sexta-feira, 20 de junho de 2008

A IDA PARA O OTA NO LONGÍNQUO ANO DE 1979.


274-João Carlos Sousa Silva
Ex-Esp.MMA 2ª/79 BA4,BA6
Sobreda



Companheiro Víctor,
Caso entendas publicar, aqui envio algumas lembranças da minha entrada para aspirante a Especialista da FAP. Envio também fotografia tirada na parada da OTA quando da entrega das divisas, após o juramento de bandeira em Agosto de 1979.
Finalmente tinha chegado o dia da tão ansiada viagem para a Ota. Encontrei-me com alguns companheiros na Praça Duque de Saldanha, em Lisboa (se me recordo bem, havia greve nos comboios), onde apanhámos a camioneta para a Ota no dia 6 de Junho de 1979 (está bem, eu sei que foi só há 29 anos!). Anteriormente, já tinha ido ver "o aspecto" com os meus pais (sempre preocupados, e hoje entendo-os melhor pois a minha filha mais nova tem os mesmos 17 anos que eu tinha), passando discretamente pela porta de armas.
Aquela recta da estrada nacional até à porta de armas, mesmo agora no encontro da AEFA de 2008, parece que tem algo de Especial. Ou é impressão minha ?
O primeiro dia foi de descoberta dos companheiros, ambiente e espaço, antes de sermos conduzidos à entrega da farda. Depois de a experimentar, fiquei com a sensação de que tudo era grande, felizmente o meu avô materno era alfaiate, e especialmente as botas eram enormes (não sei se era porque na altura os sapatos eram bicudos). Afortunadamente e excepcionalmente, ao receber a farda havia alguns sapatos excedentes de recrutas anteriores, dependia do número dos mesmos e eu fui um dos felizes contemplados (sempre eram mais pequenos do que as botas). Como é lógico, rapidamente fomos proibidos de os utilizar até ao fim da especialidade, pois não íamos em formatura até às aulas como se de uma "passagem de modelos" se tratasse, especialmente porque a maioria não teve direito aos tais "elegantes" sapatos. A farda era igual para todos, nós éramos todos iguais e candidatos a Especialistas.
Neste dia inicial, em que havia ainda algum tempo livre, encontrei o "Manel", meu vizinho também no Campo de Santana e que estava a cumprir o serviço militar obrigatório como 1º Cabo SG. Como o "Manel" era o responsável pelo bar da recruta, abriu excepcionalmente o espaço para que eu, o Luizinho e um seu conterrâneo pudéssemos "descansar" um bocado com uma "jogatana" de sueca. Posteriormente, durante a recruta servia as melhores "bicas" da região (ou "cimbalino", ou simplesmente café). Durante a recruta o "Manel" acompanhou-nos sempre, pois tocava caixa ou bombo nas ordens unidas e quando estava de serviço brindava sempre a minha camarata com o toque de alvorada, mas no interior da dita onde infelizmente o efeito do clarim era bastante ampliado.
Bom, como nunca me tinha visto metido nessas andanças estava um pouco perdido, no entanto o Luizinho com a experiência do IPE, já me estava a chamar depois de ter reservado os 2 melhores lugares da camarata.
Saudações Especiais a todos os Companheiros e Visitantes da Tertúlia da Linha da Frente,
O "Pira" da Tertúlia,
João Carlos Silva




O João na parada da Base Aérea 2,Ota quando da entrega dos "galões",após o juramento de bandeira em Agosto de 1979.

VB. Bom-Dia Companheiro "Pira",nunca mais chega outro para o deixares de ser!...
Pois é João,a imponência daquela recta é realmente uma imagem que nós visionamos em qualquer parte do mundo. Não é do teu tempo,(piu-piu)mas assim que deixávamos a EN 1 e entravamos naquela recta,os nossos olhos só viam Tomazes e Noronhas!