sábado, 28 de fevereiro de 2009

814 REVOLTAM-SE-ME AS ENTRANHAS!



Nuno Almeida "Poeta"
Esp.MMA (Canibais) DFA Guiné
Lisboa


Amigo Barata, um grande abraço!
Perdoa a minha ausência participativa neste nosso cantinho, mas sou de poucas escritas.
A razão que me fez escrever agora foi a notícia(*) que acabei de ler sobre o nosso camarada paraquedista António Garcia.
Chocou-me o que li e revoltaram-se-me as entranhas pelo modo como este nosso camarada está a ser tratado.
É inadmissível que, passados mais de 30 anos do fim da Guerra Colonial, o estado Português (des) trate homens que deram a sua juventude em prol da Pátria.
Pergunto se este nosso camarada não deve ser considerado Deficiente das Forças armadas?
Não teve o acidente em serviço militar?
Porque não actua a Associação dos Deficientes das Forças Armadas?
Não foi para defender e resolver estes casos que ela foi criada?
O que fez o, na altura, Comandante da Base Aérea de S. Jacinto, aquando do acidente?Acompanhou o caso do António Garcia e elaborou o auto de acidente em serviço?
São interrogações que aqui deixo...e aproveito para, neste embalo de tocar as teclas, fazer a homenagem que já há muito deveria ter feito e dizer que quando fui ferido na Guiné,(**) a perspectiva do médico que me ia operar era a de me amputar a perna, que não se concretizou porque ao ser questionado do porquê dessa decisão, disse que não tinha tempo (tal era a quantidade de feridos que constantemente chegavam ao HMB) e também não tinha sangue para a tentativa de salvar a perna.
Foi-lhe dito que arranjasse tempo que o sangue apareceria.E assim foi. Não fui amputado porque uma onda enorme de solidariedade fez com que o sangue até sobrasse.
Hoje tenho a minha perna graças a muitos camaradas que tenho o privilégio de reencontrar nos nossos almoços de confraternização, mas especialmente ao grande Comandante GUALDINO MOURA PINTO que não abandonou um seu homem que tinha servido sob as suas ordens.
Que Deus o tenha num lugar a seu lado.
Que pena não ser ele o Comandante da Base Aérea de S. Jacinto em 2002!!!
-- Nuno «;o)



(*) Mens. 813 de 27.2.2009 Nem só os veteranos...reparem nesta pouca vergonha.
(**) Mens. que iniciou este Blog em 3.6.07 em que eu VB escrevi assim:

"Boa Tarde Camaradas!
Ao inaugurar o nosso Blogue (especialistasdaba12.blogspot.com) achei por bem fazê-lo com uma simples mas significativa palavra de homenagem ao nosso ilustre camarada ,"O POETA"NUNO JOSÉ ANDRADE ALMEIDA que no dia 25 de Novembro de 1972 ao proceder a uma evacuação à zona ,(plena área de combate)foi atingido ficando,sem qualquer tipo de armamento,a lutar contra a morte,mas consegui,com muita luta, contra muita gente,sofrimento e desprezado por muitos ,VENCEU!
Bom camarada,sempre bem disposto,dotado de uma grande veia poética(O Poeta),amigo do seu inimigo,um excelente profissional de Material Aéreo na linha da frente dos Alloutte III!
Tem uma filha que nasceu no dia 27.10.1972,marca férias para o dia 26/27 de Novembro deste mesmo ano para a vir conhecer.
Como medida de precaução,no dia 25.11, não sai da Base para uma operação em que participam diversos helicópteros e ficando no de alerta,supostamente o menos utilizado num domingo(se a memória não me atraiçoa).
Alerta ao Heli! Dizem das operações.
Levanta o Heli com o Piloto e o Poeta para fazerem uma evacuação á Zona de dois soldados do Exército que tinham sido feridos.Indicado o local atravez do oleado estendido no chão,baixa a aeronave até aterragem.
Ao sair com a maca na mão,o Poeta dá de caras com o IN que faz fogo atingindo-o com uma bala, arrancando-lhe 14 cm da artéria fémural,ficando inanimado a esvaiar-se em sangue!
Seguiu-se a luta contra "ELA",cinco operações em vinte e cinco dias,vinte e cinco litros de sangue,trinta e nove cápsulas e nove injecções por dia,apanhou uma hepatite tóxica!
O médico do Hospital de Bissau, pede autorização ao nosso Comandante para lhe amputar a perna e este pergunta-lhe porquê?
Respondeu-lhe que não tinha sangue nem tempo para lhe salvar a perna!
Então esse GRANDE COMANDANTE,que infelizmente já não pertence aos vivos e que dava pelo nome de GUALDINO MOURA PINTO,respondeu-lhe que arranjava o sangue e o tempo teria ele que o arranjar.
É evacuado no dia 25.1.73 na TAP,já não havia tempo para esperar pelo da FAP,acompanhado de um médico e enfermeiro com soro e sangue,deixa ficar para trás 35 Kg de peso,não comia nada!
Não consigo descrever mais...um dia em que o meu sentimentalismo me deixe prometo contar esta grande vitória do NOSSO POETA!
É um HOMEM,saudável,feliz e que trata a saúde por TÚ!
Que Deus te retribua em vida e tempo que tiveste de sofrimento.
Victor Barata"


VB: Olá Nuno.
Tu és um dos tens conhecimento de causa para falares deste caso,infelizmente também já passas-te situações similares.
É verdade.foi o nosso GRANDE COMANDANTE Cor.Pilav.Moura Pinto,à data do teu acidente,responsável máximo pela Zona Aérea de Cabo Verde e Guiné,quem disse ao médico
"...arranje o tempo que o sangue aparece!"

Este homem,ao contrario de outros,nunca duvidou do nosso trabalho.
Estou de acordo contigo quando fales dos organismos oficiais que se deveriam dedicar a este caso,será que já o fizeram?

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

813 NÃO SÓ OS VETERANOS...REPAREM NESTA VERGONHA.


Rui Elvas
1ºCbº PA
Lisboa

Victor,
Esta mensagem está colocada no Forum dos Paraquedistas onde sou moderador e agradeço que divulgues para se ver a vergonha destes governantes.
Foi colocada pelo Camarada MOR/PQ Gonçalves:




As altas esferas tenham farda ou não, nesta república das bananas, são uma vergonha...
Volto a publicar aqui esta fotografia que tirei na CERCIGUI, em Guimarães, porque escrevi uma crónica no jornal Público sobre o António Garcia (é o que está sentado na imagem, de óculos e casaco azul escuro).
Deixo-a aqui também porque não podemos ficar indiferentes às injustiças, às faltas de apoio e às falhas graves de comunicação. É uma triste história por um lado mas, por outro, é uma história de grande dignidade e preserverança do António, da sua família, amigos e formadores.
António Garcia, 33 anos, 2º Sargento Paraquedista com uma folha de serviço irrepreensível e missões cumpridas na Bósnia e em Timor de onde voltou com louvores, regressou à base de S.Jacinto, em Aveiro, onde prosseguiu a sua carreira até à data de 26 de Novembro de 2002, dia em que se sentiu mal logo pela manhã. Como estava de serviço permaneceu firme no seu posto até ao hastear da bandeira e só depois pegou na bicicleta para se ir queixar ao oficial de dia de tremuras numa perna e visão desfocada. Nem os tremores nem o olhar turvo o impediram de cumprir as suas obrigações matinais mas uma vez chegado ao gabinete do oficial de dia era mais que evidente que já estava em grande sofrimento. Sem hesitações o superior mandou chamar uma ambulância e António Garcia foi internado com um diagnóstico de aneurisma e um prognóstico reservado.
Durante o mês de Novembro e Dezembro a situação clínica de António era de tal maneira grave e delicada que os médicos hesitaram na decisão de o operar. Sabiam que António corria perigo de vida e tudo indicava que podia não sobreviver à intervenção cirúrgica. Depois desta longa ponderação, António foi operado no dia 8 de Janeiro de 2003 no hospital de Sto António, no Porto, onde permaneceu em coma durante algumas semanas.

Cinco dias antes de ser operado o pai de António morreu e a mãe ficou viúva com dois filhos, um deles entre a vida e a morte. Abreviando a história, António sobreviveu à operação e regressou à vida com sequelas físicas muito graves e uma incapacidade na ordem dos 93%. Intelectualmente não foi afectado e continua a ter o mesmo espírito brilhante e a mesma memória prodigiosa que sempre teve mas fisicamente está muito limitado.

Desloca-se em cadeira de rodas, precisa de adaptações permanentes para viver uma vida razoavelmente integrada e tem graves dificuldades na expressão verbal. Embora fale mais devagar, percebe-se tudo o que diz mas é muito evidente a limitação na comunicação.

Conheci o António Garcia no fim-de-semana passado em Guimarães, numa visita à CERCIGUI, no centro de reabilitação e formação profissional onde ele e muitos outros frequentam cursos que lhes permitem tentar uma integração no futuro próximo.

O António chama a atenção pelo espírito vivo, pela inteligência dos seus comentários, pela alegria do sorriso mas, também, pela imensa tristeza no olhar que contrasta com a atitude aparentemente positiva e descontraída. Os olhos do António gritam no silêncio e não percebi logo porquê. Sentei-me ao seu lado para conversarmos e ele contou-me a história que agora conto e que infelizmente tem contornos muito feios que envergonham fatalmente todos os responsáveis militares e civis que até hoje se recusaram a prestar qualquer apoio ou a dar qualquer informação ao António.

