quinta-feira, 31 de julho de 2008

DIA HISTÓRICO PARA A POLÍCIA AÉREA.

354-Rui Elvas
1º Cabo PA
Lisboa



Boa tarde Camarada Victor,

Hoje é um dia muito especial para todos o PA's, foi finalmente oficializada a criação da ANPA-ASSOCIAÇÃO NACIONAL DA POLÍCIA AÉREA e tenho muito orgulho, em dizer, que também fiz parte deste sonho tão antigo.











Um abraço
Rui Elvas (ANPA)
"POR UM SE CONHECEM TODOS"
VB. Parabéns Polícia Aérea!
É com grande satisfação que nos juntamos a vós neste dia em que um dos vossos grandes objectivos foi concretizado.Os nossos votos vão no sentido de continuarem a orgulharem-se dos pergaminhos que distinguem a NOSSA FAP.

HOMENAGEM AOS PÁRAS FALECIDOS NO GUIDAGE.

353-Mário Fitas
Fur.Mil.Op.Especiais Guiné

Este nosso Companheiro,como sempre,demonstrando o seu elevado espírito de camaradagem para com todos aqueles que,independentemente da arma que serviram,passaram pela Guerra Colonial,não quis deixar de estar presente na última Homenagem aos nossos três Companheiros Paraquedistas que executaram o seu último salto.
Obrigado Mário pelo conjunto de fotos 35 fotos que tiveste a gentileza de nos enviares.

Victor Barata




O Mário Fitas aqui simbolizando, através da boina,as Operações Especiais,marcou presença.



Dois Companheiros que nunca faltam a estas cerimónias e que representaram a classe de
Especialistas da Força Aérea.Do lado esquerdo da foto, meio cortado,o Pedro Garcia e João Carlos


Aqui,representando a Associação de Especialistas da Força Aérea,o Manuel Cascão(esqª.)


GUIDAGE,CORREDOR DA MORTE.

352-Luís Santos
Cabo Enfermeiro 1ª/68 Tete
Agualva-Cacém


Amigo Victor Barata:
Não posso passar sem expressar o que me vai na alma, tive de parar , pensar e arranjar forças.
Não estive na Guiné, só de passagem, quando os DC6, faziam escala por lá, mas estive em TETE, e nada se compara á Guiné, onde todos vós foram massacrados pelo PAIGC, uns de uma maneira e outros de outra.
Era a Guerra que imperava em grande escala e pelos relatos era insuportável.





Fiquei surpreendido, quando da 1ª noticia, que em Guidage, tinham ficado vários corpos, entre eles os três paraquedistas, e se há coisa que me impressiona, esta é uma delas, de os nossos soldados, que ainda por lá estão, á espera que os repatriem para Portugal.
Os nossos Governantes, devem fazer um esforço para que todos os corpos de Ex-Combatentes, regressem.
Nós, os sobreviventes, e os soldados que tombaram ao serviço da Pátria, não pediram guerras, nem as compraram, como bons Portugueses, e amantes da nossa Pátria, quando foi a hora de avançar para o Ultramar, dissemos, nós e eles: Presente, não viramos a cara, nem fugimos para o estrangeiro, ou emigramos, para fugirmos ao ultramar.É um desabafo, só agora me recompus das imagens da transladação dos corpos destes bravos Homens, que Deus os tenha num bom lugar, e que as suas almas descansem em Paz.
Tudo já foi dito, já não tenho palavras para me expressar, mas comungo das palavras de todos, mas não posso deixar de expressar, aqui a minha tristeza, de só passados 35 anos, se fazerem as cerimonias fúnebres a estes militares.
As feridas de dor das suas famílias, mais uma vez, foram abertas, que sejam rapidamente fechadas, e paz para estas famílias, curvo-me perante a memória destes soldados.
Os Soldados que ainda, permanecem, sepultados no ultramar, quando serão repatriados?Quantas famílias, ainda estão, sempre na ilusão de que algum dia, o seu filho, marido, irmão, regressam?
O seu luto, ainda não foi feito.
Enfim Por mil anos de viva, nunca esquecerei o que todos nós, passamos no Ultramar, são recordações que levarei para a cova.
Um Abraço para todos Saudações Aeronáuticas.

Luís Santos

terça-feira, 29 de julho de 2008

FICAM PARA A HISTÓRIA.




351-Rui Elvas
1º Cabo PA

Lisboa




VB.Este nosso Companheiro que,apesar de nunca ter vivido a Guerra Colonial,se empenhou de
corpo e alma à causa da FAP,enviou-nos esta sequência de fotos feitas durante as cerimó-
nias fúnebres dos nossos Companheiros Paraquedistas falecidos no Guidaje à 35 anos.


Bom dia Victor
(isto ainda não me soa muito bem, é defeito de tratamento),Agradeço as tuas palavras, e mais uma vez, o teu juízo de valor em relação à minha pessoa.Tudo farei, para que se orgulhem, sempre de mim, da mesma forma que me orgulho de todos vocês.

Estas fotos foram-me gentilmente cedidas pelo Sargº.Mor Paraqª.Serrano.


















































Um abraço sincero e mais uma vez muito obrigado
Rui ElvasPCAB/PA/CAUT/PQ 088145-H
"POR UM SE CONHECEM TODOS"








A RESSACA.


350-António Damaso
SargºMor Paraquedista (Aposentado) 64/67 Guiné
Montes - Odemira





Boa tarde, companheiro Barata.

