sábado, 31 de janeiro de 2009

754 A ESPERANÇA TUDO SUPORTA.


Luís Santos
1ºCbºEnferº Tete
Cacém
Amigo Vítor Barata:
após ler o depoimento do Ten.Pilav. Miguel Pessoa, posso ver o quanto este nosso amigo, sofreu, e penso que muito se tem escrito acerca deste episódio, que não estou a par, tive a oportunidade de ver no site a sua evacuação, de quando foi abatido por o míssil Strella, que passou uma noite em pleno mato com uma perna partida.
Só quem passa por estas provações, é que sabe dar valor á vida, e pensa em tudo o que lhe poderá vir a acontecer, etc.
.É a história das nossas vidas, longe dos nossos entes queridos, e do nosso conforto do dia a dia, foi vivido em tempos difíceis, de que nunca pedimos nada em troca, a não ser a nossa dedicação e amor á nossa Pátria.
Quem não esteve nos teatros de Guerra, não sabe dar valor, nem pode avaliar, o que foi, principalmente na Guiné, que foi o mais evidente, dos sofrimentos dos três ramos das Forças Armadas ai estacionadas, no cumprimento do seu dever, o de defender, as populações, e a nossa bandeira, e em que condições, o fizeram, não olhando a esforços, arriscando a própria vida.
Eu estava no AB7 TETE, em Moçambique, como Enfermeiro, e apercebia-me, como as nossas tropas, Infantaria, Comandos, Paraquedistas, Fuzileiros, que por ali passavam, qual o seu estado de espírito. Depois as evacuações, muitas vezes, estava de folga, pronto para ir até á cidade de TETE, e chegava um avião com feridos, e iam pedir-me, para lhes dar uma mãozinha, no tocante, a verificação de soros, garrotes, verificação, e alivio, para se poder fazer a circulação sanguínea, e voltar a garrotar, até chegarem ao hospital mais próximo, Lourenço Marques ou Beira.
Na época AB7 (TETE) era uma zona muito conturbada, com todas as condicionantes, posso dar valor a tudo o que o Ten.Pil AV. Miguel Pessoa diz, porque no AB7 TETE, também se vivia já com o terror dos Strella, os pilotos dos FiatsG91, DO, jámanifestavam algum receio.
Como enfermeiro, que por vezes, tive que acompanhar doentes a TETE civil, de DO ou nos Heli, já pensava duas vezes, em pleno voo, quando é que nos tocava a nossa vez
Pilotos Falecidos no AB7 TETE, que me lembre, á data: 1971, tivemos três, um o Furriel Manuel Paixão Antunes da Silva, O Furriel Mesquita e o Alferes de Helli, que não me recordo o nome.
O Furriel Paixão, faleceu em consequência de uma falha de motor do DO27, por um dos cilindros, ter rebentado, após descolagem de TETE civil, Aero clube, onde foi fazer uma evacuação de um militar do exercito, vindo de Chicoa.
O Furriel Paixão, tinha chegado de Temboe, e pediram-lhe, se não se importava de fazer aquela evacuação, só tinha que mudar de aeronave, que já estava com os plenos feitos. para não terem que recorrer ao piloto de dia. Ele disse para lhe darem uns auscultadores, e micro, porque o capacete lhe fazia muito calor, e como era só levantar, e passados 7 km aterrar, não justificava o capacete.
Ainda o estou a ver, com a porta do lado dele levantada, e com um sorriso nos lábios, eu que estava, a tentar por um motor de um avião de aeromodelismo em marcha, mas o malvado não pegava, e ele disse-me:
Ó Luís, então isso não pega?! Diz ai ao nosso Cabo que te empreste o Peat-Peat, assim tens corrente com fartura e isso pega de caminho. Eu sorri, e ele lá se despediu de nós com um aceno de mão, e lá foi.
No regresso após descolagem o DO entrou em perda, ele ainda tentou voltar ao aeroclube e aterrar de emergencia, mas não foi possível e caiu no Zambeze.
O Furriel Paixão, morreu com fractura do Occipital, se tivesse levado o capacete, talvez se tivesse safado.
O mecânico de bordo de nome Garrido desapareceu até aos dias de hoje. A porta do seu lado, estava arrancada, porque accionou a alavanca de abertura de emergência,
os cintos de segurança , estavam cortados, nas o Garrido nunca mais apareceu.
O Furriel Mesquita, faleceu em consequência de um passe de Bomba, o T6, foi atingido pelos estilhaços da mesma bomba que lançou, ficou sem comandos, quando recuperava do passe, falou para o seu companheiro de parelha: Qimba, tenho fogo a bordo, o colega, disse-lhe, tenta saltar, não consigo, e despenhou-se num morro á sua frente, em voo invertido.
O Mesquita , tinha por habito, fazer os passes abaixo das quotas exigidas. Nos breefings, já lhe tinham alertado para este efeito.
Quem voava com ele, o Alferes Salbany, que presentemente, era comandante da TAP, já aposentado á pouco tempo.
O Alferes do Alluette III, despenhou-se ao fundo das pistas do AB7, junto ao afluente do Zambeze, o Revugué, eram 6.30H da manhã, eu e meu colega de quarto, ainda estavamos deitados e de repente toca a sirene e eu disse: Olha foi acidente e pelos vistos, é grave, dai a 5 minutos, entra o Oficial de dia muito espavorido: Enfermeiros, depressa, preparem estjos de primeiros socorros e oxigénio, sigam na ambulância, para o fundo das pistas, caiu um Helli.
Quando lá chegamos, o espectáculo era dantesco.
Vi dois corpos a arder como tochas, os bombeiros, accionaram o canhão de neve carbónica e parece-me que ainda era pior, os materiais que estavam em combustão, começaram aos estoiros e a lançar estilhaços para tudo quanto era sitio.
Ao removermos os corpos do local , ainda me escaldei num deles.

Saudações Aeronauticas,

Luís Santos

753 OU NÃO FOSSE ESCRITO POR TI,MIGUEL!

Miguel Pessoa
Ten. Pilav. (Cor.Pilav.Reformado) Guiné
1º Piloto da FAP a ser atingido pelo míssil SAM-7 STRELLA


Lisboa



Em Novembro de 2008,em plena Serra do Caramulo,por ocasião de uma visita com que me quiseram agraciar,O Miguel e a Giselda.







1973 - O Ten.Pilav.Miguel Pessoa,saindo a porta do GO 1201,para mais uma missão no espaço aéreo da Guiné,abordo de um Fiat-G91.


Amigo Victor.

A publicação do livro do Cor Coutinho e Lima sobre a retirada do Guileje e os subsequentes comentários que sobre esta matéria têm inundado o blogue do Luis Graça conseguiram de certa moda tirar-me da inércia que tenho mantido sobre um assunto que tenho considerado demasiado íntimo e difícil de partilhar. E desengane-se quem pensa que isso vai mudar...
Porque, como muitos dos frequentadores deste blogue, dedicamos um carinho especial a um momento difícil das nossas vidas nessa longínqua Guiné, gostaria de partilhar algumas imagens do Guileje que tive a oportunidade de fixar no ano de 1995, quando ali passei uma semana, envolvido na gravação de um documentário sobre o Guileje, realizado por José Manuel Saraiva para a RTP.

1995 - Convidado pela RTP,regressou à Guiné,mais propriamente ao Guileje.Aqui pousa junto ao que ainda restava da porta de armas do aquartelamento.