Por incrível que pareça, nestes 6 anos que se seguiram ao episódio do aneurisma que, sublinho e insisto, aconteceu quando António estava de serviço no seu posto, na Base Militar de São Jacinto, em Aveiro, ninguém deu um passo para saber o que era preciso fazer e, muito menos, para dizer como o António Garcia e a sua família poderiam ser ajudados, apoiados ou encaminhados. Pior, nem as cartas escritas ao Chefe do Estado Maior do Exército, nem os pedidos de informação feitos à própria hierarquia da Base de S.Jacinto, nem a exposição dirigida ao Ministro da Defesa nem a carta escrita ao presidente da república tiveram outro eco para além de uma nota oficial de que tinham sido recebidas. Mais nada.
A mim, que só o conheci há uma semana, choca-me esta realidade e tira-me o sono saber que há quem acorde e adormeça todos os dias sem cumprir o seu dever perante um militar que cumpriu escrupulosamente o seu. António Garcia prestou serviços à nação com louvores e mérito, tem uma folha impecável onde constam 63 saltos e um acidente que lhe provocou um traumatismo craniano (um acidente de trabalho, note-se!) e apesar de estar ao serviço da Instituição Militar no dia em que ocorreu o episódio do aneurisma que o atirou para uma cadeira de rodas e o deixou gravemente incapacitado, não recebe um cêntimo do Estado nem o mais vago apoio das Forças Armadas. Bonito serviço!
A mim choca-me e envergonha-me esta triste história e como não acredito que seja só a mim, deixo aqui o telemóvel do irmão de António, que se chama Ricardo, é polícia e trabalha incessantemente para sustentar o irmão, para o caso de alguém querer e poder dar as respostas a tantas perguntas que continuam sem resposta. As tais de que falo no texto anterior. Não se trata de angariar fundos nem de dar dinheiro, mas sim de responsabilizar quem é responsável. Só isso.
Aqui fica o número: 960479793
Link: http://cronicasdecampanha.blogs.sapo.pt/6672.html
Camaradas estou revoltado. Justiça neste país? Mas que justiça?

-- Obrigado camarada
Um abraço

Rui Elvas-ANPA


VB:É a manifestação de desagrado do Rui em relação ao abandono, por parte de quem de direito,deste nosso companheiro que se encontra numa situação difícil.
É pena que assim seja,mas é o que temos...

812 VOAR NOVAMENTE DEPOIS DE...ATINGIDO!!!

Miguel Pessoa
Ten.Pilav.(Hoje Cor.Pilav.Ref.) Guiné
Lisboa

Caro Victor
Aqui te envio um texto para o blogue, caso queiras publicá-lo.Leva uma dedicatória especial para os mecânicos da BA12, que tanto contribuíram para o esforço de guerra da FAP na Guiné.
Um abraço
Miguel Pessoa

UM DIA ROTINEIRO NA BA12



Partida para a missão


O mecânico acompanha-me enquanto faço a inspecção de 360º ao Fiat G-91 estacionado na placa, na BA12. Sinto a ansiedade habitual nos últimos voos. Também não admira - quando sabemos que vamos encontrar fogo de anti-aérea e possíveis Strela, é natural que fiquemos preocupados. Como tem vindo a ser habitual, a tensão dá-me voltas ao estômago enquanto continuo a inspecção exterior ao avião. Parece que tenho vontade de vomitar mas nada sai. Tento disfarçar, que o mecânico continua ao meu lado e ninguém gosta de dar parte de fraco ao pé dos outros.
Mas os antecedentes não ajudam muito... Já "fui ao charco" uma vez e não gostei. E o problema é que matematicamente tenho as mesmas hipóteses que os outros de ser abatido - não me parece lá muito justo! Só voltei à Guiné há poucas semanas e a readaptação tem sido difícil; é muito penoso para mim recordar o tempo que estive sozinho no mato, depois da minha ejecção, sempre na iminência de ser "apanhado à mão", por isso é natural que esteja preocupado.
Aliás, também os mecânicos andam preocupados. É grande a sua responsabilidade - o avião tem que funcionar que nem um relógio, o armamento não pode falhar, a Martin-Baker(*) tem que funcionar se tudo o resto correr mal - nenhum quer ser responsável pela perda de um piloto.
Logo hoje, que era o meu dia de folga! Bom, nesta bagunçada nada é garantido e temos que ser adaptáveis às mudanças... Mas a Esquadra foi solicitada para uma série de missões importantes que podem contribuir para diminuir o fluxo de pessoal e material que se interna na Guiné vindos do exterior. Se resultar, poder-se-á reduzir a intensidade das flagelações aos nossos aquartelamentos; este esforço já se prolonga há dois dias e todos juntos não somos demais. Neste momento sou o oficial mais antigo (um tenente!) a seguir ao Comandante de Esquadra, por isso, como oficial de operações (nome pomposo!) cabe-me a mim indicar os pilotos para as missões. Naturalmente, o meu nome tem que aparecer lá (o exemplo tem que começar por nós) e a folga, paciência!, fica para outro dia.
O avião está OK, o armamento pronto, como normalmente - o pessoal da linha não falha, como de costume - e eu dirijo-me para a escada para ocupar o meu lugar no "cockpit" - controlo um último espasmo e enquanto subo a escada verifico, penduradas nela, as diferentes cavilhas de segurança que o mecânico retirou.
Coloco o capacete, o mecânico ajuda-me a colocar os cintos. Percorro com os olhos o "check-list" para confirmar que fiz todos os procedimentos correctamente antes de pôr em marcha. O chefe da formação, no avião ao meu lado, faz sinal com a mão para pormos em marcha. Primo o botão do cartucho de arranque do motor, este começa a rodar e estabiliza nas rotações normais. Executo os restantes procedimentos, acciono a descida da "canopy"(**) e faço sinal ao mecânico para tirar os calços das rodas.
Tudo OK! Aumento as rotações do motor para sair do estacionamento e inicio a rolagem do meu avião atrás do outro, fazendo antes um aceno de despedida ao mecânico que me deu a saída. Toda a excitação acumulada anteriormente parece abandonar-me. Estou ali só, dentro do avião, controlando os meus medos de modo a que não interfiram com o cumprimento da missão. Temos de esquecer tudo e concentrarmo-nos totalmente no voo que temos pela frente, vigiando o espaço à nossa volta, tentando detectar alguma ameaça para o nosso ou para os outros aviões.
Finalmente estamos no ar e dirigimo-nos para o alvo definido no "briefing" antes do voo. Tudo corre normalmente e sinto uma estranha sensação de calma que contrasta com o nervosismo anterior.
Os "Tigres" da Esq. 121 estão no ar para mais uma missão de rotina nos céus da Guiné...
Miguel Pessoa

(*) Cadeira de ejecção do Fiat G-91 R4
(**) Cobertura da cabina

VB: Ó Miguel,pelo que vejo,também fizeste o teu"Diário da Guiné"?!...Que dia ou págª.é esta?
Pois estas tuas passagens já as não vivi na Guiné visto ter terminado a minha comissão primeiro que tu(Piu-Piu),mas recordo outras que nunca mais me vão sair da memória.Sabes bem ao que me refiro,e os nossos companheiros também,pois já o frisei neste espaço,o teu acidente.
Lidar contigo é um privilégio que nem todos têm!
Eu fui e continuo a ser um privilegiado.
Obrigado,Companheiro!

811 OBRIGADA.



Rosa Mendes
Cap.Enfª.Paraqª
Faro





Victor,esta de facto é minha.
Esta foto relata uma evacuação feita em pleno teatro de guerra.



Nessa evacuação encontrei um enfermeiro paraquedista a quem eu dei formação.
(Indivíduo que se está a deslocar na foto) ele queria meter tudo no Héli,
e tentar explicar alí que a prioridade era dos vivos e não dos mortos,muito complicado
Tempos inesquecíveis!...
Um abraço


MRMendes




VB.Olá Rosa,nem a propósito,ainda agora publiquei um importante texto da Giselda sobre vocês e eis que me surge mais este.
Quanto nós não vamos gostar de ver chegar mais companheiras da guerra apresentando as suas passagens na guerra colonial?!...