Estou com uma grande ressaca, pensei que ia fechar um ciclo na minha vida e que me ia sentir melhor, mas até à data, nada.
Perder aqueles camaradas da maneira em que os perdi e com todo o processo seguinte, deixou-me traumatizado de tal maneira, que até hoje ainda não me recompus, não consigo falar sobre o assunto sem me comover, de tal maneira que nem consigo articular palavra.
Eu era o 3.º homem na frente da coluna e ia a comandar o pelotão e as coisas não se passaram como algumas pessoas que não estiveram lá naquele local e aquela hora, hoje contam, mas sobre isso, quando tiver oportunidade, contarei a minha versão dos acontecimentos.
Lá fui assistir à missa, seguidamente fui a Tancos, depois como não os podia acompanhar a todos, acompanhei o Vitoriano até Castro Verde.
Agora sei onde ele está a 60 Km da minha residência em Odemira, quando lá passar já lhe posso ir dar uma palavrinha.
Tenho passado dezenas de vezes a Castro Verde, sabia que tem lá família mas nunca me senti com coragem para a ir visitar, estou a escrever estas palavras com lágrimas nos olhos.
Há cerca de 15 anos, faleceu-me o meu irmão mais novo e de seguida a minha mãe, senti muito, consegui encarar, mas isto é uma doença.
Sou conterrâneo do companheiro Cap Barreiros e do mesmo concelho do Montes, e por falar em Montes, ele na última comissão que fez na Guiné trabalhou em fotografia aérea, aqui há tempo, falhei-lhe sobre onde encontrar fot. Aérea da Guiné e ele disse-se-me que existia um arquivo em Sintra, como me fica um pouco fora de mão ainda lá não fui e para não ir lá enganado pedia-te o especial favor de através dos meios que tens ao teu alcance, saber da existência de fotografia de Guidage, mais concretamente do Cuféu que fica entre Binta e Guidage.

Um abraço do

Damaso
VB.Bom Dia,Companheiro.
Em primeiro lugar saúdo-te pelo teu acto de solidariedade para com os nossos Companheiros falecidos no Guidaje,entendendo ao mesmo tempo o teu comportamento durante e pós cerimónia,não deve ser nada fácil para ti lembrar,passados 35 anos,acontecimentos que partilhas-te,como dizes.
Vamos ficar à espera que nos relates e reponhas a veracidade dos acontecimentos vividos por ti muito brevemente.
Quanto à foto que me pedes vou tentar localiza-la.

domingo, 27 de julho de 2008

CERIMÓNIA DO FUNERAL DOS PARAQUEDISTAS DO GUIDAJE.

349-Rui Elvas
1º Cabo PA



Fotos Cerimónia Homenagem aos Paraquedistas de Guidaje na Igreja da FAP 26 Julho 08.





"Não morreram, voaram mais alto"

























Um abraço
Rui ElvasPCAB/PA/CAUT/PQ 088145-H
"POR UM SE CONHECEM TODOS"




RECORDAR A OTA,BASE AÉREA Nº 2

348-Adelino Silva
Esp.MAEQ AB8






Amigo Victor / Fernando
Antes de mais as minhas saudações aeronaúticas, ao mesmo tempo as minhas sinceras desculpas por este grosseiro acto de não responder à segunda chamada de atenção para convosco.
Eu era MAEQ, vim do recrutamento ultramarino ( Moçambique) e lá fui parar à OTA , pois tinha amigos que também por lá passaram e mais tarde até estiveram na BA 12, nomeadamente o meu grande amigo Jorge Manuel da Guia maia MMA, quando acabou a guerra dele foi trabalhar para a DETA /LAM em Lço Marques, outro também morava perto de mim,penso que também era MMA ou MELEC, tinha uma irmã que cantava, nos programas da Rádio (RCM), e que morava na Pinheiro Chagas em LM,estive em casa deles lá, quando numa vinda a Moç. passei na Guiné encontrei-o, na placa onde parava o velhinho DC 6.
Estive colocado na BA 1 e daí segui como voluntário para a 3ª RA, onde a m/ comissão era de 4 anos, pois ia como voluntário, quando parava na Guiné entrava pelo portão que havia junto à velha gare (igual à que existia em Nampula Norte de Moç., antes da inauguração na nova gare que era um espectáculo.
Fui colocado no AB 8 onde parou o Fernando, pertencia à Unidade para efeitos administrativos,mas estava colocado na DSM (serviço de material),trabalhei em todos os sectores da delegação excepção feita nos abastecimentos.
Quando vinha material da África do Sul, lá eu estava caído para fazer a recepção desse material, veio tanta coisa (há tempos apareceu um artigo no "Mais Alto" sobre os PV2 Ventura, o articulista dizia que não havia mais nada acrescentar da ida duma delegação da DSM 3 à Á do Sul, eu disse a esse Sargento que tinha recebido ao abrigo da operação PV2 Ventutra cerca de 400 caixotes com componentes para esses aviões,dada a falta de sobressalentes para os mesmos, estes aviões acabaram por ser transferidos para Angola, a ultima operação que efectuamos antes do 25 de Abril , na altura da Pascoa, foram 24 vagões de bombas de 250 e 500 Libras que eram para ter ido para a Guiné.
Fui louvado pelo meu Director Ten. Cor Engº Electrotécnico Manuel Paulino Ferreira Santos, isto ainda deu que falar pois o nosso General não aceitou o 1º louvor que me foi proposto, pois aquilo era grande demais para cabo especialista.
Quanto às fotos tenho algumas, mas não as tenho todas juntas, mas daqui a 2 meses penso ter já possibilidades de as mandar
Hoje houve o funeral de 3 Camaradas nossos que morreram em combate na Guiné,eram paraquedistas, eles morreram há 35 anos.
Um forte e apertado abraço
Adelino Manuel Brito da Silva

NUNCA É DEMAIS.


347-Fernando C.Branco
2ºSargºMMT 2ª/69 Moçambique
Terceira - Açores



AMIGO Angelino

Com saudades, um forte abraço para Ti e para Aqueles que não conheço; mas sei que ESTÃO bem entregues.

O que a nossa MARGARIDA me enviou, nunca é demais, porque eu á minha maneira(espírito de ZÉ ESPECIAL), continuo a “publicitar” a nossa ARMA, que em tempos passados foi o nosso “BERÇO”;para crescermos e nos tornarmos de Homens, que hoje muita gente se esquece…Amigo estou a escrever-te esta e ao mesmo tempo, aqui no meio do Atlântico(são 23 horas), estou a ver na SIC, a HOMENAGEM aos NOSSOS IRMÃOS; que ao fim de trinta e cinco anos “voltaram a casa”…eu era miúdo e sempre ouvi a expressão;”UM POR TODOS E TODOS POR UM”…
Felicito com mágoa; os NOSSOS Camaradas Páras; que o tempo não os fez esquecer ao espírito que também a nós nos souberam “ensinar”, foi por Eles que no dia do Nosso Juramento de Bandeira, gostávamos de atacar as botas á sua maneira?!….
Pois AMIGO; a partir da altura(não quero ser separatista) que deixou de haver “CLUBE DE ESPECIALISTAS), muita boa gente, se esquece que o É?…
Mas; nem tudo é mau…existem Colegas que foram Especialistas e que transmitem aos seus VALORES que a FAP lhes deu…
Manda sempre o que achares ser útil para dar continuidade ao NOSSO ESPÍRITO…

Um abraço sempre ESPECIAL.