1995 - Na parada do aquartelamento,junto ao monumento onde,desfraldada ao vento,a bandeira Portuguesa sinalizava a nossa presença,onde ainda se podia ler:



"Vencer sem perigo é triunfar sem gloria.Homenagem da C.CAÇ.3325 aos seus mortos e feridos e aos portugueses de todas as cores,raças e credos que tombaram em defesa da pátria"


Para começar, apresento as minhas credenciais:
Miguel Pessoa, à data Tenente-Piloto-Aviador do Quadro Permanente da Força Aérea.
Cumpri a comissão na Guiné no período de 18NOV72 a 14AGO74, com um intervalo passado em Lisboa (entre 7ABR73 e início de AGO73) para recuperar das mazelas sofridas quando da minha ejecção de Fiat G91, depois de atingido por um SAM-7 Strella durante um apoio de fogo ao aquartelamento do Guileje.
À chegada ao Teatro de Operações estava apenas qualificado para voar o Fiat G-91 mas rapidamente o saudoso Ten Cor Almeida Brito* ministrou-me um curso intensivo de DO-27 que me habilitou a operar este avião por todas as pistas ali existentes (64, se bem me lembro, que as contei na minha carta de voo).
Assim, até Abril de 1973 dividi a minha actividade de voo entre o Fiat G-91 (1/3 das horas) e o Do-27 (os restantes 2/3).A partir daí e até ao fim da comissão a minha actividade de voo foi essencialmente feita no Fiat G-91.
Tem piada que por esta hora já vou adiantado na conversa mas ainda não te mostrei as fotografias... Também não me parece que esteja a falar para os leitores do Blogue pois, como inicialmente referi, não é matéria sobre a qual goste muito de falar.
Assim, parece que te escolhi para interlocutor (ou ouvinte). Ou, pensando melhor, parece-me que afinal estou a falar para mim, que isto de guardar cá dentro todas as emoções que sentimos naquele período é coisa que cansa, principalmente quando se trata de matéria politicamente incorrecta e a que muita gente torce o nariz.
À custa das fotografias já estou a alongar-me. Mas parece-me que vou continuar...
Pelas datas que acima refiro se pode dizer que não estou minimamente habilitado para falar sobre a retirada do Guileje, que no difícil período de Abril e Maio de 1973 estava eu a recuperar de uma perna partida e de uma compressão das vértebras (perdi 2cms de altura...), que isto de se trabalhar sentado também não é tão fácil como pode parecer.
Mas sobre o Guileje só posso dizer que a coisa já não estava boa em Março pois naquele dia (um domingo, 25) eu estava lá para fazer um apoio de fogo ao aquartelamento, na sequência de um flagelamento do IN.Sobre as peripécias desse dia e do período até Abril de 1974 poderei eventualmente pronunciar-me no futuro, que não agora.
Apenas algumas palavras sobre comentários que tenho retirado de diversas intervenções no blogue, e que me parecem menos correctas.
Primeiro que tudo, evitarei fazer juízos de valor sobre atitudes/comportamentos de outros intervenientes naquele conflito, de um lado e do outro; por isso, também não me caiem bem os bota-abaixo sobre a Força Aérea que tenho lido, da parte de pessoas que não estarão habilitadas para o fazer, por não disporem de todos os dados do problema.
Acredito, sim, que na maior parte das vezes todos nós (dos 3 ramos) fizemos o melhor que podíamos, tendo em conta as nossas limitações no número e qualidade dos meios à disposição e o grau de motivação que nos animava (o que variava de sítio para sítio).
Dizer da inoperância da Força Aérea é fácil, principalmente quando somos nós os afectados - nas Urgências também sucede que somos deixados para mais tarde quando é necessário atender outros que estão piores que nós - e de certeza que nos vamos queixar.
Lembro-me de ter contabilizado à volta de 400 missões que efectuei na Guiné, mesmo com o interregno da minha recuperação no continente/metrópole/Portugal (escolher a palavra preferida, que essas discussões já começam a cansar-me).
E o mesmo se terá passado com os outros pilotos. Se isso foi deixar de voar, O.K.!
Reconheço que os apoios de fogo se tornaram mais difíceis de fazer dado o facto de se utilizarem novos parâmetros de voo - altitudes de entrada e de largada do armamento mais elevadas, o que diminuía a precisão (acrescida da nossa preocupação de não acertar nos nossos, ponto de honra de todos os pilotos), bem como o facto - que até agora suponho não ter sido referido - de a recuperação dos passes ter que ser feita com um aperto mínimo de 4 G's, mas que normalmente rondava os 6, 6,5G's (6 a 6,5 vezes a aceleração da gravidade).
Isto implicava factores de carga tão elevados no avião que obrigava o piloto a largar as bombas todas no mesmo passe, sob risco de ultrapassar os limites estruturais do Fiat, danificando-o (isto no melhor dos casos...).
Lembro-me de ter-se começado a verificar corrosão prematura nos rebites nas asas e na cauda, o que, aprofundado, se verificou ser resultante de longarinas rachadas, derivadas desses apertos constantes em todos os voos. E a verdade é que quando tive Strellas atrás de mim, não me lembro de olhar para o acelerómetro (g-meter) para ver quantos g's é que estava a meter no avião para me safar...
Isto limitava naturalmente a capacidade de ataques pontuais sucessivos, como os nossos camaradas no terreno pretenderiam.
Tal foi um pouco compensado com a utilização de armamento mais potente (as tais bombas de 750 lbs), o que, por si, justificava o uso de altitudes maiores de recuperação, para mantermos o avião fora do envelope das explosões (alcance dos estilhaços). E, logicamente, este material não poderia ser largado tão próximo das NT como anteriormente.
Acabado este desabafo, vamos então às fotografias...
É interessante que, olhando a fotografia do aquartelamento publicada no blogue, se realçam os campos abertos que permitiam às NT ver uma eventual aproximação do IN e a nós, pilotos, poder fazer uma boa aproximação ao aquartelamento e dispor de um espaço razoável para "pôr o estojo no chão". E, claro, tirá-lo de lá depois...
Não foi nada disso que pude observar no local quando lá voltei em 1995 - por terra, claro...
Aliás o monte de baga-baga que está numa das fotos, ao pé da porta d'armas, está no enfiamento da antiga pista (desaparecida).
O espaço acimentado que mostro noutra fotografia foi outrora a placa de helicópteros (usada por mim em 26MAR73, quando daí fui evacuado para Bissau).
Agora, na realidade, a placa está muito mais agradável pois dispõe de amplas sombras que lhe são fornecidas pela majestosa vegetação que ali prolifera pelo meio do cimento, com 10 ou 15 metros de altura (e 20 anos de crescimento selvagem, à data).
Finalmente, uma foto com monumentos que ficaram no aquartelamento e que dali não foram retirados pelo PAIGC, embora antes da nossa chegada estivessem cobertos pelo capim que ali existia - o qual foi limpo a mando da produção, para permitir a realização do documentário.
E por aqui fico, que a carta vai longa e já ultrapassou em muito o que eu tinha planeado.Sobre o seu conteúdo, farás dele uso do modo que achares mais conveniente, com a eventual omissão de partes do texto que consideres não ter interesse para publicação.Saudações a todos os ex-combatentes (**) da Guiné e às respectivas famílias, que tanto sofreram com a sua ausência.
Um abraço fraterno
Miguel Pessoa
*Comandante do GO (Grupo Operacional) 1201,1º Piloto da FAP falecido vitima do míssil SAM-7 STRELLA.
** Refiro-me a todos os que foram mobilizados para a Guiné,que isto de combater,cada um fá-lo da maneira que pode e sabe,e nas funções para que está mais habilitado.
VB: Olha Miguel,esta mensagem que nos transmites,só conheço uma pessoa com sensibilidade humana e intelectual que o pode fazer, ÉS TU!
Foi para mim demorada e emocional a leitura da mesma,pois obrigaste-me a recordar e aquele domingo de Março (25) em que guerra para mim tinha "parado" em virtude de, na companhia de diversos companheiros, termos tido autorização superior(o que era habitual)para irmos passar o dia a Bubaque,na praia e longe do TO.
O convívio foi excelente,o pior estava reservado para o regresso.
Recordo-me perfeitamente que viajava-mos na DO 27,não sei precisar quantos,divertidos pelo momento de alheamento ao nosso mundo habitual,eu viajava sentado na cadeira ao lado do piloto com os inter-comunicadores nos ouvidos,à velocidade cruzeiro (2750 RPM),quando, mais ou menos a meio do percurso ouço a torre de controle a chamar,diversas vezes,pelo o Pessoa( ou melhor,pelo indicativo que não recordo) e...nada! Lentamente,fui virando a minha cara para olhar a cara do companheiro piloto e verifiquei que o mesmo se passava dele para mim. Quando nos olhamos,olhos nos olhos,cada um de nós expressou ,através daqueles órgãos ,a dor que se abateu entre nós:-Perdemos o Pessoa! Perdemos um GRANDE COMPANHEIRO!
Transmitimos a noticia aos nossos companheiros,que ainda não sabiam visto só eu e o piloto virmos equipados com meios próprios para ouvir as comunicações,foi o final da festa,as lágrimas chegaram a deslizar para cima de alguns bigodes...
Felizmente tudo acabou em bem.
Sobre a maneira como muitas vezes somos (FAP) interpretados e classificados por muitas pessoas,já algumas vezes me manifestei neste espaço,cada um é livre de o fazer como melhor o entender,mas que o faça com justiça e dignidade!
Deixa-me dizer-te sobre este assunto e como tens acompanhado,chegam-nos diversas opiniões que têm sido publicadas,algumas delas retratam episódios que são verdadeiras obras literárias escritas com muita veracidade e rigor por companheiros cuja sua capacidade escrita é elevada.
Já algumas vezes nos temos dirigido a alguns companheiros de outras armas no sentido que nos esclarecerem de determinados episódios por si escritos em obras publicadas mas...vamos continuar à espera!
Por fim as nossas desculpas e só agora publicar-mos este artigo,mas o tempo assim o permitiu.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