810 CHEGOU UMA DAS MENSAGENS POR MIM MAIS DESEJADAS!


Giselda Antunes Pessoa
2ºSarg.Enfª.Paraqª Guiné

Lisboa


NO FIM DO MUNDO

Caro Victor,tinhas sugerido um texto meu,cá vai.
Quando me sugeriram que escrevesse um texto para o blogue, onde relatasse algumas das histórias que vivi durante o meu tempo como enfermeira paraquedista, lembrei-me de folhear um dos volumes de "A Guerra de África", de José Freire Antunes, em que há um capítulo dedicado às enfermeiras paraquedistas.
Nesse capítulo aparecem depoimentos de várias enfermeiras, sendo eu uma delas.Revendo o que ali está escrito, percebo que posso perfeitamente usar algumas das histórias que ali relatei; primeiro, porque muita gente desconhece aquela obra; segundo, porque posso falar do mesmo, dando-lhe agora uma melhor arrumação do que aquela que teve à época. Na verdade aquela obra é mais uma manta de retalhos, pois baseou-se na passagem ao papel de uma série de entrevistas gravadas por diversos assistentes do escritor/historiador, não tendo havido mais tarde qualquer tentativa de se melhorar os textos que daí resultaram.
Ora sabemos todos que não se escreve da mesma maneira que se fala e o que dizemos num repente pode ser melhorado se tivermos possibilidade de reler o que está escrito e dar-lhe uma melhor apresentação.
Posto isto, gostaria talvez de começar por temas que me marcaram na minha vida de militar, a camaradagem e a solidariedade, que sendo algo característico da vida militar, parecem ter tido ainda mais relevo no território da Guiné. Se é habitual haver um grande companheirismo entre os paraquedistas, tive a oportunidade de ver exemplos desse companheirismo junto de outros grupos na Força Aérea, fossem pilotos ou mecânicos da BA12.
Também nas minhas deambulações pela Guiné (em 28 meses de comissão(*) tive a possibilidade de chegar aos sítios mais invulgares, em que afinal muitos tiveram que viver) pude testemunhar as manifestações de camaradagem e solidariedade que sempre mostraram ter para com os tripulantes dos DO-27 e AL-III que por ali passavam e particularmente para com a enfermeira que os acompanhava.Este episódio não faz afinal parte daquele livro, mas sendo algo que me tocou profundamente, deixo-o aqui.
No decorrer de uma evacuação que tinha como objectivo um aquartelamento no nordeste da Guiné, o helicóptero aterrou na placa, onde embarcou o evacuado. No decorrer dessa operação, aproximou-se do AL-III um Furriel daquela unidade, o qual se me dirigiu com um pedido fora do vulgar. Explicou-me que com ele estava naquele quartel a sua mulher, sendo ela a única branca que ali vivia; e que, não vendo nenhuma branca há já muitos meses, certamente apreciaria falar comigo por uns momentos. Expliquei-lhe que o facto de transportarmos um ferido e o pouco combustível de que dispunhamos não permitia prolongar a nossa estadia ali. Mesmo assim, ele montou a sua motoreta e foi buscar a mulher, para a levar junto de nós.
A espera prolongou-se por mais tempo do que aquele de que dispúnhamos, o que levou o piloto a decidir-se por descolar, com grande pena minha. Já no ar, tive a possibilidade de ver aproximar-se da placa a motoreta com o Furriel, trazendo a mulher à boleia. Ali chegados, apenas teve ela tempo para nos acenar enquanto o AL-III rodava em direcção a Bissau. Senti naquele momento um desgosto enorme por não ter podido proporcionar àquela mulher um momento de carinho e de solidariedade, de que ela tanto necessitaria; e imagino a sua frustação quando não lhe foi possível partilhar de uns momentos de proximidade com alguém que lhe recordaria outras companhias e outros ambientes deixados há muito para trás.
Giselda Pessoa

(*) As comissões das enfermeiras paraquedistas variavam entre seis meses e um ano, o que provocava uma constante rotação do nosso pessoal. Vá-se lá saber porquê, fui optando por prolongar a minha estadia na Guiné, muito provavelmente devido ao óptimo ambiente que ali se vivia e também por me sentir realizada no trabalho que ali desenvolvia, numa atmosfera que não deixava esconder a guerra que nos rodeava.


VB.Companheiros, sem menosprezar a sensibilidade ou sentimentos de quem quer que seja, esta mensagem era uma das que eu mais desejava receber.
Na realidade nutro um carinho muito especial por estas SENHORAS, verdadeiras MULHERES DA GUERRA COLONIAL, que tão ignoradas têm sido porque quem de direito.
Apraz-me aqui ressalvar o nome do Gen. Taveira Martins quando (**)CEMFA.
Estas mulheres de uma humildade sem limites, que pertenciam aos Paraquedistas, compunham um efectivo de pessoal reduzidíssimo(43),na Guiné (5) na plenitude da sua juventude, deitaram ao abandono o perigo que corria a sua própria vida, em prol da vida de milhares de militares que na angustia do sofrimento de uma guerra para onde também foram empurrados, tantas vezes gritaram pela sua presença para continuarem a fazer parte do mundo dos vivos .Para uns assim foi, para outros o melhor que conseguiram foi uma incapacidade física para toda a vida, para outros…ficaram-lhes as lágrimas nos olhos quando o seu esforço era inglório.
Recordo aqui as evacuações de Helicóptero, feitas à zona, em que tinham que saltar da aeronave, muitas vezes ao som do tiroteio inimigo, em busca daquele cujo a sua vida estava em perigo.
Mas a sua missão não se ficava por aqui, recordo também a sua requisição pela população civil, chegando até a assistir a um parto a bordo de uma DO-27! Esta situação foi presenciada por mim que fazia parte da tripulação como mecânico.
Infelizmente o luto também se abateu sobre elas, e nós, naquele fatídico dia 10.02.1973 ao se deslocar para uma aeronave DO-27 que a esperava na placa de estacionamento da base para partir para uma prestar auxilio a alguém que lhe o exigia, perdeu a sua própria vida ceifada pelo hélice da referida aeronave.
Dei o título a esta mensagem de “Chegou a mensagem por mim mais desejada”por duas razões:
1- Porque, embora outras companheiras Enfºs já tivessem entrado no Blog, foi a primeira vez que tivemos a descrição de um acontecimento no teatro da guerra.
2- Porque foi a Giselda!
Compartilhei com ela algumas horas de voo ao efectuar evacuações e, tal como ela o diz, apesar das nossas idades e de tudo o que nos rodeava naquela longínqua terra africana respeito e a camaradagem mutua foi sempre factor preponderante no nosso dia/dia.
Recordo a alegria que ela nos sabia transmitir fazendo, muitas vezes, que o momento menos bom que se estava a viver fosse ultrapassado dando lugar à boa disposição.
3- Porque quis o destino que fosse ela a recuperar um HOMEM, quando do acidente que o vitimou ao ser atingido pelo Strella, por quem sempre mantive uma grande admiração pela sua postura, quer como superior ou companheiro que viria a ser o seu marido, Miguel Pessoa.

Por último gostaria que alguém, com conhecimentos para tal, me respondesse duas questões:

1-Alguma Enfª Paraqª possua alguma condecoração tipo Torre Espada, Serviços Distintos Com Palma, etc. etc…,pelos serviços prestados ou o caso da Enfª Celeste, por morrer em socorro de um militar ferido no TO?

2-Algma Enfª.Paraqª atingiu a patente mais alta que Capitão?
Agradecendo o devido esclarecimento para que a minha dúvida seja desfeita, despeço-me com um orgulho muito grande de ter tido estas mulheres comos COMPANHEIRAS NA GUERRA!

(**) Chefe do Estado Maior da Força Aérea

809 DECLARAÇÃO DE RECTIFICAÇÃO Nº3/2009(LEI DOS EX-COMBATENTES).



Rogério Nogueira
1ºSarg.MMA Tete
Terceira - Açores


VB.Antecipadamente quero apresentar-te as minhas desculpas de só agora publicarmos o teu artigo datado 7 do corrente,mas foi um "falhanço"da redacção.
Agradeço-te também todo o teu cuidado em nos trazeres actualizado com as leis que nos vão embalando para um final...infeliz,mas é o que temos Rogério.
Espero que esteja tudo bem contigo ai,do outro lado do mar.

Ilustre companheiro Victor.
Boa noite.
Confesso que sempre que aparece no blog algo relacionado com o AB7, como é o caso presente do companheiro Carlos Alves (771) e com publicação de foto, meus olhos ficam vidrados.
Jamais esqueço os outros companheiros que por lá também dignificaram a PÁTRIA PORTUGUESA.
Delicio-me, diariamente, com as descrições aqui colocadas de companheiros que estiveram noutros locais diferentes do meu.
Nunca estive na Guiné, mui embora, tal estivesse para suceder, não fora um antigo companheiro meu que, aquando das nomeações para o ultramar, se ofereceu para ir para a Guiné.
Na altura teve influência pois tocou-me a ida para Moçambique.
Como compreenderás Victor, é inegável a presença maioritária no blog de companheiros que prestaram serviço na Guiné, mas fica ciente de que tenho aprendido muito com sábios descritivos.
Bem-haja a todos Vós.
Quanto ao assunto supra mencionado e, sendo eu um observador dessa matéria, cumprimento o companheiro Mário Aguiar (762) pela sua eficaz descrição do mais importante referido na Lei nº.3/2009.
Todavia existe a supra referida declaração de rectificação nº.3/2009, de 26 de Janeiro, publicada no Diário da Republica, 1ª.Série - Nº.17, que no seu artigo 22º, onde se lê <<>> deve ler-se <<>>
Assim, Victor, fica actualizada a Lei nº.3/2009, de 13 de Janeiro.
Uma vez mais, grato, na tua pessoa, cumprimento toda a tertúlia, desejando a todos e Famílias, um óptimo fim de semana.
Forte abraço,
Rogério Nogueira

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

808 A GUERRA DO ULTRAMAR.


Rui Elvas
1ºCbº.Policia Aérea
Lisboa
Boa noite Victor,
Quanto mais leio o nosso blog mais reconheço que sei muito pouco sobre a Guerra Colonial e que depois de tantas mentiras mais dificuldade tenho em descortinar a verdadeira razão do conflito e as verdadeiras razões sobre a nossa retirada.
Tristemente, os nossos governantes tudo fazem para apagar o que se passou, e tentam esconder que existem milhares de doentes, estropiados, deficientes para não falar dos milhares de mortos que a guerra provocou.
Não tenho palavras para exprimir a minha revolta e a minha desilusão para quem nos governa e se enche com os nossos impostos e que finge que não tem nada a ver com o assunto.
Não estive lá e não faço a mínima ideia do que vocês passaram mas respeito muito todos os que combateram ao serviço de Portugal, que abdicaram da sua juventude e sentir que são puramente desprezados e esquecidos é algo que não consigo aceitar.
Lamentavelmente, a única coisa que posso dizer é que sou solidário com todos eles e com as suas famílias mas sei que é muito pouco. Deixo aqui um sincero abraço a todos vós
Rui Elvas-ANPA
VB: Rui deixa-me dizer-te que na realidade somos diferentes.
Tenho acompanhado a análise e comentários sobre o escrito na "Visão" e congratulo-me pelo facto de neste nosso cantinho,ao contrário de outros,companheiros que não viveram a guerra colonial,o teu caso e o João Carlos,expõem e defendem uma tese como se a tivessem vivido,é louvável!
Sou muito simples na minha opinião,não sei quem são e onde estão os nossos combatentes desse tempo,hoje ainda tínhamos idade e capacidade para dar a volta ao assunto,mesmo sem o apoio daqueles "heróis" de Abril que hoje,com o seu "tacho"defendido já se esqueceram do passado recente!