Fernando Castelo Branco
VB. Este é a cópia do Email que o Fernando mandou ao Angelino relacionado com a sua recente visita à BA4 integrado nas comemorações do 56ºAniversário da FAP. A Margarida é a representante da AEFA nos Açores.

A DERRADEIRA HOMENAGEM.


346-João Carlos Silva
Esp.MMA 2ª/79 BA4

Sobreda


VB. Este nosso Companheiro,embora nunca tenha estado na Guerra,pois quando foi incorporado em 1979 já tudo tinha terminado,é um símbolo do verdadeiro espírito dos ESPECIALISTAS,pois partiu para também prestar a derradeira homenagem aqueles que partiram mas que fizeram com que a Força Aérea continue a ser uma escola de formação e civismo.

O João enviou-nos estas duas mensagens acompanhadas por um exemplar de uma mensagem do Maj.Gen.Hugo Borges.






Companheiro Víctor,




Acabei de te enviar uma mensagem, se achares por bem publicar, após ter estado esta manhã na Igreja da Força Aérea prestando a minha singela homenagem aos 3 pára-quedistas falecidos em Guidaje.
Nessa mensagem anexei também a capa e contracapa do folheto da cerimónia fúnebre. Graças ao "nosso" blog e respectivas fotografias que tu sempre publicas, reconheci e depois conheci pessoalmente o nosso Pedro Garcia, tendo estado com ele durante a cerimónia.
Reconheci outros companheiros, se é que os posso chamar assim, como o Coronel Pessoa, o Mário Fitas e o Pára-quedista Víctor Tavares.
Á chegada tive um breve contacto com Melo e Sousa, Fuzileiro, que ia na mesma coluna que sofreu o ataque e que vitimou os 3 Páras cujos restos mortais hoje regressaram a casa.
Também esteve presente o Manuel Cascão da AEFA Setúbal que se (nos) apresentou ao CEMFA Luís Araújo.
Também encontrei uns antigos vizinhos, embora continue a morar perto, que não sabia terem sido Páras e que estavam integrados na Associação que os representa no Seixal e Almada. Saudações "Especiais",


João Carlos Silva










In Memoria,Lisboa,







26 de Julho de 2008
O espaço era pequeno para tantas emoções.
Os vários estandartes perfilavam-se, antigos camaradas saudavam-se.
Na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, templo da Força Aérea Portuguesa, a bela cerimónia recordou e homenageou Manuel da Silva Peixoto, António das Neves Vitoriano e José de Jesus Lourenço, os três Pára-quedistas falecidos em Guidaje, todos os militares que morreram em Guidaje e todos os militares que se encontram ainda inumados em África.
O carro fúnebre partiu com destino à Base Escola, muitas emoções ainda por viver neste dia dos Avós.
Um abraço para todos os antigos Combatentes,

João Carlos Silva





sábado, 26 de julho de 2008

A CERIMÓNIA.




345-Pedro Garcia
Esp.OPC 3ª/69 Luanda-Angola
Baixa da Banheira





Hoje, pela manhã, fui, á igreja de São Domingos de Benfica, participar nas cerimónias fúnebres dos 3 paraquedistas cujos restos mortais foram resgatados da Guiné.
Não fui paraquedista nem estive na Guiné, pertenci á Força Aérea, cumpri a minha missão em Angola como "Especialista", mas não foi nessa condição que compareci.
Compareci para prestar a minha homenagem áqueles, da nossa geração, geração da guerra do Ultramar, que tombaram no cumprimento do seu dever, áqueles que, de um momento para outro lhes foi cortado todo um futuro a que tinham direito e que nós, que eu considero sermos uns felizardos, temos tido a oportunidade de desfrutar, umas vezes melhor outras pior.
Compareci, também, por solidariedade com todas aquelas famílias que sentiram e sentem a dor de perder os seus filhos.
Emocionou-me ver aquele reencontro de Páras, especialmente aqueles que, na altura, estavam ao lado dos que tombaram.
A "AEFA" esteve presente representada pelo Gascão, também conheci lá o nosso especialista "maçarico/periquito, João Silva.
Envio-te, como anexo, este texto que foi distribuído durante a cerimónia.
Um abraço e longa vida para todos nós

Pedro Garcia





VB. Em meu nome pessoal agradeço a tua presença neste último acto prestado a estes três companheiros com quem partilhei a guerra na Guiné.Este não é o momento mais propicio para me poder alongar com este acontecimento,vou esperar que a emoção me largue e depois,com a cabeça já no lugar que lhe é devido,dizer algo que está por dizer.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

CHAMAM-LHE O BENEFICIO!?...


344-João Carlos Silva
Esp.MMA 2ª/79 BA4

Sobreda




Companheiro Víctor,

Eu tinha ouvido qualquer coisa na rádio ou na televisão, mas, não tinha conseguido apanhar, agora li no "nosso" blog. Afinal tu e todos os camaradas ex-combatentes foram uns privilegiados pois agora até têm direito a um benefício. Se não fosse tão triste esta situação, pelo que todos sofreram e pela memória dos que já nos deixaram, até dava para rir.

Ironias à parte, lamento muitíssimo que sejam tratados desta forma. As recentes intervenções que publicaste do companheiro Luís Fraga e de posterior apoio de alguns outros companheiros da Tertúlia mostram bem o sentimento dos ex-combatentes e a quem eu presto a minha singela admiração e homenagem, como aliás tu sabes.

Em deslocações a Paris, por exemplo, registei que nos transportes públicos uma das primeiras prioridades, senão a primeira, para utilização de alguns lugares referiam explicitamente os veteranos de guerra. Detalhes que afinal fazem uma grande diferença e se calhar reflectem bem a diferença entre o lembrar e respeitar toda uma geração de jovens combatentes ou pura e simplesmente ignorá-los a maior parte do tempo e depois aproximarem-se apenas por interesses mais ou menos "politiqueiros".

Cada vez mais temos de nos lembrar que "De Nada a Forte Gente se Temia" .

Um abraço,


João Carlos Silva
VB. Gostava e devia aprofundar esta questão de "miséria" para nós ex-combatentes,mas o dia de amanhã já hoje me está a marcar,é de terrível para quem este na Guiné,como eu,naquela data e passados 35 anos reconstituir-mos os factos...é DURO!
Não ficarei esquecido do "beneficio".