752 RESPOSTA AO APELO DO DR.LASSANA SAMBU.


António Damaso
Sargº.Mor Paraquedista Guiné
Montes-Odemira
No dia 27.01,recebemos do Dr.Lassana Sambu,uma solicitação no sentido de saber de alguem que lhe possa prestar informações a vida militar de seu pai,Dua Sambu,Paraquedista da C.Caç.13,durante a guerra colonial na Guiné.

O nosso companheiro António Damaso enviou-nos este Email sobre o assunto:


DUA SAMBU
Em resposta ao apelo do Dr. Lassana Sambu, venho informar que após pesquisa detalhada, constatei que no período em referência, não existe nenhum Pára-quedista com o nome de DUA SAMBU.
Por acaso, lembrei-me que o Batalhão de Caçadores Pára-quedistas N.º 12 com sede em Bissalanca desde 1966 a 1974, em 6 de FEV de 1968, recebeu uma Companhia de Milícias Guineenses, à qual deu instrução militar e operacional, tendo realizado operações conjuntas no período de 31 MAR a 7MAI68, desconheço qual foi o destino dessa Companhia.
Lembro ainda que durante a instrução, o ataque à BA 12 provocou baixas nos instruendos pelo rebentamento de uma granada de morteiro numa tenda, isto no dia 19FEV68.
Após pesquisa no GOOGLE sobre CCAÇ 13 BISSORÃ, verifiquei que foi formada a CCAÇ 2591 em Portalegre, constituída apenas por quadros e que foi para a Guiné em 1969 com o nome de Leões Negros, que foi extinta em 18JAN1970, tendo dado origem à CCAÇ 13, Leões Negros também conhecida por Companhia dos Balantas de Bissorã.
Agora no campo das hipóteses:
Pode ser provável que a CCAÇ 13 tenha sido formada com alguns dos Milícias atrás mencionados, com formação dada pelos Pára-quedistas.
O Sr. Carlos Fortunato que foi Furriel. Miliciano na CCAÇ 13, talvez possa prestar mais alguns esclarecimentos.
Saudações Aeronáuticas
Dâmaso

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

751 UM PEDIDO QUE VEM DE BISSAU.





Companheiros

O Dr. Lassana Sambu enviou-nos o Email,que a seguir transcrevemos, solicitando informações de seu pai Dua Sambu, Paraquedista da CCAÇ 13, em Bissorã.

Emºs Srs:
Estou fazendo este apelo partir da Guine-Bissau, mais particularmente de Bissau.
Ao navegar nos vários sites relativos a guerra colonial na Guine tive a oportunidade de reviver um pouco desta rica e dolorosa historia lendo sobretudo o site "especialistasdaba12".

Visto ser um Blog relacionado com Guerra Colonial, ocorreu-me a ideia de lhes escrever para poder ter informacões sobre o meu pai que serviu a tropa portuguesa exactamente em Bissora norte da Guine.
Nome completo: DUA SAMBU

Especialidade: PARAQUEDISTA

Localidade : POVOACAO DE BISSORA

Ano provável em que esteve na tropa: 1968-1973
Toda e qualquer informação a respeito deste ex-soldado português ser-me- a útil para a reconstituição da sua historia.
Sou Lassana Sambu de 46 anos de idade licenciado em ciências matemáticas,funcionário do Banco Central dos Estados da África Ocidental (BCEAO) em Bissau
Antecipadamente o meu muito obrigado

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

750 CORROBORANDO COM O TEN.PILAV.ANTÓNIO MATOS ,EM DEFESA DA FAP.



Manuel Lanceiro
Esp.MMA (Canibias) Guiné
Lisboa





Barata .
Em defesa da minha dama (os Canibais) e para corroborar as palavras do (na altura) Ten. Pilav. António Matos, sobre a indiferença com que a malta da FAP é tratada, a maioria das vezes com algum desdém.
Quero lembrar, que na generalidade das operações, que se fizeram na Guiné, nós tivemos sempre papel importante, quer no apoio sanitário quer com o heli-canhão quer na colocação de tropas nos teatros operacionais.
A operação Ametista Real não fugiu à regra, nós estivemos lá, só não fomos ao outro lado da fronteira, mas estivemos em alerta, no dia 18 e 19 de Maio, em Bigene e Canturé.

E para que não haja dúvidas que durante o mês de Maio/73, foi dos que mais se voou na Guiné, junto a cópia da folha da minha caderneta de serviço aéreo.
Chamo a atenção que éramos dezasseis mecânicos em serviço na linha da frente dos helicópteros, portanto dá para se perceber quantos saídas se fizeram naquele mês.
Chamo ainda atenção que infelizmente a maior parte destas saídas foram evacuações.
Um abraço.
Manuel José Lanceiro

749 SOLDADOS DE PORTUGAL FUZILADOS CLANDESTINAMENTE.


Arlindo Pereira (Piriscas)
2ºSargºMil. MMA Tete-Moçambique
Lisboa
Soldados de PORTUGAL fuzilados clandestinamente
Caro Paiva e Sousa:
Escrevo-lhe estas linhas para esclarecer o sucedido com Aruna Candé, depois da sua saída da Guiné.
Ele, que era o milícia n.º 35/64, em 1968, passou a pertencer à 2.ª Companhia de Comandos Africanos, constituída em 1971.
Foi o porta-estandarte desta companhia com o posto de furriel. Como diz, ele encontra-se na fotografia da capa do meu livro "Guerra, Paz e Fuzilamento dos Guerreiros; Guiné 1970-1980" (2007), juntamente com o Tenente Adriano Sisseco (depois graduado em capitão), Comandante dessa Companhia e o Alferes Aliú Sada Candé (condecorado com a Cruz de Guerra). Todos estes graduados "comando" seriam fuzilados clandestinamente depois da independência da Guiné.
Nas páginas 143 a 146 daquele livro encontram-se as identidades dos 20 oficiais, 29 sargentos e 4 soldados dos "Comandos Africanos", que foram alvo de tais atrocidades e com os nomes implantados numa placa junto do Monumento ao Esforço Comando, agora no Centro de Tropas Comando, na Serra da Carregueira.
Não serão crimes contra a humanidade (que não prescrevem) fuzilar clandestinamente (normalmente nas proximidades das prisões) estes detidos, que não tiveram a mínima possibilidade de se defenderem das acusações que lhe seriam atribuídas e enterrados em valas comuns?
Tal sucedeu com Aruna Candé, nascido em 11-6-1946, em Farim e que, depois já graduado em 1.º sargento, seria fuzilado em data não determinada, em Cuntima.
Saliento o que ele afirmava, quando, com simplicidade, se dirigia neste aerograma ao "seu" Alferes Paiva e Sousa.
Depois de perguntar pelo seu primeiro comandante de pelotão dos "Roncos de Farim", o Alferes Filipe Ribeiro, apenas escrevia: "Se o encontrares diz-lhe que eu lhe mando muitos cumprimentos, um abraço e aperto de mãos".
A propósito, recordo que o Presidente do Senegal, Leopold Senghor (poeta e membro da Academia Francesa) também colaborou nos referidos mortícinios, ao mandar fazer a entrega na Guiné, às forças do PAIGC, de militares dos comandos, tropa normal, fuzileiros, milícias e outras autoridades gentílicas, que se tinham exilado naquele país e, na maioria, seriam igualmente fuzilados clandestinamente.
Alguns dos poucos comandos africanos que lá permaneceram, viriam para Portugal, nos anos 80, com o apoio da Associação de Comandos e podem comprovar o sucedido.
Janeiro de 2009 Coronel Manuel Bernardo O Aruna foi fuzilado na mata do Oio?.
Está na capa do livro do T.Cor Bernardo.
Ao arrumar a correspondência da Guiné encontrei esta carta que veio aumentar a minha desolação. (...)
Nós milicianos valíamos mais e merecia mais o nosso esforço.
Tanto trabalho, tantos riscos.
Que nojo de revolução!
Abraços Manuel