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

807 EXCERTO DE NOTICIA NA REVISTA VISÃO E O DIREITO À INDIGNAÇÃO!





João Carlos Silva
Esp.MMA BA4

Sobreda da Caparica





Companheiro Víctor,
Companheiros da Linha da Frente, Li com estupefacção, no blog Luís Graça & Camaradas da Guiné, a referência a um excerto de um artigo da revista Visão "Portugal e o Passado" evocativo dos 35 anos da publicação do livro de António de Spínola "Portugal e o Futuro", com determinadas passagens inacreditáveis.
Agora, quero trazer aqui ao "nosso" espaço o meu comentário, especialmente porque também afecta a "nossa" FAP.

Caros Companheiros desta Tertúlia.
É por estas e por outras que é fundamental existirem espaços como este onde se pode contar na primeira pessoa o que realmente foi acontecendo na Guerra Colonial. Infelizmente, se calhar mais vezes do que seria desejável, pessoas que nada sabem ou que pretendem fazer passar uma determinada mensagem, sabe-se lá com que objectivo, têm acesso desigual a formas de comunicação de massas face a quem de facto viveu esses acontecimentos, passando uma mensagem errada, injusta e desleal (para não dizer outras coisas).
Penso que o desagrado, descontentamento e indignação de quem amargou na Guerra Colonial e não se revê de forma nenhuma nesse escrito, deveria ter agora a mesma oportunidade de divulgação que as aleivosias desse artigo aos quatro ventos lançou .
Lamento que no meu País, a maioria das vezes que se fala da Guerra Colonial, com potencial grande audiência, seja para diminuir os intervenientes e exprimir relatos enviesados dos acontecimentos.
Todos sabemos que não foi um campo de férias, claro, era Guerra.
Se alguns desses senhores tivessem tido a necessidade de desactivar alguma mina numa qualquer picada, como vi apenas nalgumas fotografias (felizmente), de certeza comunicariam de forma diferente ( desactivado com sucesso, claro, porque os infelizes que não tiveram essa “sorte”…).
Gostaria ainda de acrescentar, no que nos toca a nós FAP, os riscos e baixas nos apoios às forças terrestres, nas evacuações, nos transportes e abastecimentos.
Se tivessem acompanhado algumas das Enfermeiras pára-quedistas ou tivessem estado com o Tertuliano Nuno Almeida, ou com o Miguel Pessoa, ou num heli-canhão (apenas alguns exemplos que me perdoem outros)...De certeza que não escreviam assim.
Respeito pelos que lá deixaram a sua vida e pelos que deixaram parte da sua juventude.
Embora me apeteça, não quero dizer que esse artigo não deveria ter sido publicado, pois censura nunca mais, no entanto, o rigor e equidade deveria ser garantido quando se divulga qualquer notícia ou opinião.
Agora, já que isso não aconteceu deveria ser dada a mesma expressão ao contraditório.
“De Nada a Forte Gente se Temia”Saudações Especiais,
João Carlos Silva, MMA, Jaguares (FIAT G-91), 2ª/79

VB.Pois é João,as tuas palavras são deveras elucidativas de tudo o que sentes,sem o viveres,das verdadeiras injustiças que muitas vezes determinadas pessoas sem fundamentos,fazem relatos de coisas que não correspondem à verdade.
Também faz parte da história...dos mentirosos!

806 QUEM PROCURA SEMPRE ENCONTRA...



Luís Filipe Santos
Esp. Enfº Tete
Agualva - Cacém
Boa tarde Amigo Barata: è com grande emoção, que ao ler o blogue, sei que as Enfermeiras Maria Arminda, minha monitora de curso e enfermeira Rosa Serra, estão de boa saúde.
Gostava de poder reencontrar estas duas senhoras, é sempre bom vermos quem nos ensinou a sermos bons profissionais.Já lá vão 40 anos, que nunca mais as vi, desde o fim do curso na Terrachã em Dezembro de 1968, uns, ficaram, como foi o caso do Herminio Carrana, que ficou no Hospital da Terrachã, cerca ede 4 anos, mais tarde, veio para o GDACI, terminar o tempo que lhe faltava.
O Herminio Carrana, é Técnico de radiologia no Hospital de Cantanhede, foi através do teu blogue, que consegui, saber do seu paradeiro, foi um colega, mais chegado, pois na camarata, a sua cama, ficava do meu lado direito.
Passados estes anos todos, encontrei-me com o Carrana, através do Gouveia Ex enfermeiro, que me deu o seu telefone.
E quando pusemos a conversa em dia de 40 anos, em casa dele, contou-me uma passagem, de uma partida que me fizeram, a qual, já não me lembrava:Como eu vivia em Angola, na cidade de Luanda, e habituado ao calor, o frio que se fazia nos Açores, que não é nada em Março, eu tinha muito frio, e á noite, resolvi, aquecer agua, e colocar num saco de agua quente.
Eu era extremamente magro, e uma pontinha de frio, para mim, era muito, e estava eu então sentado na minha cama, e preparava-me para me deitar, e levantei-me para ir fazer não sei o quê, e então os meus colegas, incluindo o Carrana, resolveram, desapertar a rolha do saco, mas foi e mais, quando voltei, e me sentei de novo na cama, sentei-me em cima do saco, o qual, com a pressão, a rolha saiu definitivamente, e molhou-me a cama e colchão.
Conta-me ele, que fiquei muito zangado, ficaram com medo que fosse fazer queixa ao oficial de dia, que era um médico, que não era nada razoável, e que aplicava castigos, se alguma coisa não andasse em condições.
Passado algum tempo, lá apareço eu com um colchão enxuto e lençois, e ajudaram-me a fazer a cama, e tudo passou.
Quanto á tua ida á Base de Sintra, vi as fotos, e fiquei com água na boca, tenho que lá ir um dia, para recordar, e ver as aeronaves que operaram em TETE.
Estou aqui bem perto, mas sabes como é: em casa de Ferreiro, Espeto de pau.
Sobre o teu colega Castelo Branco, fico satisfeito, em saber que a operação que fez ao coração, lhe correu bem, e que está de boa saúde.
Por aqui fico, um abraço para todos, incluindo a Enfermeira Maria Arminda e Enfermeira Rosa. Luís Santos
VB. Amigo Luís,também eu fiquei feliz por ter conseguido que tu chegues,pelo menos,à fala com as nossas companheiras Enfª..
Quanto ao Fernando,ele não foi operado ao coração,teve sim um problema que fez com que o médico o remetesse ao continente para fazer exames.

805 O SPÍNOLA QUE EU CONHECI...

VB: A propósito de um artigo publicado na revista "Visão" do passado dia 21 .2.2009,sobre o livro do Gen.António Spínola,"Portugal e o Futuro",tem o Blog do nosso companheiro Luís Graça publicado diversas opiniões que lhe vão chegando.




Hoje mesmo o Luís Graça enviou-nos a seguinte mensagem:



Reforço o que disse acima, como editor do Blog Luís Graça & Camaradas da Guiné:
"Que imagem vamos passar aos nossos filhos e netos ? Nós fomos combatentes, não fomos assassinos!" - parece ser a reacção natural de qualquer um dos nossos camaradas que são veteranos da guerra da Guiné, e que partilham os valores consagrados no nosso blogue...
Por sinal, por ironia, por coincidência ou não, o artigo da Visão, evocativo dos 35 anos do livro do Spínola, "Portugal e o Futuro", surge na mesma semana em que camaradas generosos e solidários como o António Camilo (Lagoa), o José Moreira (Coimbra) ou o Xico Allen (Matosinhos / Porto), e mais umas dezenas de outros, ex-combatentes na sua maioria da guerra colonial, seguem, por terra, em caravana, a levar ajuda humanitária a (e a matar saudades de) um povo que nós consideramos irmão...
Que me perdoem os jornalistas portugueses, mas eu não vi a grande imprensa (rádio, televisão, jornais) - com excepção de alguns jornais regionalistas, como o Diário As Beiras, de Coimbra - a dedicar um bocadinho da sua preciosa atenção a esta expedição humanitária nem aos seus preparativos, aos meses e meses de trabalho, anónimo e voluntário, e que exemplifica bem o que é o melhor do povo português, o seu sentido de nobreza, compaixão, generosidade, ecumenismo e solidariedade.
Andamos todos distraídos com a crise... (que é sobretudo de valores!)
PS - Não posso esquecer aqui o Carlos Fortunato, o Carlos Silva e o resto da malta da Ajuda Amiga (da região de Lisboa), que seguem de avião este fim de semana, a caminho de Bissau,também em missão humanitária e turismo de saudade.
Para todos eles, que são os melhores d todos nós, aqui vai um Alfa Bravo do tamanho deste pequeno grande Portugal.
Amigos e camaradas, "partam mantenhas" com aquele povo gentil que não guarda ressentimentos nem ódios do tempo em que nos combatemos uns aos outros, portugueses e guineenses contra outros guineenses (mas também contra alguns portugueses, alguns cubanos, alguns caboverdianos)...
Luis Graça

804 AS NOSSAS GLORIOSAS EMFERMEIRAS NA TERTÚLIA "LINHA DA FRENTE".



João Carlos Silva
Esp.MMA BA4
Sobreda da Caparica

Companheiro Víctor,
Companheiros da Linha da Frente, Acabei de ler no "nosso" blog a mensagem da Cap. Enfª Pára-quedista Rosa Mendes.
Bonito e emocionante, para todos vós que passaram e arriscaram as vidas por essas terras longínquas e que vão re-encontrando a pouco e pouco mais companheiros e agora companheiras, mas também para mim como membro desta tertúlia da Linha da Frente, que fico feliz por vós ao tentar entender o que vos vai na alma.
Para ti Víctor, o meu abraço de parabéns, pois a pouco e pouco com a tua enorme dedicação, vais re-agrupando toda a "família" FAP.
Tenho constatado com alegria, por ser mais que justo, que a pouco e pouco vão sendo publicadas diversas mensagens de louvor relativas a estas ilustres Senhoras e antigas combatentes.