CHAMAM-LHE O "BENEFÍCIO"!?...


343- Agência Lusa
24.07.2008








Defesa: Benefício aos antigos combatentes terá valor máximo de 150 euros






João Mira Gomes 24 de Julho de 2008, 16:51




Lisboa, 24 Jul (Lusa) -- O secretário de Estado da Defesa, João Mira Gomes, afirmou hoje que os benefícios a pagar aos antigos combatentes no Ultramar vão ter um valor máximo de 150 euros, estando indexados ao tempo e penosidade do serviço.
A revisão dos pagamentos dos benefícios aos antigos combatentes do ultramar consta de uma proposta aprovada em Conselho de Ministros.
Em declarações à agência Lusa, o secretário de Estado da Defesa referiu que o pagamento dos benefícios aos antigos combatentes deixará de estar indexados ao valor da reforma de cada beneficiário para passar a ter três escalões em função do tempo de serviço.
"Haverá três escalões: de 75 euros para quem tenha menos tempo de serviço; um de 100 euros; e outro de 150 euros, o máximo", apontou.
João Mira Gomes reconheceu que, com estas mudanças, "os encargos serão menores" para o Estado no que respeita ao pagamento dos benefícios aos antigos combatentes.No entanto, o secretário de Estado adiantou que a nova fórmula de cálculo dos benefícios a pagar aos antigos combatentes "terá um efeito de justiça social relativa".
Além do critério do pagamento por tempo de serviço, haverá bonificações em função da penosidade e perigosidade inerente às missões de cada antigo militar.
"O cálculo desta bonificação é feito pelos diferentes ramos militares em função do local em que o antigo combatente prestou serviço, sendo maior para quem esteve na frente" de batalha, disse, antes de reconhecer que com a nova fórmula de cálculo vão ter menos benefícios os oficiais do quadro permanente, que tiveram mais missões em África.
"Mas a futura lei dará mais apoio a quem tem menores rendimentos. Um antigo combatente que seja beneficiário dos sistemas de solidariedade social terá um complemento ainda superior a 150 euros", frisou João Mira Gomes.
O membro do Governo salientou ainda como "avanço " com a apresentação deste diploma o facto de "finalmente se garantir sustentabilidade financeira ao pagamento dos benefícios aos antigos combatentes"."Estamos agora a resolver parte daquilo que ficou por resolver no anterior Governo [de coligação PSD/CDS].
Com esta proposta, passarão a existir regras claras, sustentabilidade financeira e um alargamento do universo de beneficiários", sustentou Mira Gomes.
De acordo com a proposta de lei, passam também a ser beneficiários dos complementos antigos combatentes que sejam emigrantes e profissionais liberais (advogados, notários e bancários que têm sistemas de previdência diferentes)."Este diploma tem uma preocupação com os mais desfavorecidos, que vão receber mais, e acaba com o prazo limite para a entrega de requerimentos [a solicitar o pagamento do complemento]", frisou o membro do Governo.Já em relação à transferência do pagamento destes benefícios do Ministério da Defesa para o Orçamento do Estado -- outro dos pontos do diploma agora aprovado pelo Governo -, o secretário de Estado da Defesa observou que "o fundo criado pelo anterior Governo na prática nunca existiu".
"O fundo dos antigos combatentes, que era gerado a partir da alienação de património, não estava sustentado financeiramente. Daí a opção de se extinguir este fundo, passando-se os encargos para o Orçamento do Estado", acrescentou o secretário de Estado da Defesa.
O secretário de Estado da Defesa espera que o diploma seja acolhido com consenso no Parlamento e frisou que a proposta do Governo foi já objecto de consulta junto das associações do sector.


PMF.Lusa/fim

GUIDAGE TERRA MARTÍR DA GUERRA DA GUINÉ.


342-Mário Fitas
Ex-Fur.Exército Guiné


Caro Victor,

Neste momento doloroso para nós todos, Veteranos de Guerra não sei será oportuno, mas não quero deixar passar momentos que também nos orgulham.
Se o quiseres publicar no blogue, tu mandas meu Amigo.

Um abraço do tamanho do Cumbijã.



Texto Publicado no Semanário “LINHAS DE ELVAS” em 15/Maio/2008



Guidaje terra mártir da guerra na Guiné Mário Fitas, leitor e assinante do “Linhas de Elvas”, sócio Combatente nº. 153662 da Liga dos Combatentes, sócio nº. 1430 da Associação de Operações Especiais, membro da Tertúlia Luís Graça e Camaradas da Guiné que mantém o maior Blogue sobre a Guerra na Guiné, no qual se podem ler todas as histórias contadas na primeira pessoa, sobre essa guerra.
Dedicando-se ao estudo e reflexão sobre a guerra acima citada, tendo publicado já dois livros sobre o assunto. Sinto-me na obrigação, de após narrar o que me engrandece a alma e me dá a honra de ter orgulho em ter envergado o “camuflado” fato de guerra Português da C.CAÇ. 763, comandado pelo já falecido Coronel Carlos da Costa Campos, em terras do Sul da Guiné.
Todo este intróito, para certificação de pleno conhecimento dos factos que a seguir relatarei, e que o Sr. Director, determinará se serão ou não dignos, de referência e transcrição no “Linhas” fonte distante que a sede nos vai matando.
Regressado de Fátima, com o coração cheio, onde acompanhei minha mulher na Peregrinação Vicentina.
Eis que ao ligar a televisão, deparo com um programa da SIC sobre GUIDAJE que me tocou profundamente, e me leva a de novo ter orgulho, daquilo que julgo valer a pena ser Português.


1º. Fiquei orgulhoso de ser a Liga dos combatentes em conjunto com a Associação de Paraquedistas, a resgatar os filhos páras esquecidos pela Pátria..


2º. Fiquei orgulhoso, porque na altura em que os paraquedistas mortos (na bolanha do Cofeu) ao serviço da sua Pátria em Guidaje, era comandante do CAOP3 o meu amigo Coronel Costas Campos.