748 CONTACTO-MENSAGEM.

DªAna Brito
Esposa do nosso Companheiro Ten.Cor.Pilav.Almeida Brito

Boa noite sr. Victor Barata!
Após o ultimo contacto venho de novo comunicar consigo.
Desculpe esta falta, mas isto por cá não vai muito bem... escrevo-lhe com a mão esquerda porque estou com a direita imobilizada esperando até terça feira para saber se preciso de ser operada ou não.
Fracturei numa queda em plena rua. Fui de 112 para S. Francisco Xavier e depois remetida para o hospital da Parede. Fiquei com diversas lesões e vamos a ver como será para a frente.
Aproveito para lhe comunicar que vi a foto postada no seu blog do avião onde ia o meu marido foi a ultima peça que se encaixou no ""puzle"" que esteve por terminar durante estes anos todos...A duvida - que me tem silenciosamente atormentado estes anos todos, mas lá. sempre presente.
Da analise - observação - conclui-se não a mentira que me contaram mas sim o que está bem bem à vista : ele ainda tentou aterrar em campo aberto - vê-se nitidamente que não está dentro da mata...(desculpe este desabafo).
Outro assunto .
Para terminar vou contar-lhe um facto ocorrido no dia l3-7-08.
- Fui com um ramo de flores para colocar no monumento dos mortos do Ultramar em Belém. Apanhei um táxi com um condutor muito amável.
Como não podia deixar de ser - de acordo com o local para onde eu ia o sr. falou da guerra e se eu tinha tido lá alguém - eu respondi afirmativamente mas sem me identificar. O sr. contou que tinha estado na Guiné, na F.A em 72-73 como cabo da especialista e referiu com todos os pormenores., mas todos, o caso do meu marido:
- Olhe, minha senhora, era um senhor (aqui menciona tudo que achou por bem referir) toda a gente dizia que ele até ajudava os mais "baixinhos" embora tivesse uma graduação já bem alta ... foi um acontecimento terrível. Olhe minha senhora, ainda estou a ver a figura dele mas não me lembro do nome.
.:- Eu disse o nome e ele perguntou com muito espanto :
-O quê ? a senhora conheceu esse senhor, estava lá ?
- Nesse momento já estávamos parados a conversar junto ao monumento - e eu disse-lhe : -Era o meu marido .
O sr. ficou tão espantado levou as mãos à cabeça e sempre num espanto disse isto:
-Minha senhora eu ando neste serviço há muitos anos e nunca me tinha acontecido uma destas !!! Mas o quê que se passou aqui dentro deste carro neste momento, a sra. pode explicar-me ???
- Eu disse-lhe assim : E, o sr. pode, por acaso, explicar-me ???
- Ele dizia sempre:- Aconteceu aqui qualquer coisa que não tem explicação - mas que coisa mais estranha , meu Deus !!!
Após uma longa conversa eu peguei numa nota para pagar o transporte e ele disse-me :
-Minha sra. dá-me licença que lhe ofereça do coração, esta pequena despesa ?
Aceitei como deve calcular a gentileza do sr.mas fiquei, como ele a pensar nesta tão estranha coincidência .
Sr. Victor, será possível facultar-me essa foto do avião ?
A do blog não dá para o fim que pretendo - (está muito pequena ) se estiver interessado em saber posso um dia contar-lhe... é uma luta que dura há muito tempo.
Cumprimentos
Ana Brito

VB-Dª.Ana, primeiro que tudo espero que esteja a recuperar bem do acidente que teve e que lhe causou as mazelas que nos descreveu.
Depois queria dizer-lhe que, do que nos relata desse motorista de taxí que a transportou,não nos estranha porque na realidade somos uma família muito grande,dispersa por todo o mundo e com diversos extractos sócio-profissionais.
Não se admire se amanhã tiver uma passagem destas com um,servente,um barmen, advogado,engenheiro,médico,etc.,pois quando entramos para a FAP já nos eram exigidas algumas habilitações literárias,mas durante o tempo que permanecemos nas suas fileiras,também aproveitamos para dar continuidade a diversos cursos.Recordo que regressei dois anos mais cedo da Guiné para fazer exame de aptidão ao Instituto Industrial.
Independentemente de tudo,tínhamos,de formação,uma educação muito elevada.
Sobre a foto que nos pede,obviamente que iremos tratar desse assunto o mais breve que nos for possível.
Despedi -mo-nos com votos de rápido restabelecimento.

domingo, 25 de janeiro de 2009

747 O ZÉ RIBEIRO NA APRESENTAÇÃO DA DIRECÇÃO DO NÚCLEO DE LISBOA,AEFA.


José Ribeiro
Esp.OPC Guiné
Lisboa
Amigo, Victor.
De acordo com o combinado, sobre a apresentação da nova equipa dirigente da delegação de Lisboa, informo-te que o pessoal recentemente nomeado apresentou boas ideias sobre o que será a delegação futuramente no que concerne à sua futura actividade.
Houve uma participação substancial, cerca de 100 associados, alguns pertencentes à Delegação de Setúbal, sendo que no que se refere ao convívio e almoço nada a dizer de negativo, quer na minha parca opinião, quer do que ouvi dos outros participantes.
À de destacar a presença de um elevado número de "NANAMUE", o que indicia uma maior participação e apoio deste grupo em eventos que por ventura possam vir a ocorrer, julgo.
No que se refere ao envio de fotografias do evento o nosso amigo, João Carlos Silva, enviar-te-á as fotos, sendo que já não foi necessário eu utilizar a minha máquina.
Acresce que um membro da equipa dirigente fotografou todo o pessoal, julgando eu que vai pôr no novo sítio da Delegação de Lisboa, em criação.
Com cumprimentos amigos e especiais, me despeço.
JLRibeiro
VB.Obrigado Zé Ribeiro.esperemos que estes nosso companheiros venha em bem para colocar um pouco de tranquilidade e união à nossa grande família ESPECIAL.
Vamos todos colaborar e desejar-lhes felicidades para o mandato

746 APRESENTAÇÃO DA DIRECÇÃO DA AEFA,NÚCLEO DE LISBOA.



João Carlos Silva
Esp.MMA 2ª/79



Sobreda da Caparica



No passado dia 24,em Oeiras,o Núcleo de Lisboa da AEFA fez a sua apresentação aos seus associados.
Antecipadamente coloca-mo-nos à disposição destes nossos companheiros disponibilizando os nossos préstimos para o que entendessem em prol da nossa Classe.
Assim,também não quisemos deixar de assinalar a nossa presença neste momento solene na vida da família ESPECIAL,com a presença do nosso Tertuliano João Carlos Sousa,que nos enviou algumas fotos que assinalaram o acto,bem como sua leitura do mesmo.