Na foto as Enfªs.Rosa Mendes e Giselda na Base Aérea nº12 - Bissalanca


Em relação à sua missão e actuação de alto risco e de entrega completa a servir o próximo, gostaria de poder ter o dom da palavra para expressar a minha admiração, mas como não consigo, com a devida vénia, socorro-me do lema de duas esquadras ainda em operação na "nossa" FAP.
A Esquadra 552 "Zangões" que opera os helicópteros Allouette III, tão ligados às suas missões, e a esquadra 751 "Pumas" que opera os helicópteros EH-101 "Em Perigos e Guerras Esforçados..." arriscaram a vida no cumprimento da missão de entrega a servir o próximo, prestando tratamento físico e conforto moral "Para que Outros Vivam" , é a forma que encontro para transmitir a minha admiração e respeito a essas Grandes Senhoras.

Saudações Especiais,
João Carlos Silva, MMA, Jaguares (FIAT G-91), 2ª/79

VB:Amigo João, enche-nos de alegria a tua dedicação a uma causa que não viveste mas que a compartilhas como se tal se tivesse concretizado.
A realidade com que abordas os problemas do passado na guerra do ultramar é contagiante a quem a viveu,como é o meu e de muitos companheiros que lêem as tuas mensagens.
Exemplo recente este teu escrito dedicado às nossas Enfermeiras,aquelas que deitaram para trás das costas o medo da guerra,não se refutando em gabinetes,em prol de muitas vidas humanas que necessitavam da sua presença.
Atendendo ás promoções pós 25 de Abril,se calhar algumas delas deviam hoje ser Generais!!!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

803 FINALMENTE AS NOSSAS GLORIOSAS ENFERMEIRAS PARAQUEDISTAS ENTRAM NO SEU BLOG!




Rosa Mendes
Cap.Enfª Paraquedista
Faro


Victor,gostei muito de ver o blog da BA12.Foi um recordar de coisas que já lá vão.
Tudo muito interessante
Sabe uma coisa?a menina da foto não sou eu.

Pois é verdade,nesta foto não é Rosa Mendes ,mas sim a Rosa Serra.

Então e esta quando de uma evacuação em plena mata do Morés?!...

Rosas,no grupo das enfermeiras paraquedistas eram 3, uma delas sou eu.
Rosa Serra,Rosa Exposto e Maria Rosa Mota,agora com o nome de casada Maria Rosa Mendes.
O Luís Santos pergunta pela enf. Maria Arminda, sua monitora, e pela enf.Rosa que agora sim
penso ser eu.
Eu estive na Terra-Chá nessa altura.
A Maria Arminda está em Setúbal e eu em Faro.
Quando for possível enviarei as fotos pedidas.
Quero dizer tb.que só no início deste ano é que me familiarizei como o computador.
Só depois dos filhos todos terem saído de casa é que fui obrigada a isto.
Tenho por enquanto algumas dificuldades
Um abraço.

MRMendes.

VB:Pois finalmente "salta" para a nossa Linha da Frente a 1ªEnfermeira Paraqª a trazendo-nos a sua mensagem.
Sejas Bem-Vinda!
Agora resta-nos esperar a chegada das outras GLORIOSAS companheiras.

802 À MOMENTOS FELIZES NA NOSSA VIDA!


Victor Barata
Esp.Melec./Inst./Av. Guiné
Vouzela
Companheiros, como é de conhecimento geral, no dia 17 de Novembro de 2008,estive em Lisboa para abraçar o Fernando Castelo Branco que momentos antes abandonara o Hospital onde fora submetido a exames médicos ao coração, em virtude de este órgão ter falhado repentinamente.




Durante o almoço em Lourel,Sintra,da Esqª./Dirª.Condeço,Victor Barata,José Salazar,Carlos Barata e Fernando Castelo Branco.


Como tudo correr da melhor maneira para ele, decidimos ir almoçar juntos na companhia do meu irmão Carlos Barata, Condeço e um amigo comum, José Salazar, a Lourel, ao restaurante “O Curral dos Caprinos”.
No regresso, ao passar junto da Base Aérea nº 1,Sintra,pedi ao condutor (Carlos Barata) o favor se dirigir para a porta de armas da referida unidade.
Tudo o que diga respeito à nossa FAP é-me familiar, mas aqui havia um enigma muito grande, pois já tinha estado na BA 1 duas vezes, em 1971,mas nunca tinha passado na porta de armas, nem conhecia as suas instalações, a não ser a pista e a manutenção, foi quando, fazendo parte da tripulação de um Nordatlas, aterrei e descolei naquela unidade.




Junto à porta de armas da Base Aérea nº1,quando nos dirigíamos ao pessoal de serviço.


Chegados à porta de armas, de imediato nos dirigimos ao soldado da Policia Aérea que estava de serviço, no sentido de o cumprimentar e nos anunciarmos, pois o local não é propriamente dito de passagem a cinco pessoas que chegavam e estacionavam a viatura na área propriedade da Base Aérea.
Extremamente educado, cumprimento-nos militarmente (batendo a pala) e depois, como civil, um aperto de mão a cada um de nós. Sinceramente que me senti uma autêntica criança quando a levam a um parque de diversões pela primeira vez! Queria olhar para tudo de uma vez, os meus olhos andavam numa roda-viva, isto porque calculava que não nos deixariam entrar na Base.
Bem a alegria era tanta que lançamos a hipótese de uma visita ao seu interior.
Identifica-mo-nos, eu e o Fernando como tendo sido Especialistas da Fap e dissemos ao referido militar que a nossa intenção era a de visitar o interior da unidade onde tinha estado à trinta e oito anos.
Verificamos então que a Força Aérea continua a ser servida por militares com elevada capacidade educacional, as qualidades que aprendemos e praticamos neste ramo das nossas forças armadas, continua a ser seguido pelos nosso actuais servidores,
De imediato ligou ao Oficial de Dia relatando o que se estava a passar e as nossas intenções em visitar a unidade. A nossa pretensão foi autorizada! Que grande alegria!
Depois de fornecermos as respectivas identificações e nos ter sido distribuído um cartão de visitante, que teríamos que colocar ao peito para nos identificar-mos, entramos finalmente no interior da Base de máquina fotográfica na mão.. Acreditem que me senti de novo ZÉ ESPECIAL, tudo me era familiar, as instalações, gabinete de oficial dia, cantina, edifício do comando. até dar de frente com as aeronaves que se encontram estacionadas á direita da torre de controle e que fazem parte do espolio do Museu do Ar.



À entrada da unidade,junto ao mastro da bandeira,o Fernando Castelo Branco à esqª e Victor Barata à dirª.



Vista do edifício da Torre de Controle




Placa onde estacionam alguns dos modelos de aeronaves que fazem parte do espolio do Museu do ar.



Junto ao F 86 que nº361,que é o logótipo deste blog,da esqª/dirª.Victor Barata,Fernando Castelo Branco e Carlos Barata.


Sem que víssemos quase ninguém, percorremos tudo o que quisemos, apesar do vento frio que soprava com alguma velocidade.
Aproximava-se o momento da partida com as pernas a não quererem andar, querendo dizer que era ali que nos apetecia ficar, mas tinha que ser, a inevitável saída estava iminente e com ela a emoção de um menino a quem obrigam a sair do seu parque de diversões.
Bom, lá devolvemos os cartões e apresentamos os nossos agradecimentos ao guarda da Policia Aérea seguido dos formais cumprimentos de despedida.
Ao nos dirigir-mos para a da nossa viatura, cruza-mo-nos com uma menina que deixou um táxi que a tinha para ali transportado,
Muito simpática, de imediato nos cumprimentou e o diálogo foi o passo seguinte a uma pequena conversação.



Já à saída da Base,junto à porta de armas,Victor Barata,cumprimenta a aluna da Academia da FAP


Estava a regressar á base,é moçambicana e é aluna da Academia da Força Aérea, estabelecimento de ensino que funciona junto aquela unidade.
Foi um momento muito emocionante, para mim, esta visita, constatei que a educação dos militares da nossa FAP, continua a ser uma herança muito boa, a limpeza na unidade e os arranjos exteriores são contagiantes a qualquer ser humano que entre naquelas instalações.
É por isto que tenho que orgulho de ser ZÉ ESPECIAL!