3º. Os últimos serão os primeiros: Tenho extremo orgulho, em ser um homem da minha terra _Vila Fernando Concelho de Elvas, a manter a hipótese de localização e o respeito devido ao soldado Português, que investigando há trinta e cinco anos o local onde se encontravam as campas encobertas pelo capim, efectuou por sua alta recreação, acompanhado com soldados seus, a limpeza e construção de Cruzes (com tábuas de caixotes do bacalhau) para que ali constasse que estavam soldados portugueses.
Este Homem Rui Trindade Baixa.
Ontem meu amigo de brincadeiras de criança, no quintal do “velho Baixa”. Hoje Capitão na Reserva, para ti vai a admiração de um amigo e espero a da nossa Aldeia.
Obrigado Rui!
Infelizmente são estes homens que a nossa terra esquece.

Mário Fitas
VB. Os teus textos são sempre publicáveis.
A riqueza literária e os sentimentos neles inseridos,muitas vezes,obrigam-me a rele-los.
Obrigado Mário.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

UMA VEZ MAIS O TOQUE DO SILÊNCO.

341-Fabricio Marcelino
Esp.MMA 60 Guiné
Leiria






Caro amigo Barata.


Li o texto do nosso colega de armas Luis Fraga. Parabéns colega, pela forma de se dizer o que se sente e que está correcto, de forma desinibida e sem medos, mas que muitos papagaios hipócritas deste nosso "derrubado" país, não gostam de ler ou ouvir.
Da primeira à última palavra corresponde inteiramento com o meu pensamento.
Nós ex-militares, fomos os que sempre cumprimos e, obedecemos sem pedir nada em troca.
Alguns infelizmente sacrificaram a própria vida e sem o reconhecimento dos políticos pós Abril de 1974!
Só reconheceram alguns que andaram a distribuir armas nas mãos de quem bem entenderam!
Curvo-me diante de todos os que morreram ao serviço da Pátria e, Paz às suas almas.

Fabrício Marcelino




VB. Companheiro,o respeito que nutro por ti e todos os mais velhos combatentes,deveria ser aquele que estes "Meninos",hoje com cargos governamentais e políticos deveriam ter por todos nós que, com 19/20 anos, abandonamos os nossos pais,os nossos estudos(naquele tempo os exames e assistência às aulas era obrigatório,não era por...correspondência) para defender...alguns "heróis" de secretaria, que hoje auferem grandes reformas,e até,talvez,alguns pais daqueles "Meninos" que também,só por isso,nem foram à tropa.
Desculpem este desabafo apenas e só por este momento ser de luto,dor e solidariedade para com estes nossos GRANDES HERÓIS que tombaram em defesa daqueles que hoje os desprezam.


Victor Barata

REENCONTROS.


340-Arlindo Pereira
Ex-2ºSargº MMA Tete
Lisboa



Amigo Victor,
começo por te dar um grande abraço e ao mesmo tempo felicitar-te, apesar de ser com atraso, pela tua dedicação em prol do BLOG
Por diversos motivos desde o falecimento dum familiar a problemas de saúde, tenho estado ausente não participando activamente no Blog, no entanto todos os dias clico para saber novidades sobre os Zés.
Hoje estou a fazê-lo com emoção, mas bastante feliz, ao fim de trinta e quatro anos reencontrar dois companheiros e amigos no espaço de quatro dias, só posso estar super feliz, conforme mensagem do Augusto Ferreira, este fim de semana desloquei-me a Trás-os-Montes (Sabrosa) para visitar a minha filha, e eis que recebo um telefonema do Augusto a dizer-me que no sábado iria estar em Vila Real a participar no Cantaréu (Festival Internacional de Folclore ) como deves calcular não podia deixar de estar presente, para rever um amigo que quis o destino só agora fosse possível, facto comprovado pela foto que te envio onde estamos acompanhados por outro Zé que esteve na Guiné.





Mas emoções não ficaram por aqui, não é que no mesmo dia recebi um telefonema do Quen Gui, a convidar-me para nos encontrar-mos no meu regresso a casa, facto que ocorreu ontem em Coimbra, do qual também te envio uma foto.
Victor chega de emoções por agora, aqui fica o meu registo.




Um grande abraço para ti, e fico esperançado que oportunamente nos possamos conhecer pessoalmente.


Arlindo Piriscas



VB. Bom-Dia Arlindo,já tinha tido conhecimento que não andavas muito bem,mas como mais nada me disseram fiquei a aguardar melhores notícias.Hoje sim,cá estás com boas novas para todos nós.
Pois fico a aguardar pela tua visita por aqui ou Coimbra.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

PROGRAMA DO ÚLTIMO ADEUS.

338- A Derradeira Homenagem


Cerimónia de homenagem aos militares mortos em combate em África e ali sepultados 26 de Julho de 2008 Lisboa, Tancos, Cadima, Castro Verde e Caxinas União Portuguesa de Pára-quedistas





Programa detalhado: Lisboa, 10h00: Concentração seguida de Missa na Igreja da Força Aérea em S. Domingos de Benfica, na presença dos restos mortais dos 3 Soldados Pára-quedistas mortos em Guidaje e recentemente trasladados para Portugal. Celebra a eucaristia D. Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas e de Segurança, coadjuvado por vários antigos Capelães Pára-quedistas. Estarão presentes delegações de diversas Associações de Pára-quedistas de todo o país e altas entidades civis e militares.





Terminada a missa os restos mortais sairão em direcção à Base Aérea n.º1 (Sintra), onde embarcarão numa aeronave da Força Aérea Portuguesa que os transportará para o Aeródromo Militar de Tancos, frente à Escola de Tropas Pára-quedistas.
A descolagem da aeronave não é imediata de modo a estar apenas em Tancos na hora prevista. Tancos, 14h00: Momentos antes das 14h00 chega à Porta de Armas da Escola de Tropas Pára-quedistas a viatura com as três urnas e dar-se-á inicio ao “Último Adeus dos Pára-quedistas”, junto ao Monumentos aos Mortos em Combate.
Será lida uma descrição da emboscada onde morreram 4 militares pára-quedistas, entre os quais estes 3. O 4º, Soldado António Melo, ficou ferido na emboscada mas veio a falecer mais tarde em Bissau tendo por isso sido repatriado nessa altura.
Terminada a cerimónia, cerca das 14h30, sairão de Tancos em direcção a Cadima, Castro Verde e Caxinas, três carros funerários, cada um com as respectivas urnas, acompanhados pelas Famílias e demais pessoas que o queiram fazer.
Nas localidades de origem os funerais serão realizados de acordo com as instruções das Famílias, havendo em todos Guardas de Honra prestadas pelas Unidades Pára-quedistas e estarão presentes representantes oficiais destas mesmas unidades e das Associações de Pára-quedistas das respectivas regiões.