Direcção da AEFA, Núcleo de Lisboa.Esq/Dir.Jorge Almeida,Carlos Colaço,João Pinheiro e Carlos Barciela.

Aspecto geral da Assembleia


Durante o almoço,uma vista da sala.




Companheiro Víctor,
Ontem estive no encontro da AEFA Lisboa e envio-te algumas linhas sobre o evento
Companheiros.
Foi com todo o gosto que estive este dia 24 de Janeiro de 2009 no encontro da Delegação de Lisboa com organização da recentemente empossada direcção.
Este encontro teve lugar no Centro de Apoio Social de Oeiras (CASO), inserido no Instituto de Acção Social das Forças Armadas (IASFA).A nova direcção recebeu os cerca de 110 participantes com um discurso às "tropas" e com a apresentação de uma maqueta do que será o aspecto e conteúdos do futuro "site" da AEFA Lisboa.
Neste discurso ficou claro que havia trabalho de casa, uma mensagem de união e de vontade de realização, assim todos nós possamos modestamente contribuir, por exemplo participando nos eventos que vierem a ser propostos.
Como sempre, nestes encontros a expectativa e emoção estão a níveis altos, pois não é todos os dias que temos a possibilidade de encontrar antigos companheiros e reviver tempos inesquecíveis.
Pela minha parte, os meus contemporâneos são realmente escassos, sendo o grosso da fileira constituído pelo pessoal dos anos sessenta e inícios de setenta.
Aqui fica claro que os laços de fraternidade construídos nas duras comissões do ultramar deixaram marcas indeléveis.
Desta forma menciono alguns companheiros que eu já conhecia da nossa tertúlia da linha da frente como o José Ribeiro, Arnaldo Sousa, Adelino Sousa, Vicente Brás (Especialistas da BA12), de outros encontros como o Carlos Jeremias (Saltimbancos), Luís Henrique, Miguel Parada, Carlos Inácio (NANAMUEs) e do Núcleo de Setúbal como o Manuel Cascão.
O Arnaldo, o Adelino e o Brás são da mesma recruta e da mesma comissão na Guiné do Mota que eu referi, em mensagem anterior, ser o Cabo Especialista mais antigo da Força Aérea, na altura em que eu estive na Linha da Frente dos FIAT G-91 na BA6.Foi feita chamada por anos, sendo o mais antigo Especialista presente da incorporação de 1951 (é obra).
Também tive a oportunidade de rever o Ivo Baptista e o Agostinho de quem fui colega de trabalho. Vamos tentar nos próximos encontros trazer mais, pois vários profissionais dessa casa (agora reformados) foram Especialistas.
Durante o almoço, conheci o especialista melec/instrumentos de avião Mário que esteve na Guiné de 68 a 70 nos Alouette III e DO-27 e que tanto eu como o Arnaldo Sousa desafiámos a participar no "nosso" blog, pois relatou diversos episódios bem interessantes.
Estiveram também presentes alguns mais novos, poucos mas bons.Embora venha participando nestes encontros há pouco tempo, penso que o dinamismo da Direcção, a mensagem transmitida e a participação que se registou (ainda falta pessoal mais "moderno") tudo contribui para poder prever bons tempos para a nossa AEFA e para a união da Família Especialista.
Enfim, mais um dia bem passado no seio da Família Especialista.
Já aguardamos o próximo encontro.
Saudações Especiaias a todos os Tertulianos da Linha da Frente e a todos os Visitantes deste Especialistas da BA 12.
João Carlos Silva,



745 O FIM DE UM GRANDE HOMEM,UM GRANDE COMANDANTE!



Gualdino Moura Pinto
Cor.Pilav.


Comandante da Zona Aérea de Cabo Verde e Guiné
Comandante da Base Aérea nº 12




Percorrendo alguns artigos na Net,como faço habitualmente,deparo com um que me deixou estupefacto.A CAUSA DA MORTE DO COMT:MOURA PINTO.
Sabia realmente que tinha falecido e,segundo as informações que me tinham fornecido e que eu fui transmitindo a quem me procurava,a causa tinha sido doença prolongada.
Venho a saber agora,passados 31 anos,foi vitima do acidente da TAP em 19.11.1977 no Aeroporto do Funchal!
Aqui reproduzimos uma foto,enviada pelo Arnaldo Sousa, quando se despediu da Guiné como Comandante da Zona Aérea e Piloto ,junto de pessoal que componha a linha da frente dos Fiat's:







Junto anexo a foto do pessoal dos Fiat G91/R4 e alguns pilotos.O Comandante da Zona Aérea e da BA12,Coronel Gualdino Maria Moura Pinto(Já Falecido).Da esq./Dirª em pé:SargºRobalo,SargºAntunes,SargºPinheiro,SargºGuaudêncio,Cap.Pilav.Letras,Cor.Pilav.Moura Pinto,Major Pilav.Pedrosa,Cabo Veríssimo,Cabo Pinto,Cabo Sousa,SargºDuarte.Em baixo:Cabo Lopes,Furriel Pinheiro,Sarg.Ramiro,Cabo Brás,Cabo Veríssimo(II).Na escada do avião o Ten.Pilav.Matos.Esta foto de despedida foi tirada dias antes da partida do coronel Moura Pinto para a Metrópole.Pessoa muito educada e de poucas falas,passava com muita calma e esboçando um ligeiro sorriso,inspecção ao avião sem tecer comentários e sem encontrar ponta por onde pegar como se costumar dizer.Todos o admiravam.Cumprimentos.Arnaldo Sousa MMA 1ª/72



A NOTICIA DO ACIDENTE:


Acidente mortal com avião da TAP, ocorrido a 19/11/1977 no Aeroporto do Funchal com o TP 425 vindo de Bruxelas.

Tripulantes falecidos nesse acidente:
Cmt. João Mimo da Costa Lontrão
Copiloto Miguel Ângelo Guimarães Leal
Técnico de voo Gualdino Maria Moura Pinto
Chefe de Cabine José António de Quental Paveia
Comissário de Bordo Carlos João Arroja Simões

Assistente de Bordo Gilda Soares de Varela Cid Cunha Maldonado



Envergadura: 32,92 metros
Corda (na raiz da asa): 7,70 metros
Comprimento total: 45,76 metros
Comprimento da fuselagem: 41,49 metros
Interno da cabine: 28,46 metros
Largura máxima da cabine: 3,55 metros
Altura máxima da cabine: 2,18 metros
Área de piso: 91,05 metros quadrados
Volume da cabine: 188,4 metros cúbicos
Superfície Alar: 157,90 metros quadrados
Desempenho com peso de 78.015 kg:
Velocidade Máxima a 6.585 metros: 1014 km/h
Velocidade de cruzeiro a 5.800 metros: 958 km/h
Velocidade económica a 9.150 metros: 914 km/h
Velocidade de perda sem flaps: 302 km/h
Razão de subida: 793 metros por minuto
Teto de serviço: 10.730 metros
Distância de decolagem: 1.774 metros
Equipagem: 2 pilotos, 1 operador de sistemas e 5 tripulantes de cabine
Capacidade: Até 189 passageiros

Ás 21h35 do dia 19 Novembro de 1977, o voo TP425 tentava aterrar no Aeroporto de Santa Catarina na Ilha da Madeira. A tripulação, cansada do 5º voo desse dia, tentava uma terceira aterragem na pista 24 num dia de temporal, com muita chuva e consequente fraca visibilidade.O comandante João Costa sabia que caso não conseguissem aterrar, teriam de divergir para o Porto Santo onde não haveria de modo algum alojamento para os 156 passageiros e 8 tripulantes que vinham de Bruxelas via Lisboa. Consequentemente seria necessário divergir para a Gran Canária a 400km de distância.
A aeronave era um B.727-282ADV, versão 200 com capacidade para 189 passageiros e fabricada para a TAP (dai o código 82) e entregue 2 anos antes. Era um tri-reactor (com motores Pratt&Whitney JT8D), número 1096 da linha de produção. Ostentava o nome do pioneiro da aviação portuguesa, Sacadura Cabral, curiosamente falecido num acidente aéreo no Canal da ManchaAs cores da TAP eram ainda o branco e vermelho, a mudança para verde e vermelho seria para três anos mais tarde. Na altura ainda se lia "Transportes Aéreos Portugueses" ao longo da fuselagem.Após a aproximação o avião aterra muito para além do normal, faz aquaplaning numa pista muito molhada e sai pela cabeceira da pista fora, que tinha um desnivel de dezenas de metros em relação á estrada. Cai uns metros mais abaixo em cima de uma pequena ponte de pedra, desfaz-se em duas partes, a traseira que fica cortada atrás das asas em cima da ponte e o resto que cai na praia de calhau e irrompe num mar de chamas.