Um Abraço
Victor Barata

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

801 AQUILO ERA MESMO GUERRA.


Carlos Alves
Esp.MMA Tete
Alvaiázere

Boa noite Victor
Há dias recebi um mail de um ex. especialista que chegou a Tete pouco depois de eu de lá ter saído.
Viu alguns textos que escrevi para o Blog de Tete e resolveu contactar-me.
Trocamos alguns mails entre os quais dois que abaixo transcrevo.
Falamos de um acidente com um helicóptero que se preparava para um voo de exp. e com os pedais bloqueados por esquecimento e ao tentar a descolagem deu-se o acidente esquartejando três mecânicos.Este acidente deu-se algum tempo depois de eu sair de Tete.
Ele contou-me assim o que viu:

Carlos Alves, meu nome e Humberto estive no AB7 nesta altura lembro-me muito bem do acidente a que se referem, estava a voar num puma e quando aterramos depara -mo-nos com aquele triste espectáculo, ate bocados de cabeça se viam espalhados pelo chão.
Gostava de me fazer membro do vosso site AB7.
Um abraço Humberto

Noutro mail pedi-lhe que me disse-se onde e como faleceu o meu grande amigo Pais e identifica-se os elementos de uma foto que me mandou e onde estão dois dos que faleceram no acidente atrás descrito.
A resposta foi esta:

Companheiro Alves na foto e na linha da retaguarda o primeiro da direita se bem me lembro chamava-se Carvalho mec. de armamento e o terceiro da mesma linha não me recordo do nome tinha como apelido piloto porque sempre disse que o queria ser .
Dormia na cama ao lado da minha e era mec de avião.
Quanto ao Pais posso dizer que tinha mesmo acabado de chegar de ferias de Portugal onde o pai lhe tinha oferecido um capacete branco para moto .
Quis levar este mesmo capacete, contra vontade dos colegas, numa missão muito complicada a base do famoso turra Raimundo,Zona de Cabora Bassa.
Nesta operação entraram os fiat ,T6, helicanhao e mesmo assim foi um festival de tiro e de napalm como nunca tinha visto.
Pela radio ouvi dizer o alferes Gloria, que era o piloto do Pais, que o atirador tinha sido atingido .
Voltamos a Tete e foi ai que soube que tinha sido o Pais, levou um tiro no capacete branco.
Só ai é que me apercebi que aquilo era mesmo guerra e ainda por cima tivemos que voltar para largar mais comandos.Não foi fácil .
Um abraço Humberto
"Afinal a guerra envolvia todos incluindo os Especialistas da FAP"

Um Abraço Carlos Alves

domingo, 22 de fevereiro de 2009

800 NOTICIAS DA MOITA.


Joaquim Guiomar
Esp.Melec Guiné
Moita



Companheiros, o comandante deste sitio já reclamou por eu não aparecer mais vezes...não é por falta de assiduidade pois todos os dias ao ligar o pc a primeira coisa que faço é dar uma vista de olhos a ver se há novidades.
Estou a tentar estar presente no convívio em Vouzela, gostaria muito apesar de não ter tido contacto com a maioria dos presente pois eu estava no BCP, decerto iria reconhecer alguns, a ver vamos...
Deixo aqui uma fotos tirada na EMEL(*) da nossa equipe de basquetebol no ano longínquo de 1968/69, na esperança de que alguém que esteja na foto se reconheça e apareça para cumprimentar o pessoal.
Dos nomes já não me lembro, apenas do meu 2º, em pé, esq/dta .
Penso que éramos todos melecs e mrádio, todos "parafusos" e quatro deles eram "ultramarinos". Grandes tempos esses passados nessa grande escola onde aprendi muito e me valorizei bastante. Ainda me lembro do meu exame final feito pelo major Ribeiro, no quadro, todo "cagadinho" a fazer um cálculo para a "ponte" de uma linha aérea ( ponte é aquela oval que as linhas aéreas fazem, sentido descendente e depois de colocadas e esticadas) , algo bem difícil para nós mas, por estarmos muito bem preparados sabíamos ultrapassar.
E pronto, por hoje é tudo!
Grande abraço e muita saúde para todos!!!!
Guiomar
(*) Escola Militar de Electromecânica,em Paço de Arcos
VB: Olá Guiomar,por onde tens andado?
Pois muito bem,vamos contar contigo no nosso 32ºEncontro,concertesa que vais encontrar pessoal que já não vês à muitos anos.
Aguardamos a tua inscrição.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

799 O JOSÉ PALMINHA,TEN.MIL.NAVEGADOR,JUNTOU-SE À FAMÍLIA.


Ten.Mil.Navegador José Palminha



Numa viagem de L.Marques/Luanda no Dakota,eu,de frente e o comandante, de costas.



Caros amigos .
Navegando na internet encontrei-me no retrato de família numa das fotos de 1969.
Deixo-vos uma mensagem e uma foto que traduz de certa forma o espírito de equipa e a capacidade inventiva do pessoal da FAP nos tempos da guerra colonial.
Depois de uma aterragem de emergência em Sá da Bandeira (Angola) no trajecto Lourenço Marques / Luanda ,( ainda em território do Sudoeste Africano depois de escalarmos Windooek num dos velhinhos Dakotas ), decidimos chegar ao destino nesse mesmo dia.
O motor esquerdo não foi mais teimoso que nós... (veja-se na imagem a discussão do projecto entre a minha pessoa , de frente e o comandante de bordo , de costas…):<>
Muitas histórias há para contar.
Um abraço á grande família da FAP.
J.Palminha

VB: Sejas benvindo a esta tua casa Palminha.
É sempre com uma enorme que recebemos os nossos companheiros.

Mas falta "material".
A finalidade deste Blog,foi o reencontro com antigos companheiros nossos a quem perdemos o rasto.
Assim criamos um arquivo onde constam diversos elementos de cada um de nós,como morada,foto (militar e civil),posto,unidades por onde passamos e contacto.
São estes elementos que gostaríamos que nos enviasses para assim podermos corresponder ás solicitações que nos fazem.
Por último,terás que nos ir contando as tuas histórias vividas em África,devem ser muitas!?...
Vamos ficar à espera de tudo isto.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

798 EM LOUVOR DA FORÇA AÉREA E MARINHA.







Mario Fitas
Fur.Mil.Exército Guiné



Cascais



Victor Barata
Tendo em atenção o que se tem escrito no Blogue do Luis sobre a FAP e resultante do extraordinário relacionamento da C.CAÇ. 763 com o pessoal da Força Aérea e da Marinha, bem como dos nossos "Anjos" Enfermeiras Paraquedistas que muito passaram por Cufar. Anexo um naco de "Putos Gandulos e Guerra" onde se pode verificar o reconhecimento dos Lassas, e um pouco de brincadeira, tão necessária por vezes naquele isolamento. Agradeço-te não só por teres identificado o PILAV Ribeiro do T6 aterrando com o motor gripado em Cufar, bem como o seu Parelha, mas também como agradecimento aos MECÂNICOS que acompanhavam os PILAV nas evacuações de mortos e feridos.
Para as nossas enfermeiras, a brincadeira em terra dos Lassas.
Já por aí passaram algumas fotos de pessoal da FAP e ENF. Paraquedistas que passaram por Cufar.
Noutros e-mail, mandarei algumas que não sei se serão repetição.
Para todos, sem distinção nem majoração que passaram por aquela Terra.
O abraço de sempre do tamanho do Cumbijã.
Mário Fitas




EM LOUVOR DA FORÇA AÉREA E MARINHA.


“ “Mais Audaz”localiza tudo e faz duas picagens.

Vagabundo rádio sintonizado com o ar, ouve nitidamente o tenente piloto dizer:
_Só vejo malta a rebolar… estou a atingir em cheio… vou picar novamente e gastar os últimos roquetes.
E assim faz, aparecendo por sobre o tarrafo do lado do cais o piloto faz nova picagem e sobe sobre a mata de Caboxanque.
Ficamos suspensos por momentos pois o piloto informa:
_Fui atingido, vou tentar aterrar em Cufar!
Corações pequeninos ouvimos que o “Mais Audaz” tinha conseguido.






Esta a aeronave atingida que aterrou de emergência na pista de Cufar no dia 17 de Setembro de 1965, com o motor gripado.Grandes máquinas , grandes pilotos e...grandes mecânicos!