Cadima (Cantanhede), 17h00: Funeral do Soldado Pára-quedista José Lourenço




Soldado Pára-Quedista MANUEL DA SILVA PEIXOTO Nasceu a 24 de Janeiro de 1951 em Caxinas, Freguesia de Gião, Concelho de Vila do Conde, distrito do Porto. Foi incorporado em 29 de Maio de 1970, como voluntário, no Regimento de Caçadores Pára-quedistas em Tancos. Concluiu o Curso de Pára-quedismo Militar em 2 de Julho de 1971. Foi colocado no Batalhão de Caçadores Pára-quedistas n.º 12 em Bissalanca na Guiné, em 15 de Janeiro de 1972. Morreu em combate no dia 23 de Maio de 1973 nos arredores de Guidage, tinha 22 anos.







Castro Verde, 18h00: Funeral do Soldado Pára-quedista António Vitoriano


Soldado Pára-quedista ANTÓNIO NEVES VITORIANO Nasceu a 14 de Fevereiro de 1952 na Freguesia e Concelho de Casto Verde, Distrito de Beja. Foi incorporado em 26 de Janeiro de 1972, como voluntário, no Regimento de Caçadores Pára-quedistas em Tancos. Concluiu o Curso de Pára-quedismo Militar em 15 de Julho de 1972. Foi colocado no Batalhão de Caçadores Pára-quedistas n.º 12 em Bissalanca na Guiné. Morreu em combate no dia 23 de Maio de 1973 nos arredores de Guidage, tinha 21 anos.