No rescaldo:
Pessoas à bordo: 8 tripulantes e 156 passageiros = 164
Vítimas fatais: 6 tripulantes e 125 passageiros =131




A TAP deixou de operar o modelo 727 da série 200 para a Madeira, passando apenas a operar o 727-100, 5 metros mais curto e com capacidade para menos 60 passageiros.
Durante muito tempo ainda se encontravam destroços do avião na praia. Alumínio derretido entre as pedras muito tempo ficou, formando "obras de arte". Eis aquilo que ficou em minha posse:


Este bocado servia de túnel para os meus carros quando era puto. Sempre quis saber donde era, o meu pai achava que era de uma asa.
Apenas no ano passado um mecânico da TAP me conseguiu descobrir o que era...Era um eixo de um flap, feito em magnésio (aquilo é incrivelmente leve).
Este foi o único acidente mortal da TAP em voo de transporte de passageiros.



















sábado, 24 de janeiro de 2009

744 O RECONHECIMENTO DO PROFESSOR AO ALUNO.

Sarrazola Martins
Cap.Tec.MMT

(hoje Cor.Téc.MMT (Reformado)



Meu caro Castelo Branco:
Foi um prazer encontrar alguém que ainda se recorde de mim e dos bons velhos tempos da Ota.
Obrigado a si e ao Condeço por te- rem proporcionado este encontro que me deixou feliz. Obrigado pelas suas palavras que considero desmerecidas e pelas fotos que teve a gentileza de me enviar.
Encontros destes são um balsamo que tempera a vida, particularmente quando a idade avança rapidamente e se aproxima do fim.
Agradeço os seus mails, que so agora estou a abrir com muito interesse e que se não se importar irei divulgar pelos grupos da NET em que estou integrado e lhe retribuirei sempre que tenha algum que considere com interesse.
Quando voltar ao Continente terei todo o prazer em que nos reencontremos.
Um abraço de amizade e agradecimento por tudo o que de bom e agradável teve este encontro.
Sarrazola Martins

743 TODOS FORAM"ESPECIAIS" NA MANUTENÇÃO DA MINHA MÁQUINA!


Fernando Castelo Branco
1ºSargºMMT Moçambique
Terceira-Açores
AMIGO Victor
Como sempre e que seja por muitos anos ou então até que Deus queira; serás sempre o “NOSSO OFICIAL DIA AO AERÓDROMO;(ESPECILISTAS DA GUINÉ; MAS SEMPRE FAP)”?!...
AMIGOS, em tempos, que hoje com SAUDADE E AMIZADE recordamos, éramos nós ZÉS ESPECIAIS;(AQUELES, que nunca disseram NÃO a PORTUGAL, nem tão pouco; viraram as costas a quem muitas vezes merecia que o fizéssemos…), dávamos assistência, ás máquinas , cada um na sua Especialidade, desde o Soldado Ordenança ao Senhor Comandante…
Entretanto com o passar natural dos ANOS, os termos inverteram-se, somos nós agora que precisamos de assistência, (felizmente, que somos poucos) e seria agradável que ninguém precisasse, mas calhou a mim desta vez, sempre tive que ir ás “oficinas gerais/HOSPITAL SANTA CRUZ”…
Descolei do meu porta aviões/Ilha TERCEIRA”, com vontade de regressar, como durante “treze anos”, muitos dos NOSSOS CAMARADAS, partiram com a mesma “esperança”, o que infelizmente, ALGUNS, para não dizer muitos, não puderam regressar á BASE, porque “VOARAM MAIS ALTO” e talvez um dia nos encontremos novamente na “mesma base”para assim podermos dar-lhes os abraços que eu também levei comigo na bagagem?!... Não foi possível dar a TODOS, mas, TODOS, em espírito, por mim foram abraçados , sabendo que quando me acendeu a luz vermelha como o Nosso Augusto diz, ficaram em alerta e de prevenção
Depois de duas horas de viagem no dia 13 de Fevereiro, a bordo de um avião diferente daqueles que nos transportavam em tempos distantes, cheguei a Lisboa, tive a MINHA muito “ESPECIAL” MARTA, á minha espera; seria a “minha condutora de dia”,









levou-me a perto do Palácio de Queluz, a dar um abraço ao Nosso “ferrugem”, porque fomos MMT, mas da FAP, AMILCAR CONDEÇO, já não nos víamos quase á trinta e sete anos, a ultima vez que estivemos juntos, foi aqui no “porta-aviões/LAJES-BA4”, mas na altura, praticamente “aterrei e Ele descolou”, para a “Vossa GUINÉ”?!…
Houve abraços e lágrimas sentidas e rapidamente, com o olhar atento dos nossos filhos, a minha filha e o filho mais velho dele, contamos algumas histórias de “meninos/asinhas”…


O tempo, voava, quase mais do que a aeronave que me transportou, tinha também que, abraçar os PA`s, na Pessoa do Nosso RUI ELVAS, em tempos”fomos inimigos” ás Portas d`Armas, hoje como Civis , somos Amigos com Saudade.

Como já muitas vezes se disse que a FAP, para nós foi uma BOA ESCOLA, realmente, foi o que encontrei na Pessoa do “nosso” Rui Elvas, estava á Civil, mas estava bem ataviado, quase que parecia que estava de Licença 109 do RDM, mas com o “pré modernizado”, não têm prémio de Especialidade, mas já não é preciso andar a fumar á crava?!…
Chegou o dia 14, eram 09 horas, apresentei-me nas “Oficinas”, dirigi-me á Secretaria da “Esquadrilha de Manutenção”, entreguei a” Guia, de marcha ou de voo”,mandaram-me ficar em linha de espera…até que depois de mudar de “hangar”, puseram-me em cavaletes e com fios, que não sei se eram de terra, ou o que eram, só sei que a equipe era composta por cinco especiais, o Dr.Manuel de Almeida, por sinal Natural de São Miguel, recordei-me logo que o Primeiro Presidente da Republica, MANUEL DE ARRIAGA, também era Ilhéu, pus de parte os “bairrismos” e fiquei nas mãos Dele, assim como o Dr.João Brito, Técnica Ana Monteiro, Técnico Victor Martins e o “divertido” Enfermeiro João que era o “abastecedor”, (era este que de vez em quando, ia metendo “combustível” nas veias) por ordem do Chefe da Linha e executando com aquele ar de rebelde e divertido como á muitos anos fazíamos…


Graças a Deus, tudo correu bem e só LHES tenho a agradecer com um grande OBRIGADO por Toda a Dedicação e Brio, que demonstraram ao saberem usar “as ferramentas na reparação de uma máquina, que a dada altura falhou”…
Estive em ponto fixo algumas horas na “placa de recobro”, até que me fui juntar Aquelas que eu Amo, Mulher e filha Marta, tinham-se também “apresentado” de manhã na mesma altura que eu…


Para minha surpresa, tinha o Nosso Especial Eis Enfermeiro VEIGA também á minha espera, só com a diferença, que em vez de estar com bata de Enfermeiro, como ele há muitos anos fazia, estava todo equipado á maneira, quase que parecia o Director do Estabelecimento…
Pois AMIGOS, assim foi a reparação, fiquei de noite no Hospital e ao outro dia quando saí, com a reparação feita e “encasquilhado”; sentia-me novo!??...



