiram levar a bom termo. O Resende foi muito mal tratado pela FAP porque não quiseram considerar doença em serviço uma enfermidade que foi adquirindo nos testes (violentos para o físico e para a saúde) dos muitos motores a jacto que testou ao longo dos anos. Os poucos pilotos que havia para voar todas as aeronaves na Guiné, fazia com que muitos voassem 2 tipos de avião. Voava normalmente o Fiat e Dornier-27. Num curto período de tempo houve uma falta de pilotos de T-6, avião que nunca tinha voado. Pedi ao Ten. Mil. Marinho para me dar umas horas de instrução de voo neste avião, depois de ter estudado a TO. Ao fim de 3 voos disse-me que já poderia voar sozinho!! E lá fui eu, com algum receio, fazer uma voltas de pista. Não me sentia muito seguro. Mas no dia seguinte era necessário fazer um ATIP com o T-6. Pedi instruções ao Marinho e ousei arriscar. Quando ia a caminho do avião, o Resende viu-me e perguntou-me se me podia acompanhar. Nem pense! Morrer por morrer que morra só um porque não tenho experiência neste avião. E muito menos a fazer bombardeamento. Então morremos os dois, respondeu-me ele e lá foi buscar um paraquedas para ir comigo. Correu tudo bem, mas senti-me muito desconfortável e com alguma insegurança à mistura.
Insensatez, exagero? Talvez, mas era assim!
Um ABrutus.






Na fotografia que junto (enviada pelo António Six) segundo a informação que tenho (pilotos de F86 – G91 ) são: Egídio Lopes (Brutus) em pé, Vasconcelos e Sá lado esquerdo em baixo e ao lado direito e o Ary. [Image] O Ary Meca Murraças era furriel miliciano que fez o curso de F-86 com o Egidio Lopes em Monte Real. Na altura havia ainda milicianos na caça. Nesse curso era o Egídio (do quadro), o Manuel Luís António, alferes miliciano, e o Ary e Cavaleiro, furriéis milicianos.
Bons aviadores e óptimos colegas.
Abraço / José Osório







VB: Bom-Dia Osório.
Pois como sabes,é sempre um grande orgulho para nós receber nesta base todos os aviadores que a ela pertencem ou queiram pertencer.
Agradecer-te,embora seja uma "obrigação" de cada um de nós,conduzires o nosso companheiro Com.Egídio Lopes até esta base,onde está a ser recebido nas condições a que sempre habituamos os nossos pil's,e por último dizer-lhe que foi largado,o que equivale a dizer,como ele melhor que ninguém sabe,vai passar a voar sozinho.
Queremos desde já convidá-lo a integrar a nossa Tertúlia "LINHA DA FRENTE",que como deve calcular tem as suas regras.
Terá que nos enviar um duas fotos,uma militar e outra actual,contactos postal, telf e e-mail,o seu curriculum militar e contar-nos as suas preciosas histórias(como esta com que se apresenta nesta base) vividas na nossa FAP. Como não existem patentes militares nem extractos sociais,mas sim respeito mutuo como fomos habituados no seio desta família,o nosso trato é por tu.