Caxinas (Vila do Conde), 19h00: Funeral do Soldado Pára-quedista Manuel Peixoto




Soldado Pára-quedista JOSÉ DE JESUS LOURENÇO Nasceu a 20 de Julho de 1953 na Freguesia de Cadima, Concelho de Cantanhede, Distrito de Coimbra. Foi incorporado em 26 de Fevereiro de 1972, como voluntário, no Regimento de Caçadores Pára-quedistas em Tancos. Concluiu o Curso de Pára-quedismo Militar em 2 de Julho de 1972. Foi colocado no Batalhão de Caçadores Pára-quedistas n.º 12 em Bissalanca na Guiné. Morreu em combate no dia 23 de Maio de 1973 nos arredores de Guidage, tinha 19 anos.
A EMBOSCADA.
Em Maio de 1973 a guarnição militar de Guidage, no Norte da então Guiné Portuguesa mesmo sobre a fronteira com a República do Senegal, estava sob pressão dos guerrilheiros do PAIGC, e necessitava ser reabastecida.
A Companhia de Caçadores Pára-quedistas 121, do Batalhão de Caçadores Pára-quedistas n.º 12 (BCP 12) que operava na Guiné, foi destacada para escoltar uma coluna de socorro à guarnição cercada.
Partindo de Binta na margem norte do rio Cacheu esta coluna tinha que chegar urgentemente a Guidaje.
A guarnição estava sob constantes ataques do PAIGC e temia-se a sua ocupação.
No decurso do deslocamento em direcção a Guidage, a CCP121 foi emboscada e sofreu de imediato 4 baixas. A companhia reagiu ao violento ataque, pediu apoio aéreo, os Fiats ajudaram a neutralizar o inimigo.
A marcha em socorro de Guidage continuou, com os “páras” a transportar 2 mortos e 2 feridos graves.
Um, o Peixoto, chegaria morto ao aquartelamento mas o António Melo ainda foi evacuado de helicóptero, em condições de elevado risco para a aeronave, vindo a falecer já em Bissau. Cemitério de campanha em Guidage Chegada a 121 a Guidage passa a colaborar na defesa da guarnição mas constatou-se que havia interdição aérea na região.
O PAIGC já havia abatido três aeronaves portuguesas na zona, o que impediu a evacuação dos pára-quedistas mortos.
Não puderam assim ser entregues às Famílias como era hábito para todos os pára-quedistas mortos em combate.
Por ordem médica, face às condições do clima e fruto da indisponibilidade de meios de conservação dos corpos, efectuou-se o seu enterro, com honras militares, no cemitério de campanha do quartel, juntamente com outros militares mortos na defesa de Guidage.
Mais tarde quando a situação na região serenou o comando do BCP 12 tentou recuperar os corpos para os entregar às Famílias.
Tal não foi autorizado pois a legislação então vigente obrigava a um período de 7 anos para que um cadáver pudesse ser levantado. As Famílias foram deste facto informadas pelo comando do batalhão e a guarnição de Guidage, a pedido do BCP elaborou um mapa do local onde se situava o cemitério de campanha.
Foram feitas cópias deste documento – que se veio a tornar indispensável passados 35 anos – e guardadas nos arquivos do BCP 12 e no processo individual de cada um dos militares pára-quedistas ali enterrados.
Terminada a guerra em 1974 deu-se a independência da Guiné-Bissau e fruto das condições políticas do período que se seguiu, qualquer tentativa de recuperar os corpos era impossível de concretizar.
Acrescia a situação de insegurança quase permanente na região fronteiriça com o Senegal, ou por disputas fronteiriças com a Guiné-Bissau, ou pela insegurança causada naquela área pela guerrilha do Casamance.
Nunca os pára-quedistas esqueceram este episódio da sua História e sempre esteve presente para muitos o resgate dos corpos dos seus camaradas, sendo certo que a decisão última caberia às respectivas Famílias.
Anos de impasse Entretanto, em 1985, o Governo Português encarrega a Liga dos Combatentes de exumar e concentrar em alguns cemitérios, em África, os restos mortais de todos os militares ali falecidos no decorrer da guerra ultramarina e que estão dispersos por centenas de locais.
De acordo com as mesmas disposições governamentais, no caso de as Famílias desejarem efectuar a transladação dos restos mortais para Portugal, bem como o seu funeral, estas operações terão que ser promovidas e custeadas pelas próprias famílias.
Por volta de 1996 começa a surgir um movimento de antigos pára-quedistas, com o acordo das Famílias dos soldados Lourenço, Peixoto e Vitoriano, que se propõe obter através de um peditório nacional os fundos necessários para tentar resgatar os corpos dos camaradas mortos e enterrados na Guiné-Bissau. Preparação da missão à Guiné-Bissau A União Portuguesa de Pára-quedistas (UPP) toma conhecimento deste assunto e tendo o entendimento que não caberia às Famílias custear o regresso dos seus entes queridos e também que a figura do “peditório” não era a mais adequada, decide custear ela todo o processo. A UPP começou de imediato a planificar a parte mais complexa, a operação de exumação a efectuar em Guidage, e a procurar os meios financeiros para a realizar, que se estimavam em 60.000 Euros.
A este valor havia ainda que acrescentar as despesas de transladação para Portugal bem como a dos funerais e a realização de análises para eventual identificação dos restos mortais. Logo que conseguiu assegurar o financiamento da operação, a UPP pediu uma reunião com a Direcção da Liga dos Combatentes, na qual manifestou o desejo de realizar aquela operação tão breve quanto possível.
A UPP afirmou ainda dispor dos meios humanos, materiais e financeiros para a realizar, e querer efectuá-la no âmbito do mandato que o Governo Português havia atribuído à Liga dos Combatentes.
A UPP pediu assim à Liga que, no âmbito do mandato que esta recebera do Governo, lhe fosse dada cobertura política para a acção que estava planeando para Guidage.
A Liga dos Combatentes, que entretanto já tinha reunido toda a informação relativa aos locais onde haviam sido inumados militares portugueses em África, manifestou grande abertura ao pedido da UPP, decidindo ser ela própria a executar a operação, bem como a suportar os seus custos.
O planeamento foi iniciado de imediato, bem como foram logo constituídas duas equipas para actuarem no terreno: Uma Equipa de Missão, destinada a criar no terreno as condições necessárias para a actuação da Equipa Técnica, constituída por três antigos militares pára-quedistas que participaram nas operações na região em 1973, a que se juntou um militar do Exército que havia servido no quartel de Guidage.
E uma Equipa Técnica, do Departamento de Antropologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra e do Instituto de Medicina Legal, destinada a fazer a exumação e a identificação dos restos mortais.
Juntou-se no local para ajudar às escavações uma firma de Bissau contratada pela Liga dos Combatentes.
A recuperação dos corpos em Guidage A missão de recuperação dos corpos decorreu em Março de 2008 com o apoio das autoridades da Guiné-Bissau, do Adido de Defesa e da Missão de Cooperação Técnico-Militar Portuguesa no país e sobretudo de um pequeno mas dinâmico grupo de antigos militares pára-quedistas portugueses que ali residem.
A missão decorreu durante 2 semanas, sendo a primeira dedicada à preparação das condições logísticas, localização do cemitério e escavações até determinado nível abaixo do solo. A segunda semana foi dedicada à exumação e identificação dos restos mortais.
Fruto da localização do cemitério de campanha – hoje terreno completamente irreconhecível – ter sido bem assinalada no mapa feito em 1973, bem como dos equipamentos geo-radar de que a equipa técnica dispunha, foi possível ao fim de três dias de trabalho árduo mas muito meticuloso, dar por concluída a exumação.
No decorrer dos trabalhos de campo a Equipa Técnica conseguiu identificar os restos mortais dos três pára-quedistas pois tinha deles elementos suficientes para tal.
Mas não conseguiu com os outros militares pois não lhe tinham sido fornecidos elementos suficientes para essa identificação.
A razão para esta diferença quanto à disponibilidade dos elementos de identificação foi que, estando as Famílias do militares Pára-quedistas já alertadas para a operação, não havia o risco de as ferir com as suas recordações e esses elementos foram obtidos.
O mesmo não acontecia com as Famílias dos outros militares, que não tinham conhecimento de nada.
Como a UPP não sabia se a operação iria ter êxito, decidiu não lhes pedir nenhuns elementos identificativos a fim de não lhes recordar mágoas passadas.
Transladação para Portugal A UPP desde o primeiro momento decidiu colocar em plano de igualdade todos os militares enterrados em Guidage e transladar e fazer os funerais não apenas dos páraquedistas mas também de todos os outros cujas Famílias o desejassem.
Dado que dos dez militares portugueses ali sepultados dois eram naturais da Guiné, a questão da transladação para Portugal punha-se seguramente para os três Pára-quedistas e possivelmente também para mais cinco militares.
Logo que terminada a missão, a UPP informou as cinco Famílias daqueles militares dos seus resultados e perguntou se desejavam a transladação do seu familiar.
Das cinco Famílias consultadas houve três que manifestaram o desejo de que tal se efectuasse. Entretanto as amostras dos militares exumados têm estado a ser analisadas no Instituto de Medicina Legal a fim de se poder confirmar as identidades.
A demora na identificação dos três militares do Exército e a pressão das Famílias dos Pára-quedistas levaram a UPP a fazer os funerais em separado.
Agora os dos três páraquedistas, já identificados, e os dos três outros militares logo que concluídas as suas identificações.
Chegada a Portugal Em 4 de Julho último pelas 21h30 num avião da TAP - Air Portugal proveniente de Bissau, chegaram a Portugal os restos mortais dos Soldados Pára-quedistas Lourenço, Peixoto e Vitoriano. Transportadas as urnas para o Aeródromo de Trânsito N.º 1 (Aeroporto Militar de Lisboa no Figo Maduro), decorreu um momento propositadamente resguardado e ao qual estiveram presentes apenas alguns familiares, representantes dos antigos combatentes e das actuais unidades pára-quedistas. As urnas foram posteriormente transferidas para a Igreja da Força Aérea em S. Domingos de Benfica (Lisboa), onde já se deslocaram familiares dos falecidos.
Desde o dia 4 de Julho que estão a ser tratados os normais trâmites legais para se proceder aos funerais que terão lugar, como referido no programa detalhado, em 26 de Julho de 2008.
Estes soldados, pelo sacrifício da própria vida, já tinham entrado na História das Tropas Pára-quedistas, da Força Aérea e das Forças Armadas Portuguesas.
A partir de agora esse facto fica reforçado pois são os últimos pára-quedistas mortos em combate a serem devolvidos às suas famílias, mas também os primeiros militares portugueses sepultados em África que regressam à Pátria.
Apoios No decorrer de todo este processo a UPP sentiu o apoio interessado e mesmo de orgulho patriótico de todas, e foram muitas, as entidades e pessoas com quem teve de contactar.
E não pode deixar em claro o facto de o transporte aéreo das urnas de Bissau para Lisboa e os funerais desde Lisboa para os locais de nascimento dos seis militares exumados em Guidage, serem graciosamente feitos respectivamente pela TAP – Air Portugal e pela ANEL – Associação Nacional de Empresas Lutuosas.









































MAIS UMA VEZ O TOQUE DO SILÊNCIO.