Como estava combinado, com o Amilcar Condeço, depois de Ele me ter” presenteado”; com o que eu não mereço, “acho eu”, uma PLACA DE AMIZADE e ter conhecido a Sua Digníssima e Simpática Esposa, fomos abraçar, um Homem que nos nossos “ rebeldes anos de alunos” era dos BONS, refiro-me ao Senhor Capitão SARRAZOLA MARTINS, hoje CORONEL na Reforma… foi Nosso Comandante de Esquadrilha de MMT no Saudoso Anexo que ficava por trás do Hangar do GITE, aonde se formavam “os besuntas”…
Mas “ a festa” não acabou aqui, ainda faltava também uma Pessoa, que, vindo muito mais tarde, refiro-me a mim, dez anos passados, incorporado na FAP, consegue e quer manter o Nosso Espírito de Especial, como também tivesse andado pelas andanças de que muitos de nós andaram, porque fomos cerca de quinhentos mil?!...
Porquê e para quê?
Pois faltava o abraço ao JOÃO SILVA, MMA 2ª/79, que também nos vai presenteando com o Seu NOBRE Espírito; na minha opinião como a “reconhecer e respeitar a velhice”…
Não estava de fato de macaco ou com a farda de trabalho, mas sim com o Aspecto de uma Pessoa de BEM e que Hoje é um CIDADÃO de Portugal, mas deu para ver que havia qualquer coisa da ESCOLA MÃE/OTA…
O Tempo voava, no dia seguinte que era sexta-feira, resolvemos ir a FÁTIMA agradecer á Virgem Senhora, rezei o Terço assim como algumas preces por todos nós, incluindo VÓS, AMIGOS ESPECIAIS, PORQUE de momento é a melhor maneira de vos retribuir, a VOSSA preocupação, quero aqui realçar o Nosso Jorge Mendes, que na altura que estava no Santuário, ligou-me e eu não o atendi convenientemente, qualquer das maneiras, Obrigado Amigo…
A seca, já começa a ser “longa e de mais”?!..., mas o tempo como não parava, aproximava-se o Domingo do meu regresso, e faltava-me principalmente o “CARIMBO” do Comandante VICTOR BARATA, tentei substituir, com a presença do Seu irmão/mano CARLOS BARATA, resolvemos, nos encontrar na AMADORA, segundo sugestão do mesmo, de uma cajadada matava dois coelhos, abraçava-o e pedia-lhe para entregar outro ao irmão Victor, como o tempo nos pôs mais usados, o “espírito de Especial”, manteve-se e não é que nas minhas costas sem contar aparece alguém, com “um voz de autoridade” e me pergunta,






Oh companheiro o que faz aqui? Era a Pessoa, que das várias Pessoas que abracei também desejava abraçar e estava a ver que não abraçava, o VICTOR BARATA, quis fazer a surpresa e “teste á minha máquina”…depois fomos dois contra um, também fizemos a “partida” á minha navegadora/mulher, que também não contava, foi abraços e lágrimas…



Fomos almoçar, os quatro porque havia um Amigo Comum, o Senhor José Salazar, e durante a viagem, foi sugerida a ideia de convidarmos o Nosso Amilcar Condeço, que também apareceu e juntou-se a nós…
Falou-se de tudo um pouco, mas o assunto COMUM, era as nossas tropelias, quando um dia “resolvemos” ir passear a África…






Há ida e á vinda, passamos pela BA1, e de ambas as vezes o “bichinho mordeu-nos”, de tal maneira que no regresso paramos e fomos direito á Porta d`Armas e um Jovem PA, nos atendeu e ligou para o Senhor Oficial Dia, a pedir autorização, para três jovens de quase á quarenta anos, visitarem as máquinas que certamente, pelo menos o Victor lhes tocou, desde o velhinho NORDATLAS, ao mais recente A7 , foi autorizado, mas a SAUDADE esteve presente, quando no nosso tempo, sempre se via muita gente e neste dia, só vimos o Soldado de serviço, como só ele estivesse de serviço, compreende-se, porque hoje há muita TV e os computadores, enquanto que no nosso tempo, só havia o transístor, para ouvir os discos pedidos e os relatos…



Amigos, tudo o que tem principio tem fim e SAUDADE, tivemos que nos despedir e cada um seguir o seu rumo, mas fiquei completo novamente; e além de reparado, trouxe novamente a mala, cheia com o VOSSO CARINHO-AMIZADE E PREOCUPAÇÃO….
Somos ESPECIAIS, cada um há sua maneira.

Quando comecei a ler as VOSSAS MENSAGENS, acreditem que, as lágrimas com emoção e Alegria, apoderaram-se de mim.

Não vou mencionar nomes, mas TODOS ESTIVERAM COMIGO…

Continuarei sempre ao pé de VÓS, tanto nos bons como nos maus momentos.DEUS VOS ABENÇOE e VOS recompense e era bom que eu fosse o ultimo a ter estas situações…

Fernando Castelo Branco



VB.Bem Fernando no fim desta "reportagem "tenho que fazer uma chamadade atenção para o facto de te teres "esquecido"da máquina fotográfica quando partiste para
o interior do hospital afim de seres internado para procederes à reparação urgente da "queda
de magnetos"

Pois já recebemos na nossa redacção diversas cartas dos intervenientes na referida "reparação"
manifestando o seu desagrado pelo facto de lhe não teres tirado fotos quando executavam
a sua actividade.
Realmente, de ti,é uma situação imperdoável e de manifesta falta de respeito pela sua
profissão.
O João Sousa tambem "refilou"queria ficar com uma foto tua e não tiras-te.ès muito ingrato!
























































































742 A FAP TAMBEM MERECE SER LEMBRADA.


António Matos
Ten.Pilav. Guiné
(Hoje Ten.Gen.Pilav.Reserva)