O avião a tocar o solo da pista de Cufar e o motor a gripar. O aparelho tinha sofrido dezassete impactes um dos quais perfurara o depósito do óleo esvaziando-o por completo.
O contacto com o IN continua forte. Alertadas, entretanto chegam a Vedeta e duas LDM e com o seu auxílio o IN foi reduzido ao silêncio.
Soube-se depois e ficará gravada na história dos “Lassas”, que tínhamos tido à nossa espera, no caminho que dava acesso ao cais de Caboxanque, nada menos nada mais que uma Companhia do Exército Popular comandada pelo Comandante “NINO”.
Obrigado Alfa, FAP e Marinha, pois estaríamos feitos em “merda” se não fosseis vós.
Nunca será pouco enaltecer os amigos fuzos e marinheiros e aquilo que por nós fizeram com as suas lanchas e vedetas.
Aos pilotos e enfermeiras “páras”, bastará o conhecimento de Cufar para saberem como estamos gratos por tudo.
É claro que nem tudo foram rosas!
Havendo uma grande operação dos “fuzos” na zona de Cabedu, foi montado o posto de comando e evacuação em Cufar, derivado à sua bela pista.
Hospital de campanha montado, por escala os Vagabundos de Piquete; com o seu comandante furriel Mamadu, vestido à maneira do mato, _calção e camisa de caqui, bota de lona e boina preta, sem divisas e em vez de carregar com a G3, pistola à cinta caindo do cinturão à pistoleiro_ faziam segurança às aeronaves estacionadas na pista.
Segurança montada, rendição feita e toda a malta almoçada, _calor de rachar_ toca de espreguiçar na maca do improvisado hospital de campanha. Juntam-se alguns soldados em volta de Mamadu e começam as anedotas e histórias da vida de cada um.
Tudo muito bem, só que o almoço no comando foi mais rápido do que se esperava.
Mamadu delirando contar e ouvir uma anedotazinha, contava aquela do dramático caso do patrício que se queria suicidar e, subindo ao quinto andar do prédio, de lá gritava que estava farto da vida e que se iria mandar dali a baixo; o “povoléu” juntou-se todo à espera do desfecho do drama, quando a mulher do suicida em desespero gritou:
_Oh homem não faças isso porque eu só te pus os “cornos” não te pus asas!
Estava Mamadu e aquela malta toda na bagunçada, quando de repente aparece a enfermeira alferes “pára”.
Ao ver a malta por ali sentada, correu com a soldadesca toda. Mamadu agora sentado na maca também ele teve ordem de despejo para se pôr a andar. Verificando o protagonismo que a Sra. Alferes estava a tomar, o furriel resolveu também manter o seu. Deu-se então um diálogo interessante.
Mamadu desceu da maca e informou:
Saiba Vossa Senhoria, meu alferes, que eu não vou abandonar esta posição, se há alguém que tenha de pedir autorização para permanecer neste local não sou eu, pois quem é aqui o responsável neste momento, é este maltrapilho do mato e que se apresenta a Vossa Senhoria, Furriel Miliciano Mamadu comandante do Piquete com a responsabilidade total pela segurança desta tenda, bem como de todas as aeronaves que se encontram na pista. Não tenho as divisas nos ombros, porque no mato é adorno que não usamos. A boina preta está superiormente autorizada.
Grande discurso!...
A Sra. Alferes enfermeira sorriu e repostou:
_São todos iguais, têm todos a escola do vosso capitão!... Mas bem podia estar com roupa em condições!
_Saiba a Sra. Meu alferes, que a minha lavadeira Miriam se encontra em Catió com montes de roupa à espera de portador, pelo que não posso ter a honra de lhe satisfazer o desejo. Mas como sabe melhor do que eu, para morrer tanto faz estar de smoking como de camisa rota, o importante é estar lavada!
_Machistas de “merda”!
Foi a resposta que o furriel recebeu. Tinha razão a alferes enfermeira!”



Mário Fitas












Capa :Putos, Gandulos e Guerra»
Autor: Mário Vicente



VB:Em nome do pessoal da FAP que compõem a Tertúlia "LINHA DA FRENTE",o nosso obrigado Mário.
Sobre as Enfªs,já manifestei a minha opinião,mas fico muito feliz por aparecer muita malta a reconhecer o árdua luta destas mulheres no TO da guerra.


797 AS MINHAS RECORDAÇÕES!


Luis Santos
1ºCbºEnfº FAP Tete
Agualva - Cacém


Victor, boa tarde:
Não posso deixar de recordar as enfermeira paraquedistas, pelo seu trabalho incansavel por todo o TO, em todo o ultramar Português.
Na minha época, 1969, a 1972, em TETE, como enfermeiro, não tive colaboração das enfermeiras, porque, havia lugares mais solicitados, nós enfermeiros, dávamos o apoio necessário e que podíamos, quando as aeronaves, faziam escala pelo AB7.
De qualquer forma, quero lembrar, as minhas monitoras de curso no Hospital da Terrachã, a primeira fornada de alunos enfermeiros da 1ª recruta de 1968, cujos nomes , vou citar: Hermínio Carrana, José António dos santos Silva, Valdemar Barreiros, José António Garcia Santos, António Tarrinho Baptista, António Tiburcio, Rogerio Carlos Lima e Sousa, ( Zorba, alcunha de um colega, cujo nome , já não me recordo), todos nós, fomos alunos na ILHA TERCEIRA (AÇORES), que muito tenho a agradecer-lhes, tudo o que me ensinaram no tocante á enfermagem.

Quero lembrar, alguns nomes dessas SENHORAS, com letra grande, e com um coração do tamanho do universo, que nos ensinaram, a ser enfermeiros:Tenente Arminda, minha monitora de curso, Enfermeira Rosa, e havia mais, que o nome já não me recordo.
Nunca mais soube do paradeiro dessas senhoras, que gostaria muito, de as voltar a ver, já lá vão 40 anos.Quero agradecer-lhes, tudo o que me ensinaram sobre enfermagem.
O meu muito obrigado,

Saudações Aeronáuticas, para todos,

Luís Santos

Ex-1º Cabo Enfermeiro AB7 TETE

796 O CARÁTER DE UMA NAÇÃO VÊ-SE PELA FORMA COMO TRATA OS EUS VETERANOS.


Rui Elvas
1ºCbºPA
Lisboa
VB: O Rui Elvas fez-nos chegar este mail que transcrevemos a seguir,da autoria de um elemento,Sérgio Silva,também PA:
Boa tarde Victor,
Espero que gostes deste artigo enviado por um Camarada PA (Sérgio Silva)
Um abraço
Rui Elvas-ANPA
Amigo Elvas.
Junto te envio mais um artigo da minha autoria sobre a GUERRA COLONIAL.
Sexta-feira, Outubro 19, 2007
A GUERRA COLONIAL PORTUGUESA " O CARÁCTER DE UMA NAÇÃO VÊ-SE PELA FORMA COMO TRATA OS SEUS VETERANOS
" esta citação foi proferida por Winston Churchill.
O tema de que vos vou falar, é um assunto desde de muito novo que me magnetiza, talvez por haver um certo tabu, em ser falado publicamente, ate á bem pouco tempo.
Os seus directos participantes, são poucos os que falam abertamente, talvez a maioria evite falar para não acordar fantasmas do passado, por se sentirem injustiçados em não serem reconhecidos o seu valor e de certa forma por se considerarem atraiçoados, por parte do Estado.
O Estado, evita a todo custo tocar no assunto, esquecendo-se dos Homens que em Ultramar, combateram pela Pátria.
Vejamos por exemplo os manuais escolares de História, em que se estuda a I e II Grandes Guerras Mundiais; o Império Romano, os Descobrimentos Portugueses e da Guerra de Ultramar, pouco ou nada se fala. Mas então não será a Guerra em Colónias Ultramarinas, um marco importante na História Nacional, como os Descobrimentos??
Que receio há por parte dos nossos Estadistas em informar os Homens de amanha, quando e como teve inicio, o que originou e da forma como terminou a Guerra Colonial e as repercussões que teve no futuro de Portugal?
Admira-me que um Governo, tanto este como os anteriores, que tanto lutam para uma sociedade Portuguesa mais culta e menos analfabeta, não prezem para que este capítulo da História fique bem estudado, mas por vezes dá jeito ser analfabeto, pois assim poucas ou nenhumas questões são feitas.
Meus amigos, desde de muito novo que sempre tive curiosidade sobre a Guerra Colonial. Talvez por ver fotos do meu pai, nas antigas Colónias e de estas se encontrarem guardadas no fundo do baú, como que, quanto mais fundas estiverem mais depressa serão apagadas as recordações da memória.
É claro, que sempre fui curioso e às minhas perguntas, sobre o assunto, o meu pai apenas respondia com "Sim tive lá…" e pouco mais evitando falar do assunto.
E como é normal, quanto menos se fala mais curiosidade se tem, e com o crescer fui pesquisando por mim, porque na escola pouco ou nada se falava.
O Governo, devia e tem como obrigação, tratar com dignidade os ex-combatentes, apoia-los e falar abertamente do assunto, pois só falando do assunto é que os fantasmas deixam de o ser e as duvidas são esclarecidas, tanto para quem lá combateu como para as gerações vindouras.
Na minha convicção, creio que a Guerra do ponto de vista militar não foi perdida, como muitos Governantes assim o pensam e desta forma sacodem a "água do capote".
A Guerra foi perdida politicamente o que originou uma falta de apoio aos militares.
Logo no inicio do conflito o Estado-Novo nunca reconheceu a existência de uma guerra, considerando que os movimentos independentistas eram apenas terroristas e que os territórios não eram colónias, mas províncias e parte integrante de Portugal.
Durante muito tempo, grande parte da população portuguesa, foi iludida pela censura à imprensa, viveu sob a ilusão de que, em África, não havia uma guerra, mas apenas alguns ataques de terroristas e de potências estrangeiras.
Não condeno o Povo, que quer a independência ou a libertação do jugo de outro, pois todo o Povo, seja ele qual for com mais ou menos tempo acaba por se libertar, é algo que está inato dentro do ser humano, condeno sim, aqueles que não falam e calam as vozes que se erguem.
Tudo, teve inicio, a 15 de Março de 1961, aquando a UPA (União das Populações de Angola), lançaram um ataque tribal, originando um massacre de populações brancas e trabalhadores negros naturais de outras regiões de Angola.
Esta acção devidamente planeada e concertada, contava com um apoio, quer ideologicamente quer material, por parte dos Estados Unidos e União Soviética, colocando Portugal politicamente e militarmente isolado.
Como em todo o conflito armado, há atrocidades cometidas pelas partes intervenientes, a Guerra é assim.
Agora cabe ao Estado, como entidade máxima, assumir aquilo que fez e desmentir aquilo que não fez. E não culpabilizar quem combateu e deu o corpo por Portugal.
Veja-se o caso da Operação Mar Verde.
Esta Operação preparada no maior secretismo, tinha como objectivo libertar os militares portugueses prisioneiros em Conacri, destruir as bases e navios e aviões MIG do PAIGC e derrubar o regime de Seko Touré e abater o mesmo.
Portugal, não pretendia ver reconhecido o seu envolvimento em tal operação, como tal todo o tipo de material habitualmente utilizado por Portugal foi substituído, desde as armas, fardamento, bóias das embarcações inclusive os barcos foram pintados, pois tal descoberta poderia ter consequências internacionais graves.
Mas resumindo, os objectivos foram cumpridos á excepção que os MIG não foram destruídos nem Seko Touré eliminado, não por culpa dos militares envolvidos mas sim por uma falha dos serviços de informações. Caros amigos, no seguimento da operação, em 1970, os participantes na Operação Mar Verde e os prisioneiros de guerra libertados em Conakry comprometeram-se a cumprir um pacto de silêncio.
Esse pacto foi quebrado por um pequeno número, entre eles o próprio estratego e comandante operacional, Alpoim Calvão, que inclusive publicou um livro sobre os acontecimentos.
Outras obras referem esta operação, tendo a estação pública de televisão, a RTP, feito um documentário nos anos 90.Posteriormente em 1995, em declarações à RTP, o então Presidente da República da Guiné-Conakry elogiou a invasão do seu país pelos portugueses, vendo-a como uma oportunidade perdida de libertar o país do jugo de Sékou Touré.
E disse que os militares portugueses fizeram aquilo que é um desejo natural das Forças Armadas de qualquer país: libertar os seus prisioneiros de guerra.
O ridículo é que em 2005, a posição oficial do Estado Português continua a ser que a Operação Mar Verde nunca existiu.Com tais comportamentos, por parte do Estado, em que se recusa em assumir aquilo que está mais que evidente, como podemos confiar em quem nos Governa e falar livremente do que nos vai na alma e atormenta quem em Ultramar combateu.