337-António Correia
Ex-2º Sargº.MMA 1ª/69 Guiné
Mem Martins


Victor,
hoje venho à "Linha da Frente" para dar um passo em frente e dizer assino por baixo o Texto do Companheiro Luís Alves Fraga, bem como o teu post, penso estar ali bem patente o pensamento dos ex-combatentes, com frontalidade e sem medo das palavras.

Obrigado aos dois, aquele abraço para todos.


António Correia

terça-feira, 22 de julho de 2008

UMA VEZ MAIS O TOQUE A SILÊNCIO.

336-Luís Alves Fraga
Coronel (Reserva) FAP
Lisboa





No dia 26 de Julho, na Igreja da Força Aérea, em S. Domingos de Benfica, pelas 10 horas, vão ser homenageados os militares portugueses mortos, de armas na mão, em terras de África e cujos corpos por lá ficaram sepultados nas matas distantes.
Esta homenagem genérica corporiza-se agora perante os restos mortais de três soldados pára-quedistas que foram exumados do solo da Guiné-Bissau, mortos em 1973. Vão, finalmente, repousar nas suas terras natais, depois de uma longa ausência de 35 anos!
Estes são os primeiros de muitos que por lá jazem já nem se sabe onde ao certo.
Ao mesmo tempo que nos honra a nós militares o regresso à terra de onde partiram estes três soldados que derramaram o seu sangue e entregaram a vida por uma causa e numa guerra da qual foram vítimas inocentes, este regresso é, também, uma mancha escura na História que os políticos do pós Abril de 1974 quiseram escrever. É uma mancha bem escura, porque mostra o desprezo de que quem nos governa por todos os que sacrificaram o último sopro de vida de armas na mão, em guerra, servindo Portugal.
Que não apareçam na igreja de S. Domingos de Benfica, no dia 26 de Julho, os senhores ministros, porque vão com a sua presença macular um momento sagrado dos militares. Vão macular, pois a estarem presentes, sabemo-lo, será numa atitude eleiçoeira e hipócrita já que nada representa no meio de actos que têm cerceado direitos adquiridos quando por África afirmávamos, cada um no seu posto e da maneira que lhe era exigida, a vontade de tudo sacrificarmos numa guerra que não pedimos. Em nome de equilíbrios orçamentais e de saneamentos financeiros amputaram-nos de parcos direitos… Não venham agora os senhores ministros conspurcar os nossos sentimentos, o nosso orgulho, a nossa tristeza! Eles são homens de muitas caras; nós só temos uma e orgulhamo-nos de saber manter os olhos levantados para ideais nobres e dignos que estão muito para além e muito para cima do horizonte dos políticos.

VB:Este texto do nosso Companheiro Luís Fraga,foi extraído do seu Blog "Fio de Prumo".
A sua leitura,por nós ex-combatentes,deixa-nos feliz com toda a exactidão de sentimentos e frontalidade para com aqueles nutrem um total desprezo por quem perdeu os seus filhos sem saber porque. Obrigado Companheiro Luís Fraga pela tua continuidade de preservares o direito verdade.

ALOÇO CONVÍVIO DA POLÍCIA AÉREA.

335-Almoço dos Companheiros da Polícia Aérea

Solicitam-nos estes nossos Companheiros para que divulgue-mos o seu almoço convívio.
Queremos desde já fazer um apelo a todo o pessoal FAP,em particular,aqueles que serviram
a Polícia Aérea,que façam deste dia uma jornada daquelas que nos foram ministradas na FAP,grande convívio e sã camaradagem.




ALMOÇO CONVÍVIO


Informamos que o próximo almoço convívio anual, no seguimento dos anteriores realizados na BA1 e do 1º encontro Nacional realizado o ano passado (passando a ser o mesmo), terá lugar na BA6 em 19 de Outubro..

Será para todos os PA´s e ex-PA´s e respectivas famílias caso as queiram levar.
Vamos tentar levar a cabo algumas actividades como por ex. demonstração cinófila e baptismo em viaturas blindadas (para as crianças).


O preço rondará os 22 euros, e o pagamento irá ser por transferência bancária ou vale..

O limite de inscrições será de 150 e terão de ser efectuadas até 20 Setembro.

Consultem o nosso BLOG onde têm todas as informações. http://policia-aerea.blogspot.com/

OS NOSSOS BOEING'S.

334-Carlos Robalo
Espª. MMA Guiné
Setúbal

Bonita foto que nos envia o Carlos Robalo,de dentro de um Dakota (C-47),faz uma fotografia no momento em que o Boeing B707 8801,alinhava na pista para a descolagem.





Companheiro Victor
Procurando no meu arquivo/foto encontrei esta bela imagem tirada de dentro do C-47 .
Pronto a descolar em Bissalanca.
Um abraço ESPECIAL.

Crobalo

AINDA OS BOEING DA FAP...AGORA NA FAI.

333-Arnaldo Sousa
Espª.MMA Guiné
Lisboa



Este nosso Companheiro,Arnaldo trouxe a este espaço um artigo sobre os Boeing's que em tempos foram da nossa FAP, que como já observaram,suscitou o interesse geral,uns contando episódios passados nas em viagens outros recorrendo do seu álbum de fotos para divulgar algumas inéditas.
Como já se aperceberam,as aeronaves depois de terem sido vendidas à TAP,foram posteriormente vendidas por esta operadora nacional à FAI (Força Aérea Italiana).



O Cokpit do Boeing - 707


O Boeing B 707, ex-8801 ou 8802, já pertença da FAI em solo italiano.


O Boeing B-707 ex-8801 ou 8802 agora a exercer a função de abastecedor de aeronaves em voo.

Depois de alguns anos a transportar homens para e da Guerra Colonial,alguns feridos outros mortos,os nossos Boeing's,que tanto "ronco" nos fazia quando aterrava em Bissalanca,é agora um "simples"abastecedor de combustível. As voltas que o mundo dá!