Foi preciso ter sido acordado pelo livro do Cor Coutinho e Lima "A retirada do Guileje", para vencer a inércia e escrever dois artigos sobre a Guiné . Não que essa vontade não se tivesse já manifestado anteriormente e por várias vezes, quase sempre por ver com que indiferença a Força Aérea é retratada, como se não existisse, como se servisse apenas para missões de apoio logístico/sanitário, para levar uns abastecimentos aqui e recolher os feridos e doentes acolá (alguns em estado grave, outros nem tanto).E, no entanto, num cem (com c) número de vezes foi ela o fio da balança que significou a diferença entre o desastre e a segurança das forças terrestres.
Com excepção a um ou outro artigo onde se refere muito ao de leve o apoio da FAP a esta ou aquela operação, o que é comum encontrar são comentários do tipo “a aviação amordaçada”, “os aviões deixaram de voar”, “ já não nos apoiam”, “actuação interdita”...E no entanto, nunca a FAP voou tanto como no período Abril-Setembro de 1973, por muitos reconhecido como o período mais violento da guerra da Guiné.
Faço aqui um parêntesis para esclarecer que, como havia o boato de que a FAP não voava por causa do Strella, dava-nos um certo gozo passar a raspar sobre os telhados do QG e cidade de Bissau a 450 nós (850 km/h).
Esta brincadeira só terminou quando foram fazer queixinhas ao Gen Spínola.
Exemplo da indiferença sobre o papel que a FAP desempenhou está bem patente num artigo do Gen Almeida Bruno sobre a operação Ametista Real, publicado neste blogue em 16 Agosto 2005, segundo as suas próprias palavras, “a operação de maior envergadura daquele tipo, fora do território nacional”.
No seu texto, há apenas um parágrafo onde a FAP é referida, e que diz:A Força Aérea iniciou um pesado bombardeamento, a que se seguiu o assalto. Um pouco à sorte, já que não se sabia onde ficava a base. E a sorte foi decisiva”.
Fica um pouco a incerteza de quem precisava da sorte, se a FAP, se as forças de assalto, se todos nós.
Fala no “posto de comando aéreo” onde as decisões são do comandante da operação e o piloto apenas faz de “condutor da avioneta”. (Não me lembro que tal posto de comando tenha existido).
A pergunta para a qual não tenho resposta é a de saber, a haver, quem estava nesse posto de comando aéreo dado que o Ten Cor Bruno, o Maj Folques, os Cap Matos Gomes e António Ramos estavam no chão.
E termina a descrição da operação referindo sobre a retirada que “Foi um movimento lento, interrompido por vários e violentos combates, até que, pelas quatro da tarde, o inimigo abandonou o terreno”. Só, sem mais.
O leitor desprevenido ficará com a ideia que a FAP fez o bombardeamento inicial e com isso terminou a sua actuação. Nada mais errado.Vamos aos factos:No briefing feito na véspera, na sala de operações da Base de Bissalanca, o Ten Cor Bruno afirma que, o que precisa da FAP é o bombardeamento inicial e o manter-se em alerta durante o resto do dia para um eventual mas remoto pedido de apoio.
Afirma igualmente que não deixam nada nem ninguém em território inimigo, a haver mortos, “trazem-nos às costas”.Na cabeça deste Tenente aviador, já um pouco cafrealizado (12 meses de comissão), o pensamento deixa escapar um “Manga di ronco próprio”, antecipando desde logo que irá ter uma tarde repousada.
À alvorada do dia seguinte descolam de Bissau 6 FIAT-G91, (como disse num outro texto, só existiam 6 pilotos de Fiat), cada um com 2 bombas de 750 libras.
Após a descolagem, um dos FIAT-G91 (o meu amigo Pipoca) entra em rota de colisão com um jagudi, daí resultando numa falha parcial do motor, pelo que o piloto aborta a missão, volta para Bissau, larga as bombas em segurança no rio Geba e aterra de imediato na Base de Bissalanca; os restantes 5 prosseguem a missão conforme o planeado.
O bombardeamento em Cumbamori é executado com precisão, acertando nos paióis do PAIGC; para descobrir o objectivo as forças terrestres já não precisam de sorte, só têm que seguir as colunas de fumo.
Uma vez de volta e aterrados em Bissau, os pilotos de FIAT-G91 entram em alerta (significa ter os aviões armados e prontos a descolar até ao máximo de 10 minutos após o pedido de apoio).
Nada acontece até às 13 horas (verificou-se à posteriori que esta calmia se deveu ao facto dos paióis irem explodindo, um após o outro, o que impossibilitou movimentos terrestres, nossos e do IN).
Ao início da tarde dá-se o primeiro pedido de apoio, a que se sucede um segundo, um terceiro, ..., pedidos que se vão “sucedendo sucessivamente sem cessar”.
As nossas tropas estão em retirada para o Guidage.
A situação no chão torna-se critica ao ponto do Maj Folques, entretanto ferido, nos dizer no rádio “Ó Tigres, não se vão embora que estes ... querem deixar-me aqui sozinho”.



Fiat G 91 estacionado na placa da Base Aérea nº12,Bissalanca - Guiné.


Fiat G91 carregado com bomba,pronto para missão,na placa de estacionamento da Base Aérea nº 12,Bissalanca - Guiné


Ao fim da tarde e com a capacidade da FAP a esgotar-se, uma parelha de FIAT-G91 ao entrar em contacto com a tropa em retirada, recebe a informação de que estão a ser fortemente alvejados “da orla da mata”.
Ora, observando de cima o local onde se desenrolam os combates, o terreno é do tipo savana, nas redondezas apenas existe uma única mata, do comprimento de um campo de futebol e talvez metade da sua largura.
É aí que os FIAT-G91 largam 4 bombas de 750 libras.
De imediato o ataque às nossas forças termina.Tem razão o Gen Bruno quando diz que “às quatro da tarde o inimigo abandonou o terreno”, não disse foi o porquê.
Outro ponto em que se enganou foi na data da operação, 19 Maio e não 20 como refere; a 20 e no rescaldo da operação, a FAP foi, desta vez, chamada a proteger as “barcoletas” da Marinha no rio Cacheu (os marinheiros que desculpem o termo, mas era assim que as chamávamos).
À noite, em Bissau, as conversas são em voz baixa, quase sussurradas.
Perguntámos o que aconteceu:- Bissau foi atacada esta manhã, grandes rebentamentos que ecoaram por toda a cidade.
Quase de imediato o mistério é-nos desvendado; tinham sido as bombas do avião que nessa manhã chocara com o jagudi que, apesar de largadas no rio Geba com as respectivas cavilhas de segurança, tinham mesmo assim explodido, acordando o pessoal de Bissau e arredores, oficiais do QG incluídos.
Claro que não os desapontámos, se diziam que era ataque, é porque era mesmo (também sabíamos construir os nossos boatos).
Nessa noite muito nos rimos à volta de uma garrafa de whisky.
A operação Ametista Real foi um marco importante na história da Guiné.Pelo que fizeram, o TenCor Bruno, o Maj Folques, os meus amigos Matos Gomes e António Ramos (infelizmente já desaparecido), bem como os Comandos Africanos, merecem ser recordados .
Não pretendo negar uma das missões importantes que a FAP deve desempenhar (apoiar as forças que estão no terreno).
Custa-me que o esforço dos que lá do alto, quase como anjos da guarda, deram e dão para apoiar as tropas terrestres, raramente sejam referido e muito menos reconhecido.Em 10 meses (de Abril 73 e Janeiro de 74) e em apoio às forças terrestres a Força Aérea perdeu 8 aviões, com 4 pilotos mortos em combate.
Também merece ser lembrada.
António Martins de Matos


VB. Na verdade,Matos,é um assunto no qual já falei em Abril/08,quando o nosso pessoal (FAP) foi criticado pelo facto de não fazer evacuações nocturnas,o que na realidade não correspondia à verdade pois eu próprio participei em algumas.
Acredito que muitas vezes os ferimentos sofridos em combate pelo pessoal terrestre fossem de um grau de gravidade tal que motivassem a sua evacuação imediata atravez de meios aéreos,mas não havia condições para o fazer em determinados locais.Recordo uma das vezes em que o fiz em S.Domingos de Ingoré,em que as condições climatéricas obrigaram-nos a fazer a final por território inimigo.
Se reparar-mos no efectivo (pilotos,mecânicos e pessoal de enfermagem) existente na Base,rapidamente chegaremos à conclusão que era preciso muito sacrifício para poder responder ás solicitações do grande efectivo terrestre.As evacuações à zona feita pelo pessoal dos Hélis? Em que condições eram feitas?
Enfim,Matos,merecíamos outra atenção..


sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

741 DO NÚCLEO DE COIMBRA DA AEFA PARA O CASTELO BRANCO.

Direcção do Núcleo de Coimbra da AEFA

Recebemos um email da Direcção do Núcleo de Coimbra da AEFA,dirigido ao nosso companheiro Fernando Castelo Branco manifestando o seu sentimento de solidariedade para com ele neste período,que já lá vai,menos bom relativo ao seu estado de saúde.
Registamos o acontecimento e pedimos desculpa de só agora o transmitirmos,mas foi um lapso da nossa parte,pelo apresentamos as nossas desculpas à direcção do referido núcleo e ao Fernando.


Victor

Gostava , porque penso que esse é o sentimento, que desses ao Castelo Branco, um abraço de todo o núcleo de Coimbra, com votos de rápidas melhoras.
E tu, quando passas por aqui?
Não te esqueças que temos um almoço por marcar.
Um abraço.

Fernando Duarte

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

740 É ELE MESMO,JORGE!


Jorge Mendes
2ºSargºMil. ABAST. Angola
Coimbra
Amigo Victor.
Vi com muita atenção a entrada na linha da frente do Cristiano.Gostaria de tirar uma duvida.
O Cristiano será o Cristiano de Seia , que na Ota e em Monte Real andamos muitas vezes a boleia para Coimbra?
Eu também sou da 1ªde 68 e tenho quase a certeza que este e o Cristiano com quem tenho algumas peripécias , nomeadamente de por algumas vezes em Chegancas (junto a Ota)andarmos a fugir de uma celebre Renault 4L de matricula AM-60-24.
Se for ele um grande abraço do Jorge que em Monte Real estava no controle das Oficinas Gerais.
Um abraço
Jorge Mendes
VB: É esse mesmo,Jorge,mas agora pertence à Sobreda da Caparica.