795 MADINA DO BOÉ.




Miguel Pessoa
Ten.Pilav (Cor.Pilav.Ref.)
Lisboa


VB: Miguel quero desde já apresentar-te as minhas desculpas por só agora publicar este teu mail,mas,como sabes,a minha actividade profissional ocupa-me demasiado tempo e motiva estes contratempos na nossa "redacção"..
Mais uma vez nos proporcionas,como é teu apanágio,um interessante texto sobre a Guerra Colonial,desta vez em Madina de Boé,cujo a que analise que fazes é muito elucidativa.


Amigo Victor:
Surgiram recentemente uns comentários no Blogue editado pelo Luís Graça (Tabanca Grande) sobre a independência declarada pelo PAIGC em Madina do Boé, em Setembro de 1973,
e a (in)acção da FAP naquela data, relativamente a este acontecimento.
Era feito um convite aos pilotos da FAP para se pronunciarem e eu aceitei-o.
Porque considero que, para além do pessoal dos 3 Ramos envolvidos no conflito na Guiné (o leitor alvo daquele blogue), interessa aos "Zés" Especialistas (e outros leitores deste blogue) saber o que andava a fazer a sua Força Aérea, junto o texto que acabei de enviar ao Luís, pois é uma informação que "o nosso pessoal" certamente terá algum interesse em ler, embora não venha esclarecer muito o assunto...

Um abraço.

Miguel Pessoa


Texto enviado pelo Miguel ao Luis Graça:




"Caro Luís:
Tendo em atenção os comentários já surgidos ao post sobre a declaração da independência da Guiné-Bissau, apenas posso deixar-te aqui algumas ideias, pois a memória por vezes prega-nos partidas e a documentação existente é pouca ou nenhuma (o que é o meu caso pessoal).
Os registos na caderneta de voo, pelo menos naquela época, limitavam-se a referir o modelo e matrícula do avião, o tipo de missões efectuadas (ATIP, BOP, RFOT, etc.), o local de descolagem e aterragem e o tempo de voo efectuado nas diversas condições de tempo (contacto com o terreno, por instrumentos, etc).
No caso do Fiat, que por norma descolava e aterrava na BA12, apareceria na caderneta BA12-BA12-Local (nem aparece a localização dos objectivos).
Essa parte era objecto de um relatório de missão, em que se relatava o local, a acção desenvolvida, os resultados obtidos, os comentários achados adequados.
Ora, esses relatórios eram entregues nas Operações do GO1201, analisados nas Informações do Grupo Operacional e disseminados pelos pilotos naquilo que fosse importante reter.
Após o 25 de Abril, quando se começou a antever a retirada das nossas forças da Guiné, grande parte desse material foi destruída - daí a dificuldade que hoje temos em reconstruir um determinado acontecimento daquela época.
É por isso que, quando se fala de Madina do Boé, temos dificuldade em rever o nosso papel nessa data (digo "temos" porque estive a falar com o António Matos sobre este assunto).
De uma coisa tenho a certeza: Naquela data não se bombardeou a zona do antigo aquartelamento, o que me parece lógico, dadas as implicações que um eventual massacre entre a assistência poderia ter a nível internacional.
Naquele período fizeram-se reconhecimentos fotográficos na área, não se tendo detectado quaisquer movimentos (de guerrilheiros ou de população).
Tenho missões registadas na minha caderneta, em todos os dias à volta dessa data, mas não posso lembrar-me onde foram efectuadas - isso não ficou explicitado.
E o mesmo se passa com o António (que, a propósito, me autorizou a falar em nome dele).Recordo-me que próximo dessa data se preparou uma missão com forças terrestres (paraquedistas? operações especiais?) que foram colocadas na zona de Madina, não tendo referenciado ninguém no local (lembro-me que alguém teve a iniciativa de levar uma faiança das Caldas, que deixou no terreno com uma dedicatória para um importante guerrilheiro do PAIGC).
Na visita que fiz ao Guileje em 1995, em conversa com uma figura importante do PAIGC, foi-me confirmado que o local da cerimónia não tinha sido propriamente em Madina do Boé (por ser facilmente referenciado) mas mais a sul - fiquei com a ideia que esse "mais a sul" seria até para lá da fronteira.
Sem pretender botar sapiência cá para fora, limitei-me a tentar dar alguns esclarecimentos sobre este período importante da História da Guiné - da nossa História e da do lado oposto.
Se vires algum préstimo nestas linhas, publica-as.
Um abraço.
Miguel Pessoa"










PS - Depois de ter lido referências às cerca de 400 missões que tinha feito na Guiné como comprovativo do esforço que a Força Aérea fez na Guiné, antes e depois do Strela, fiquei com receio de ter exagerado no número, embora o tivesse na cabeça como referência.
Como sabes, por vezes uma declaração errada pode afectar a credibilidade de tudo o que dissemos antes (por mais verdadeiro que fosse).
Já descansei a alma, pois entretive-me a contar as missões efectuadas na minha caderneta de voo - 408 (o que está de acordo com a minha afirmação inicial), 409 se contarmos com o voo em que fui abatido (por pudor, não registei na caderneta os 20 ou 25 minutos que estive no ar no dia 25MAR73, pois parece-me que, para contar como missão, é de bom tom devolver o avião no fim do voo...).
O número peca por pequeno, embora eu tenha 4 meses de atenuantes.
De qualquer modo, o António Matos terá feito bastantes mais.


Comentário do Luis Graça:


Como tu próprio me disseste ao telefone, tu eras um simples tenente piloto aviador (tal como o António Matos). É bom lembrá-lo. Não tinhas que pensar globalmente, apenas localmente. Muitas das decisões, muitos dos actos e omissões, nossos e dos nosso IN de então, ainda estão (ou ficaram) no segredo dos deuses...
Isso não nos impede de partilhar aquilo que sabíamos ontem e que sabemos hoje, tentando uns com os outros juntar as mil e uma peças do puzzle...Muitos dirão que é um verdadeiro suplício de Sísifo, que nunca lá chegaremos, ao cume da montanha (neste caso, da verdade). Respondo: não estamos a competir com ninguém, a não ser contra o tempo (inexorável)... Estamos a lutar contra nós próprios e a ignorância dos outros, nossos contemporâneos, que nunca souberam onde ficaram o Cheche ou Madina do Boé.
Já que lá estivemos, na Guiné, entre 1963 e 1974, queremos conhecer e compreender o que lá andámos a fazer, o como e o porquê... É natural, é legítimo, é o único direito que não nos podem roubar ou negar...Há falhas na nossa memória individual, há grandes lacunas no conhecimento de muitos acontecimentos de que fomos actores ou testemunhas... Eu não estava lá em 24 de Setembro de 1973, mas já tinha pago o bilhete, sob a forma de trabalhos (es)forçados entre Maio de 1969 e Março de 1971, para ver o resto do filme...
Adorei, Miguel, essa do boneco das Caldas. Havia tugas com sentido de humor. Aliás, havia gajos com sentido de humor, de um lado e de outro.
Temos, no nosso blogue, alguns grandes humoristas da guerra.
Já aqui publicámos textos de antologia, como os do Jorge Cabral ("Cabral só há um, o de Missirá, e mais nemhum", diria o Corco Só, mítico guerrilheiro, morto em combate, comandante da base - barraca... - de Madina / Belel, um dos raros comandantes fulas do PAIGC, que deixava papéis nas árvores do Cuor, em 1969, com ameaças de morte ao nosso camarada Beja Santos)...
Obrigado, Miguel, obrigado, António, pelos vossos dois cêntimos para este novo dossiê...
Há mais malta disposta a dar mais uns tantos cêntimos para este peditório... É pouco ? Não, é muito, é de gente generosa e solidária....
Que não nos falte, Miguel, o tempo e a pachorra.
Ah!, já me ia esquecendo de te dizer: aprecio a tua honestidade intelectual... De facto, contabilizaste apenas (!) 408 missões (completas e bem sucedidas).